As tétricas e expressivas notícias que nos chegaram da Grécia, a propósito de um cidadão que, aos 77 anos de idade, reformado e endividado, recusou a mendicidade e optou pelo suicício, fazendo da sua decisão um acto público e assumidamente político (ler aqui), são o símbolo de uma guerra sem tréguas lançada pelos mecanismos financeiros internacionais, com o apoio dos governantes europeus, contra as populações. Porque a verdade é que o caso grego não é um caso isolado (não só por configurar o desenvolvimento da dinâmica social da Grécia denunciada pelo Wall Street Journal em Setembro de 2011 e que aqui destaquei mas, também, porque da Irlanda há notícias que denotam o mesmo padrão de comportamento e porque, por toda a Europa mas, em particular no nosso país, aumenta o número de problemas mentais - depressões e psicoses entre adultos e, cada vez mais, entre jovens) e, apesar disso, continuamos a assistir ao recurso persistente nos métodos, exigências e medidas que as instâncias político-financeiras continuam a defender (ler aqui). Como se tudo isto não fosse, só por si, absurdo, as previsões dos países em maiores dificuldades, mesmo depois de terem recebido as "ajudas externas" que, em última análise, reforçaram os respetivos endividamentos externos, são constantemente alteradas, reforçando a ideia de que a sua divulgação mais não é do que simples propaganda. Estamos, indiscutivelmente, a viver em democracias nominais insustentáveis por pura incapacidade política de adopção de políticas económicas que salvaguardem os direitos das pessoas e a coesão socio-territorial dos povos e dos países tal como os conhecemos... A mudança está, por isso, à vista e não promete nada de bom uma vez que, além de tudo o que foi dito, as forças partidárias da chamada democracia representativa insistem, também elas, em reproduzir métodos e técnicas ultrapassadas de fazer política que se limitam a querer garantir a sua permanência no poder, no quadro da alternância, que, há décadas, conhecemos, com os resultados que sabemos... A irresponsabilidade política com que a crise económica e financeira está a ser gerida, promove a um ritmo vertiginoso a degradação da credibilidade da democracia e enquanto não percebemos se tal resultado é ou não intencional, resta saber até quando vão os cidadãos continuar, de forma mais ou menos pacífica, a não reagir ao que se começa a configurar como uma prática política violenta e assumida contra os direitos humanos!
"prática política violenta e assumida contra os direitos humanos!", prática política desenvolvida por actores/marioneta incultos, ignorantes, tontos de poder. Ainda por cima ditos democratas, sociais democratas até, gente reles. A pergunta até quando eu também a faço e acho mesmo que já basta. Até desafio a esquerda a pensar e produzir novas formas de oposição. Talvez fosse a altura de terem uma verdadeira discussão ideológica e lerem coisas sobre a Frente. Abraço.
ResponderEliminarA contradição dos cúmplices da RATOEIRA
ResponderEliminarMuitos economistas gostam de evocar a relação aritmética que mostra como uma economia com uma taxa de crescimento nominal do produto, superior à taxa média da dívida pública, pode ter, todos os anos, um défice primário (sem juros) compatível com a estabilidade do peso da sua dívida pública ---> isto é, ou seja, a RATOEIRA do endividamento esperando um crescimento económico perpétuo!...
A contradição dos cúmplices da RATOEIRA é óbvia:
- por um lado, eles (os economistas cúmplices da RATOEIRA) reconhecem a existência de ciclos económicos... todavia, no entanto, em simultâneo, não se cansam de repetir «só o crescimento perpétuo, só o crescimento perpétuo... é que nos salvará do caos económico»!?!?!?
O resultado está à vista de toda a gente: ao cair na RATOEIRA do endividamento esperando um crescimento económico perpétuo... Portugal está a ser forçado a VENDER ACTIVOS IMPORTANTES para a sua soberania!...
ANEXO:
Os portugueses (e não só) foram uns otários ao caírem na ratoeira do NEGÓCIO DA DÍVIDA: de facto, há séculos e séculos que o Negócio da Dívida é a mesma coisa:
- sempre que um agiota quer 'deitar a luva' aos bens de alguém... o agiota acena com empréstimos... que sabe que não vão conseguir pagar... até porque, frequentemente, o agiota 'trata' de complicar a vida ao devedor!
Resultado Final: quem foi atrás do aceno de empréstimos (feito pelo agiota) vê-se espoliado... e o agiota fica com os seus bens!
... o Galaró está mesmo a pedir... que as Galinhas revelem o seu lado de Águia...
ResponderEliminarM.José