Chove em Lisboa... e o vento fustiga todas as existências expostas à intempérie, árvores, casas... pessoas! Os cidadãos sem-abrigo escondem-se do frio e da água sob memórias que lhes surgem, não havendo alternativa, como piores que todas as condições externas... a vulnerabilidade humana já anterior à sua actual condição social, reforçada pelo estatuto nela adquirido, agrava-se duplamente, sempre que a natureza os surpreende... pela evocação das memórias e os contraditórios argumentos com que a mente e o sentir os confronta... por toda a Europa e também em Portugal o risco de exclusão e desintegração social agrava-se e constatá-lo não é uma ideia ou um conjunto de palavras: é uma realidade!... como os milhões de desempregados que, em crescendo, vão tornar incontestável que o mercado, designadamente o mercado de trabalho, nos moldes em que está a ser gerido, não é humana e socialmente, sustentável. Por isso, se, em Davos, se discute ainda a liberalização do comércio mundial ao invés de se assumir que é necessário reestruturar os princípios económico-sociais das democracias contemporâneas e se, em Belém do Pará, além da água e do ambiente, se não equacionam novos modelos socio-económicos de gestão para os povos, continuamos no ponto zero da discussão... quando, dada a gravidade da crise que atinge as nossas sociedades, seria de esperar termos ido mais além na abordagem política do nosso tempo!...
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