A simples transmissão de conhecimentos fornece informação mas não garante a formação de mais conhecimento ou a produção criativa. É neste contexto que o ensino superior deve ser pensado em Portugal onde o processo de ensino-aprendizagem se administra de forma enumeradora e repetitiva, sem o recurso corrente à especulação, à pesquisa, ao debate, à documentação, à observação e à investigação... Aliás, a própria formação universitária de professores assenta em indicadores mínimos do reconhecimento de competências específicas para o efeito, elaborados a partir de critérios académicos redutores... regra geral, é este o panorama de uma massificação da aprendizagem passiva e padronizada que, inevitavelmente, se reproduz no ensino e não permite que o investimento em mais qualificação resulte na alteração qualitativa das competências cívicas, técnicas, pedagógicas e científicas das instituições e da população portuguesa... Apesar das estatísticas, a capacidade produtiva e o aproveitamento local dos recursos e equipamentos disponíveis demonstram o défice cultural subjacente à capacidade de adaptação à mudança... E se, por um lado, há professores de excepção em todos os sectores do saber, e, por outro, a sociedade reconhece que é preciso mais formação e conhecimento, estranhamente continuamos a deparar-nos com um índice de desempenho social muito aquém das necessidades e das expectativas... Na realidade, a excepção não faz a regra e só um sistema de ensino vocacionado para objectivos integrados e claramente definidos pode ter sucesso, designadamente, no ensino superior onde se deveria consolidar o conhecimento e a atitude científica... e não se depositem as esperanças no chamado processo de Bolonha porque o seu objectivo é apenas harmonizar legislativamente os sistemas de ensino... esta tarefa compete a cada país ou seja, é um trabalho nosso, a fazer em casa.
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