sábado, 31 de março de 2012

Da Extinção das Freguesias...


Milhares de pessoas manifestaram-se hoje, em Lisboa, contra a extinção das freguesias... as dificuldades acrescidas que a extinção destes serviços autárquicos representa para as populações é, de facto, um problema que deveria merecer a melhor atenção por parte de um Estado que se pretende útil e eficaz. Não é assim... e esta evidência, manifesta na ausência de uma explicação plausível e razoável para a iniciativa, justifica que as alterações administrativas que agora se propõem, preocupem as pessoas... não só as dos meios rurais, fisicamente distanciados dos centros urbanos a que serão obrigados a recorrer mas, também, as que, nas cidades, em função da idade ou dos ritmos pouco facilitadores da conciliação entre a vida profissional e vida privada, ficarão privadas de usufruir destes serviços com a facilidade que, até agora, tinham mais ou menos assegurada... e se não estão em causa os custos destes serviços, a verdade é que nada garante que o novo modelo funcionará de forma satisfatória. A propósito desta matéria não posso, entretanto, deixar de evocar a opinião do saudoso Professor Agostinho da Silva que atribuía às freguesias o papel de protagonista maior do exercício de uma democracia participada, defendendo que, em cada uma, deveria haver, além dos conhecidos serviços administrativos que desenvolvem, uma escola, um centro cultural, um centro desportivo, uma biblioteca e um centro de saúde... Porém, ao invés de se investir na qualidade das condições de trabalho das juntas de freguesias , reforçando-lhes poderes e competências e apoiando o seu papel social de representantes dos cidadãos, vão ser extintos serviços que ainda mantinham vivas as comunidades e os grupos humanos em função da sua localização residencial... é, por isso, sustentado, o receio de que a medida contribua para fragilizar ainda mais a coesão territorial de uma sociedade que tem dois terços do país em processo de desertificação humana!... registe-se que, desta vez em uníssono, PS, PCP e BE associaram suas vozes às que dizem que o Governo deve ouvir as razões de quem protesta (ler aqui, aqui e aqui).

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