sexta-feira, 26 de junho de 2009

Medina Carreira como ponto de partida...

Desculpem... não, não se trata de discutir os pressupostos ou a estratégia de indução político-partidária da argumentação de Medina Carreira... trata-se de todos mas, mesmo todos, termos a coragem de encarar a argumentação que nos apresenta - como o acabou de fazer, hoje, dia 26 de Junho, no Jornal da Noite da SicNotícias - como um ponto de partida válido para pensar a Economia em Portugal... porque a "fuga à realidade" não é, seguramente!, o caminho útil ou sequer, minimamente recomendável, para o país e para a vida dos cidadãos... aliás, "ser de esquerda", hoje, é, antes de mais, encarar, debater e pensar a realidade... para criar soluções indispensáveis à acção... de facto, sem sombra de dúvidas, sem aparelho produtivo todos os caminhos são atalhos para um beco de que, há muito, pretendemos "fugir"... e uma esquerda séria e responsável não foge... enfrenta e luta, com a coragem de não se "refugiar" na demagogia. Ocorre-me o título, feliz, de Sartre: "Os dados estão lançados"!... trata-se agora de conhecer, dominar e vencer o jogo... que, assuma-se!, não é "a feijões"... é, isso sim, um jogo em que se decide, de facto, a sobrevivência!... da sociedade e da democracia!

4 comentários:

  1. Excelente ponto!
    A primeira questão é: como recuperar, então, o aparelho produtivo, se ele é nacional? Como recuperar a soberania alimentar?... Que fazer com a PAC e com o mercado europeu de produtos agrícolas? E as perguntas suceder-se-iam até à exaustão dos argumentos. O princípio da realidade - que é o exacerbado realismo naturalista próprio da condição alienada que nos é imposta - diria que é inviável querer recuperar os instrumentos de uma economia nacional. A Europa é uma bota que não se descalça. Um adquirido. Mas por esta ordem de ideias não vale a pena lutar por princípios justos. Na verdade, a existência vergonhosa da fome e da doença numa vastíssima parte dos membros da família humana já nos é indiferente e nem nos lembramos disso, mas os números são devastadores. Injustiças do destino? Nunca! Todos somos responsáveis, mas externalizamos os custos dessa responsabilidade, por comodismo aferido libidinalmente em termos de custo-benefício...
    Como é que as massas poderiam alguma vez abdicar do consumo de centenas de milhar de alimentos importados? E se não houvesse mega-superfícies e estruturas de distribuição? Se os transportes fossem reduzidos... Sobretudo agora, que as alternativas ao petróleo começam a aparecer...
    Como organizar as megalópolis, os bairros... devolvendo-lhes sistemas inovadores de produção agrícola, trazendo hortas para dentro das cidades e avançando progressiva e mais decididamente contra a proliferação de automóveis. A cidade deverá instaurar sistemas de transportes públicos e tornar-se mais verde...
    Enfim...

    Obrigado!

    Francisco Oneto

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  2. Perfeito, Francisco! Obrigado por dizer tudo, tão clara e explicitamente como o meu não-dito respirava... ainda não cheguei aos post's sobre "a construção social da esperança"... espero que me permita que transfira para domingo esta intença de escrita... tenho escrito "a correr" (como estou certa que já percebeu), por falta de tempo e excesso de trabalho... há fases absolutamente
    "submergentes"... Obrigado pela compreensão cúmplice e solidária. Um abraço.

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  3. Cara Profª,

    O Medina Carreira é a maior "Cassandra" da "comentarice" nacional...e tudo porque o Guterres não lhe respondeu no tempo que ele desejava a uma carta...agora anda lá pelos economistas da direita e do PSD...
    Leia o Oneto e pense que é inviável e desastroso querer sair da UE, ou agir como se tal fora possível...
    Cumprimentos.

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  4. Caro Sokinus,

    Independentemente do que se pensa, sabe ou deduz do que dis Medina Carreira, a Economia não pode ignorar que a inexistência de aparelhos produtivos nacionais é indispensável à sobrevivência social... como veremos, esta é uma realidade a que a União Europeia não terá como "escapar"... sob pena de se "desmoronar"... por isso, resta à política europeia uma das duas opções: deixar sucumbir a afinal precária solidez das sociedades que a integram ou enfrentar, de frente, o problema... no fundo, estamos perante uma questão de coragem política... duvidamos que demore a ser assumida?... que, quando o fôr, seja tarde demais?... pensar o problema é, no caso, uma forma de evitar uma morte anunciada...

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