O movimento ES.COL.A da Fontinha é um exemplo flagrante dos tempos que correm. Partindo de uma iniciativa cívica que devolveu a vida a um imóvel desocupado, cujo estado, progressivamente degradado, ameaçava reduzir-se a mais um sinal público da deterioração patrimonial, a ES.COL.A da Fontinha tornou-se o centro de um conjunto de actividades que vão da música ao teatro e do yoga ao apoio social e até alimentar, num bairro problemático do Porto... e hoje, crianças e adultos, são unânimes em reconhecer o interesse público desta realização, demonstrando o seu apoio aos dinamizadores do movimento que, intitulados como Okupas, deram um exemplo da capacidade de construção de uma obra social, laica e de mérito... e se dúvidas houvesse sobre a adequação da iniciativa às necessidades dos cidadãos, testemunho inequívoco do seu sucesso cívico é o facto do ataque que contra ela foi desencadeado pelas autoridades ter obtido, por parte da população, uma extraordinária adesão mobilizadora que emociona e surpreende o país pela sua persistente tenacidade, fundada na razão. Por isso, a agressividade policial e a grosseria das atitudes que despejaram para a rua as roupas, pertences e móveis do movimento associativo que protagoniza esta realização da sociedade civil, mais não é do que a expressão de uma total incapacidade institucional relativamente à compreensão dos direitos das pessoas e de uma inflexibilidade dos procedimentos burocráticos que apenas reforça e evidencia a profunda divergência entre a eventualmente alegada "ordem pública" e o bem-comum...
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