domingo, 29 de janeiro de 2012

Economia, Política e Sociedade - de Portugal à Europa e à CGTP...

Na passada 3ªfeira, o Wall Street Journal escrevia, na página 5, que um segundo "resgate" da dívida era o desenvolvimento mais provável para a economia portuguesa. Citando o ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, em declarações sobre o facto das medidas de austeridade não dependerem exclusivamente do desempenho nacional relativamente aos compromissos internacionais assumidos, o artigo foi ilustrado com uma imagem dos conflitos que marcaram a última manifestação pública dos "indignados" em Lisboa, cuja legenda assinalava, na iniciativa, a presença de um grupo de extrema-direita. Referindo que as palavras de Christine Lagarde, do FMI, esclarecem o curso da economia da zona euro (apesar das palavras do Primeiro-Ministro Passos Coelho sobre o estado do país que "não precisa de mais dinheiro"), o texto continuava numa expressiva configuração da imagem real da crise aos olhos dos investidores e, obviamente, dos mercados... no dia seguinte, 4ªfeira,  os noticiários, na Finlândia, abriram com destaque para a afirmação do risco de diminuição do rating da Espanha, Itália, Bélgica, Eslovénia e Chipre (ler aqui), para, em seguida, a televisão finlandesa transmitir, com um imenso e variado número de depoimentos directos, uma reportagem impressionante sobre a pobreza na Irlanda onde jovens, idosos e adultos em idade activa assumiam, entre expressões de medo e de revolta, a insustentabilidade económica e social do desemprego e das medidas de austeridade, ilustrada com imagens de um significativo número de "novos sem-abrigo"... Contudo, apesar de todos os sinais e de todas as evidências, a orientação política europeia persiste, incapaz de encontrar respostas sérias à situação explosiva que, diariamente, cresce no "velho continente" - como o comprovam as previsões da próxima reunião de líderes (ler aqui)... por tudo isto, a devolução da esperança e da confiança aos cidadãos encontra-se reduzida à capacidade que as organizações cívicas e sindicais tiverem de definir e apresentar propostas eficazes e alternativas, vocacionadas para a revitalização económica e capazes de mobilizarem as pessoas para a defesa do direito ao trabalho e à dignidade social, no quadro dos direitos dos trabalhadores que não podem, nem devem!, continuar a ser hipotecados - designadamente porque está mais que provado que não é aí que reside qualquer hipótese de solução para a crise (a este propósito vale a pena acompanhar o desenvolvimento da Carta Reivindicativa da nova liderança da CGTP). 

3 comentários:

  1. Só não vê quem não quer.
    Eles comem tudo e pagam-se à grande. Os sacrifícios são apenas para alguns.
    Afinal não era o Sócrates que nos punha a pão e água, mas estes senhores armados em sorridentes

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  2. É um oportuno alerta, num momento em que da CGTP só se faz conversa marginal. Amanhã, a imprensa (de referência)não sei se falará disto, pois estará fora da agenda dos media. Obrigado Paula.

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  3. Sou eu quem vos agradece, caros amigos, Luís e Rogério :)
    Um abraço.

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