A propósito do que escrevi num post recente (ler Aqui), muitos e muitas comentadoras vieram insurgir-se contra os considerandos apresentados, defendendo uns o nacionalismo radical e outros o pensamento de Angela Merkel enquadrando-o em discursos em falam em pluralismo cultural e religioso ... e, se até agora não publiquei tais comentários, a razão deve-se ao facto de ter decidido que o farei quando tiver tempo para responder sustentadamente aos que considero editáveis (já que, naturalmente!, neste espaço não promovo a divulgação de ideias que possam atentar, directa ou indirectamente, contra a defesa dos Direitos Humanos). Porém, este "preâmbulo" é apenas subsidiário relativamente ao que, neste momento, considero pertinente partilhar e que, recorrentemente, o justifica. Trata-se de uma notícia trazida hoje ao conhecimento público: Angela Merkel e Nicolas Sarkozy reclamam a revisão do Tratado de Lisboa 2m 2013. Objectivo: aumentar a pressão política sobre os limites e os custos do deficit de cada Estado-membro. Por outras palavras e independentemente dos países com economias mais fortes estarem, deste modo, a defender o seu próprio poder: as exigências da dupla Merkel-Sarkozy reeditam o conhecido Eixo Franco-Alemão (a história repete-se? - eis a questão que muitos colocarão), promovendo a mesma ideologia proteccionista que tanto condenaram em nome da liberdade do mercado e contrariando o princípio da solidariedade entre Estados-membros que subjaz à ideia fundadora do espaço comunitário europeu. Apesar de muita demagogia verbalizada (leia-se a título de exemplo o texto de Daniel Rosário no Correio Preto), esperemos que Parlamento Europeu e Comissão Europeia resistam ao braço-de-ferro que estes dois líderes agora protagonizam contra os restantes países da UE... de outro modo, pergunta-se: está ou não em causa a Europa Social? Faz ou não sentido interpretar as declarações e atitudes políticas dos líderes europeus como veículos ideológicos que se não esgotam nos assuntos que servem de pretexto para a sua enunciação (recordo não só as supra-citadas declarações alemãs sobre a multiculturalidade como a questão da população europeia de etnia cigana, ainda há pouco tão discutida e perseguida no espaço comum europeu)?
Para reforço da sua argumentação Angela Merkel afirma que é necessário mudar o Pacto de Estabilidade e Crescimento. Transcrevo a seguinte noticia a qual testemunha que Angela Merkel está a "disparar" em todas as direcções:
ResponderEliminarA Chanceler alemã avançou esta manhã aos deputados alemães que uma das mudanças deve permitir retirar o direito de voto aos países que não cumpram as regras orçamentais da União Europeia. (Reportagem do correspondente da Antena 1, em Berlim, Francisco Assunção.)
Abraço
Parece-me que, em tempos de vacas anorécticas, os mais fortes se pretendem salvaguardar em relação aos mais fracos.
ResponderEliminarSerá uma espécie de apuramento da espécie?
AC
O EIXO DO MAL!
ResponderEliminarLamento...
Como somos um animal limitado, não admira que repitamos a história... apenas alguns, muitos poucos, tão poucos que nos dias de hoje nem a 1% da população humana total chegam, estão conscientes de que o actual estado civilizacional deu o que tinha a dar... A Civilização de que fazemos parte, a manterem-se os seus pilares, não tem futuro. Quando a hora chegar, a transição não será pacífica, pois alterações Civilizacionais significativas e profundas, apenas emergem de convulsões igualmente profundas no entanto violentas... Pode ser que ainda viva alguns anos nesta nova Civilização... se tiver sorte!
ResponderEliminarCara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarA matriz fundamental da Europa encontra-se alicerçada na sua diversidade cultural e o sentido plural de tradições e línguas que a conformam só pode encontrar unidade na explicitação de uma civilização de raiz comum que se baseia num legado e que é sustentado no princípio do reconhecimento das diferenças. O projecto comunitário deve, acima de tudo, orientar-se no sentido da manutenção da paz após duas guerras mundiais e respeitar regras de ouro entre as quais não devem ser geracionados novos poderes que aumentem o risco da desintegração comunitária pelo efeito da rejeição dos corpos sociais. Há quem fique contente por se julgar senhor de um suposto poder de decisão, há quem fique satisfeito porque tomou decisões sem que ninguém os tivesse contestado ou impedido.
Contudo, quando os cidadãos começam a intuir que algo está mal e que os querem tomar por néscios, então todos os nomes alcançam um significado próprio e a Europa corre o risco de já não querer manter-se como pátria da civilização.
A História demonstra que os casos de exacerbo de poder político conheceram a sua ruína e, por isso, é estranho que forças políticas que se intitulam democráticas se imponham pela força e pela constituição de alianças e ofereçam resistência aos corpos sociais como se os seus governos fossem algo de extraordinário e um privilégio fantástico. Há que definir e preservar a última de todas as fronteiras, ou seja, aquela que distingue o homem como pessoa, porque é nessa concepção antropológica que se fundamenta o núcleo da missão que o norteia enquanto ser dedicado a toda a sociedade.
Digamos "não" a este circo quotidiano que se instalou e que começa a minar as dimensões através das quais se exerce a cidadania no espaço europeu.
Um grande abraço :)
Ana Brito
Ana Paula, estou de acordo no essencial mas ainda agora vim da China e cheguei à conclusão, face è miséria tremenda, que a UE não deve deixar os produtos chineses entrarem na UE sem que se proceda ao fim do dumping social naquele país. nem sempre as boas intenções dão o resultado esperado.De outra forma estamos a ajudar a manter a escravatura de milhões de chineses.
ResponderEliminarConvido-a a ler poesia:http://estrolabio.blogspot.com/2010/10/arte-poetica-horacio-nuno-judice-e.html
Ana Paula,
ResponderEliminarO 'post' que publiquei no 'Aventar' rendeu-me um conjunto de ofensas e epítetos. Vão de demente a ignorante.
Compreendo perfeitamente o seu estado de espírito perante reacções semelhantes; alguns dos comentadores nem sequer se preocupam em obedecer a princípios da mais elementar educação.
Até o PNR me foi acenado como modelo exemplar de conduta política e redenção.
Perante tudo isto, teremos de ser uns quantos a disponilizar-nos para, sem desfalecimento, assumir o encargo da luta pelos sagrados princípios da liberdade, igualdade e fraternidade. É o seu caso e felicito-a por isso.
Um abraço amigo,
Carlos Fonseca
Ana,
ResponderEliminar...o silêncio invade-me. «Pacto de Estabilidade» quando o Sarkozy ainda hoje afirmou (diria mais, apelou directamente à força)…!? O François Chérèque bem que pode estar preocupado… até a livre circulação do Le Monde está afectada…
O meu abraço
a exigência da frança é de bradar aos céus. então não são os franceses que vão fechar 2010 com um défice de 7,5% e uma dívida pública de quase 90% do pib. Ou seja os franceses não têm melhores números que portugal mas apesar disso andam a pensar que são bem comportados (era ver hoje um artigo hipócrita no "les echos" sobre a austeridade nos países "endétés", como se eles o não fossem). a alemanha também não teve qualquer rancor em enviar para as calendas a exigêngia dos 3% de défice quando muito bem lhe conveio.
ResponderEliminarAna Paula,
ResponderEliminarTomei a liberdade de fazer um 'link' no Aventar.
Espero que não se zangue.
Obrigado,
Um abraço amigo,
Carlos Fonseca
Namasté, Minha Amiga, :)
ResponderEliminar...ninguém sabe!...
...qual o motivo de tamanha galhofa?! Divertimo-nos no jogo do espelho e/ou das diferenças?!
...acaso seja o jogo do espelho e/ou diferenças, estamos fazendo batota. as regras destes jogos ditam que, não se contemplam as diferenças pela eliminação das diferenças... só revelaria uma grande indiferença em relação a nós mesmo...então de que raio nos rimos?
...estamos contemplando a ausência de diferenças?!...mais grave então!...«como saltar por cima da própria sombra quando já não se tem sombra?»... :(
Grande Abraço :))
Namasté
O que se perspectiva para a Europa, na próxima década, é digno de um filme de terror. Se não pararem a tempo as intenções da dupla Merkl/Sarkoz, a que muito em breve se juntarão Berlusconni e Cameron, vamos ter uma repetição trágica de um episódio bem recente na História da Europa.
ResponderEliminarBeijos