No Brasil, em 2011, foi a vez de, oficialmente, serem reconhecidos os direitos humanos no caso da Guerrilha do Araguaia, cuja sentença se pode ler aqui. O processo, referente à "alegada responsabilidade [do Estado] pela detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas, entre membros do Partido Comunista e camponeses da região [...] resultado de operações do exército brasileiro empreendidas entre 1972 e 1975 com o objetivo de erradicar a Guerrilha do Araguaia, no contexto da ditadura militar do Brasil (1962-1985)", resultou dos trabalhos da designada "Comissão da Verdade", no âmbito da consideração que passo a transcrever: "(...) A divulgação da sentença renova o compromisso do Estado brasileiro em elucidar os fatos da Guerrilha. Isso só é possível porque essa chama se manteve acesa na história devido ao esforço inesgotável dos familiares de mortos e desaparecidos políticos que levaram essa luta ao longo das últimas décadas. Essas famílias não realizaram até hoje o ritual de despedida e, por isso, não exerceram o direito milenar de velar seus entes queridos, uma forma encontrada pela humanidade para absorver a perda junto aqueles que se solidarizam com a nossa dor. Situações como essas comprovam o quão importante é a união da sociedade para que o Congresso Nacional aprove a Comissão da Verdade (Projeto de Lei 7376/2010), pois cumprir essa decisão da Corte significa, para além de demonstrar a necessidade de assegurar o direito à memória e reparar, a possibilidade de dar as futuras gerações a responsabilidade de prevenir práticas similares.".
Depois de, entre outros (ler aqui), a Espanha (ler aqui) e a Argentina (ler aqui) terem investido neste processo de resgate da memória histórica dos seus povos, em nome da efetiva valorização dos Direitos Humanos, vale a pena refletir sobre a relevância do interesse e do empenhamento político na recuperação da memória histórica - que, em 1992, foi internacionalmente reconhecida (ler aqui) enquanto processo facilitador da catarse, pela qual os povos podem ultrapassar a dimensão bloqueadora dos traumas coletivos e promover a conciliação de esforços no plano da coesão social e territorial...
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