Segundo o Observatório de Segurança em Meio Escolar (OSME), registaram-se 1121 casos de alegada violência escolar, a maior parte dos quais decorre de agressões verbais, ofensivas e lesivas da dignidade, da auto-estima e do bom nome a que têm direito não só os mais velhos mas, também, os mais jovens. Preocupante, o fenómeno assenta na problemática mais alargada da violência social sobre a qual deve, efectivamente, incidir a reflexão social, comunitária e institucional. Na verdade, o que actualmente se dramatiza em nome da "violência escolar", inscreve-se no contexto de um sem-número de outras manifestações correntes na vida quotidiana das sociedades, a que as gerações mais jovens não podem, de forma alguma, escapar. É o caso da violência no namoro, do bulling, do cyberbulling ou dos extraordinariamente violentos jogos de computador massivamente disseminados entre crianças e jovens, cujo acesso deveria ser, senão bloqueado, pelo menos, triplamente controlado pela legislação comercial, pela responsabilidade social das empresas e pelas famílias. Neste sentido, a violência que se verifica em meio escolar contra professores, funcionários e colegas, deveria ser perspectivada com a seriedade que merece e não com a demagogia sensacionalista que lhe dá visibilidade... porque enquanto as relações humanas se desenvolverem em sociedades marcadas pelas desigualdades, onde o recurso à violência se sobrepõe à comunicação e ao diálogo e os interesses do mercado têm proteção legislativa no que respeita à sua total liberalização, secundarizando sistematicamente as questões sociais, continuará a existir espaço para o agravamento da violência e para a demagogia desculpabilizadora das políticas que apenas garante a continuidade dos problemas (cada vez mais complexos, dada a sofisticação e a diversidade tecnológica dos instrumentos de lazer) e a completa ineficácia de uma sua alegada prevenção. (ler aqui,aqui, aqui, e aqui)
Caríssima amiga Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarSubscrevo a lúcida leitura, da Ana, dos tempos de insanidade ideológica que se vivem! Na verdade, só uma perceção global humanizada poderá pôr cobro a esta situação em que a Ética está posta de lado devido à política de "total liberalização" que tem provado ser absolutamente de consequências bem nefastas, como a Ana nos lembra aqui com toda a sua acutilância cívica!
Pode-se ler com bastante interesse o artigo que Francisco Sarsfield Cabral escreveu para a revista Brotéria, de Fevereiro de 2012, em que nos desenha a evolução do sistema Capitalista da crise de 1929 aos nossos dias.
Saudações cordiais e fraternas, Nuno Sotto Mayor Ferrão
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