No passado dia 16, foi Dia Internacional da Tolerância e no Crónicas do Rochedo foi lançado um repto de celebração simbólica que consiste em responder, sinceramente, a 3 perguntas... Considerando os tempos que correm e a cada vez maior relevância da diversidade na sociedade multicultural e multiétnica em que vivemos, aqui fica o contributo do A Nossa Candeia:
1 -O que significa ser Tolerante?
Ser tolerante significa ser capaz de respeitar crenças, valores, atitudes e práticas diferentes das que a nossa cultura configura no conjunto de opções de vida que enquadram as nossas decisões.
2 - Em que tipo de situações tenho dificuldades em praticar a Tolerância?
Tenho dificuldades em praticar a Tolerância perante a injustiça e a crueldade conscientes e intencionais, perante o dogmatismo mas, acima de tudo, sempre que estão em causa Direitos Humanos...
3 - Tolerância será abrir mão das próprias convicções?
Não. As convicções individuais que participam da identidade do que somos e do que escolhemos ser, persistem na exacta medida da nossa determinação em as afirmar, enquanto expressão auto-regulada da nossa existência... neste sentido, a Tolerância é uma aprendizagem a que as próprias convicções devem ser sensíveis porque, mais do que qualquer outra coisa, é o exercício da Tolerância que as legitima.
As 3 perguntas devem agora ser transmitidas aos que reconhecem a importância desta reflexão... vão ver que não é tão simples como parece mas, posso dizer-vos que o resultado deste pequeno esforço é gratificante, principalmente pelo tempo que dedicamos ao pensar sobre o assunto, no contexto da nossa própria auto-avaliação. Desejo-vos uma boa experiência!
Quanto mais não seja porque obriga a um re-olhar para os conceitos e, fundamentalmente, para dentro de nós próprios, para as nossas verdades insofismáveis.Poderá ser um jogo "perigoso" na medida em que nos pode confrontar com as nossas próprias incoerências mas gratificante no resultado se tal conduzir à reformulação dos tais conceitos ou a uma melhor limpidez do ideário pessoal.
ResponderEliminarJá me começou a obrigar a pensar sobre o assunto...
Está a ver ?
Um abraço.
Completamente de acordo, T.Mike... pode ser de facto um jogo "perigoso" entre as nossas verdades "a priori" e as situações que, entretanto, nos podem ocorrer, como factos ou possibilidade... mas, talvez por isso mesmo, valha a pena! Obrigado, meu amigo. Espero que a sua reflexão se multiplique por muitas, muitas mais :)
ResponderEliminarUm abraço.
Obrigado por te aceite o desafio, Ana Paula. Não posso deixar de concordar com a sua reflexão.
ResponderEliminarObrigado por ter aceite o desafio, Ana Paula. Não posso deixar de concordar com a sua reflexão.
ResponderEliminarOlá Ana,
ResponderEliminarEste post, mais do que uma reflexão, atesta uma singular atenção à diferença. Não posso cessar, também, de pensar um pouco sobre estas questões. A meu ver as respostas às questões 2 e 3 "resultam", de certo modo, da resposta à primeira. Ou seja, tudo depende de que "sentido" de tolerância estamos a falar: 1- Do sentido comum (aceitar, admitir, suportar – algo); 2- Do sentido depreciativo (tolerar algo mesmo que descontente, contrariada/o ); 3- Do sentido moral ou político (sendo capaz "(...)de respeitar crenças, valores, atitudes e práticas diferentes das que a nossa cultura(...)")? 4- De um certo sentido filosófico (uma tolerância como princípio da razão)?
Estas questões são tão imensas que, um comentário, não passa de uma pequena partilha. Todavia, na minha opinião,o grande problema coloca-se na dificuldade de reconhecer (se é que é possível) os limites da tolerância. Como é que se tolera o intolerável?
Realmente pode ser "um jogo perigoso", mas necessário. Grande Abraço.
Não pude deixar de responder ao vosso repto e aqui vão as minhas respostas
ResponderEliminarO que significa ser Tolerante?
Olhar para os outros sem juízo de valores. Vê-lo com as suas diferenças e aceitando-as na sua plenitude.
Em que tipo de situações tenho dificuldades em praticar a Tolerância?
Quando esta gera violência física ou psicológica.
Tolerância será abrir mão das próprias convicções?
Nunca. Mas sabendo sempre escutar as convicções alheais.
Mas quero deixar aqui também uma nota…
Os que pensam nestas coisas tem sempre tendência a ser tolerantes com os grandes males do mundo e com gente que muitas vezes se encontra do outro lado do globo, mas esquecemo-nos muitas vezes de ser tolerantes com os que nos rodeiam, com os amigos, os pais, os irmãos, os filhos ou os companheiros.
A base da tolerância e o seu fortalecimento começa exactamente ai, no nosso ciclo mais restrito e só depois se pode estender, caso contrario é só mais uma teoria que muitas vezes não se coloca em pratica.
Lurdes
Voltaire continua nesta matéria sendo muito actual
ResponderEliminarabraço
JMCPinto
Eu tenho também muita dificuldade em tolerar exactamente as mesmas coisas que enuncia, tornando-me até bastante agressiva, quando vejo maus tratos aos mais indefesos. Nunca, penso eu, partiria para a violência física, mas tenho de confessar que quando se trata de crianças, animais ou velhinhos, me dá cá uns calores que já por várias vezes, me apeteceu chegar a vias de facto! Mas de resto, penso ser tolerante :))... apesar de barafustar bastante, com o que está mal, ou seja, sou uma antítese e não consigo saír disto. Talvez ignorar fosse mais fácil, mas não consigo. As pessoas às vezes são tão más. Eu leio e volto a ler os ensinamentos de S.S.Dalai Lama, infelizmente não consigo ser tão perfeita como ser humano, o que me deixa triste.
ResponderEliminarUma das coisas que mais me incomoda é a maldade praticada ao mais alto nível, como os "Senhores do Mundo", que deixam morrer à fome as crianças em África, ou outros pontos do globo, mas vão lá buscar o petróleo, o coltan, o ouro, os diamantes, a mão de obra barata, enfim. Patrocinam guerras... aí é quando mais barafusto. Barafusto quando abusam do poder para maltratar os mais fracos.
Desculpe não responder ponto por ponto, mas costumo respeitar as ideologias dos outros, mesmo não as compreendedo. Considero-me uma boa ouvinte, seja para quem for. Se assim me consideram também e acho que sim, é porque sou tolerante, ou não serei? Debato-me constantemente com esta pergunta... uma tristeza por não saber. Quanto mais penso, menos sei...
Deixo ao critério do Anjo na Terra... :)
Um beijinho de um grão de pó.
Quem agradece o desafio sou eu, Carlos. Abraço :)
ResponderEliminarObrigado, Jeune Dame pela boa reflexão aqui partilhada... é, de facto, tal como afirma: como tolerar o intolerável? é a grande questão que se nos coloca... que limites conceptuais podemos, legitimamente, impôr aos nossos critérios de avaliação e aos parâmetros da nossa capacidade de formular juízos?... o jogo, perigoso, pode "escorregar" para domínios menos desejáveis do que seria de esperar... daí a coragem e a urgência em rever, lucidamente, o que tão ligeiramente anunciamos como adquirido e que, afinal de contas, está ainda menos bem definido dentro de nós do que poderiamos, à primeira vista, pensar...
ResponderEliminarGrande abraço :)
Lurdes,
ResponderEliminarAlém das respostas que aqui partilhas, quero destacar a nota que acrescentas... porque, na verdade, constatamos hoje que o anúncio da tolerância na praça pública se não pratica na esfera do privado e do doméstico... de tal modo, que um inquérito europeu às práticas democráticas no seio da família confirmou que, designadamente em Portugal, a gestão participada das decisões é rara - e insuficiente ao ponto de se não poder considerar que o espírito democrático integra a dimensão educativa das crianças... com evidentes sequelas na percepção e prática da Tolerância... Grande abraço :)
JMCorreia Pinto,
ResponderEliminarObrigado pela referência... de facto, tudo tem limites e Voltaire deve continuar a ser um indicador de razoabilidade a não perder de vista para se evitarem demagogias populistas contraproducentes... encontrei aliás, há tempos, um texto que o seu comentário me fez evocar e que vou agora disponibilizar num breve post... obrigado!
Um grande abraço :)
Querida Fada do Bosque,
ResponderEliminarA Tolerância não implica o silêncio e a conivência... significa o respeito e a capacidade de debater e discutir, voltar de pernas para o ar os argumentos, ouvir, pensar e construir novas respostas... por isso, sei que a minha amiga é, de facto, Tolerante... e se a Tolerância cruza sempre os caminhos da Bondade, então, o barafustar das fadas é sempre uma forma de não permitir o conformismo com a injustiça e a crueldade... porque o que os ensinamentos do Dalai-Lama nos dizem é que o esforço coincide com o objectivo: enquanto nos esforçarmos estaremos, sempre, a fazer o melhor que nos é possível e, enquanto pensarmos, estaremos sempre a aperfeiçoar o melhor de nós... e esse é, felizmente, um caminho infindável que, pela sua dimensão justifica a grandeza latente do ser-se humano :)
Um beijinho sorridente e luminoso :)
Ana Paula Fitas
ResponderEliminarExcelente tema que tão bem abordou e que gerou um saudável diálogo. Mas a tolerância é um palavra muito perigosa, como aponta a Jeune Dame. Há limites da tolerância que não podem ser ultrapassados. Acho que a tolerância, como a liberdade, devem ser bem delimitadas: tal como a nossa liberdade deve acabar onde começa a liberdade do outros, a tolerância também deve acabar quando está em jogo prejudicar os mais indefesos, como já aqui se disse, e não só.
Até com os filhos, amigos, colegas, não podemos tolerar tudo. Tolerância a mais pode ser quase tão mau como nenhuma tolerância.
Um dos grandes males deste país e de muitos outros é a tolerância perante a corrupção.
Dito isto, é essencial tolerar modos de pensar diferentes dos nossos, desde que não sejam prejudiciais a outros seres.
Se eu fizer uma auto-análise sobre aquilo que penso do mundo que me rodeia, parece-me que sou mais intolerante que tolerante.
Beijos
Olá Manuela,
ResponderEliminarObrigado pela sinceridade contundente das suas palavras... que, aliás, deixo equacionadas no post "Ainda a Tolerância" publicado mais acima e cujo texto citado, da autoria de Leonardo Boff, corrobora os sentimentos e a razão do comentário que aqui, connosco, partilha. Beijos :)