Pois... grita-se contra o Estado, a democracia representativa, apresentam-se argumentos justos que mobilizam cidadãos e, depois... depois, é isto?!... Triste e chocada, ao ver, 1 hora depois da hora marcada, cerca de 20 jovens, vestidos de preto, sentados, desalentados aos pés de Camões -talvez pedindo inspiração para perceber o sucedido- não posso deixar de registar o erro que comete, quem assim negligencia a responsabilidade social da cidadania!... porque havia, sei agora que nominais!, organizações cívicas a apoiar o evento, organizações que nos merecem respeito mas que, afinal, não deram o sinal efectivo que a causa e a data justificam!... Chegaram talvez uns quantos (ler aqui a crónica de Miguel Gomes Coelho no Vermelho Cor de Alface) que rapidamente desmobilizaram, não sei se agastados, envergonhados ou desinteressados! Porquê? Não sei se por perceberem que não teriam a cobertura mediática das "Holas" e TV's e que o irem "mostrar-se" não seria bem sucedido... não sei! ... mas sei que as organizações que apoiam causas cívicas têm o dever de estar presentes, chova ou faça sol!, para que a mobilização que ainda conseguem se não perca e para, se é que isso lhes interessa!, ganharem a credibilidade pública que a democracia requer e merece! Lamentável!... por todos nós!
Caríssima amiga Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarPortugal que foi pioneiro na abolição da pena de morte mostrou que ainda não absorveu a importância da noção de uma cidadania global.
A caricatura que a Ana nos apresenta é sinal do amorfismo de que nos dá conta, com muita acuidade, neste post. Na verdade, quando se trata de gritar, de reclamar os seus direitos os portugueses, e o Homem Contemporâneo, ganham uma motivação extra, mas quando se trata de exercer deveres de cidadania as reticências e as desculpas são mais do que muitas.
Esta complexa cidadania também exige sacrifícios e responsabilidades acrescidas, pois se historicamente na I República tínhamos uma cidadania portuguesa, no final do século XX passámos a ter uma cidadania europeia e com a actual Globalização passámos a ter uma cidadania universal.
Nessa medida, subscrevo completamente a ideia da Ana quando nos diz que a democracia autêntica também passa pelo exercício responsável de uma cidadania participativa cada vez mais exigente. Como em tudo o que é complexo há sempre uma co-responsabilidade para que as dinâmicas sociais de mudança em direcção a um mundo melhor se possam concretizar. Bem haja Ana, por mais este seu lúcido alerta cívico.
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarA qualidade de vida que se leva retira-nos a capacidade nos insurgirmos contra a morte? Qualquer morte? Ou apenas estamos perante uma sequela do sonambulismo que nos invade?
Ou será o quê?
Seja o que for é preocupante...
Abraço
Carissimo amigo Nuno Sotto Mayor Ferrão :)
ResponderEliminarPermita-me que, aqui mesmo, anuncie e sugira a todos a leitura atenta deste seu texto de excelsa qualidade... como pode um país ignorar as vozes dos que sabem Ser?
Com elevada estima, consideração e amizade,
receba o meu agradecimento e as minhas melhores saudações.
Caro Rogério,
ResponderEliminar... pertinente a imagem do sonambulismo a que acrescento a da "moda", gratuita, efémera e quase inútil de tantos comportamentos artificiais que por aí se exibem... sim, Rogério, além de muito desoladora esta é uma realidade efectivamente preocupante.
Obrigado!
Um abraço.
Estimada Paula, enquanto o mês for mais longo que os ordenados, uma "cidadania responsável" não passa de um luxo. Eu só posso dar aquilo que recebi - quem não recebe também não pode dar, não precisamente por egoísmo, mas mais por não conhecer o que há que dar.
ResponderEliminarEstimada Marota :)
ResponderEliminar... tem razão; claro que tem razão. De qualquer forma, as organizações que apoiam acontecimentos públicos e cuja natureza é, indiscutível e assumidamente, a de agentes mobilizadores da cidadania, não podem contribuir de forma efectiva para esta descredibilidade das causas de todos nós e de que se avocam representantes activos.
Abraço
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarQue mais dizer senão que a cidadania e a sociedade de valores parecem estar em falência...
Abraço amigo e solidário :)
Ana Brito
Cara Ana Brito,
ResponderEliminar... não sei se é falência se é negligência provocada pelo auto-centramento corporativo dos próprios activistas - um pouco à imagem do que tem sido escrito sobre os bons serviços do SNS: mais do que um sistema a funcionar, a qualidade e a eficácia dependem da qualidade e do empenhamento humano :)
Um beijinho amigo e solidário :)