quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Crise, o Desperdício e a Discriminação Etária como Gestão Social Danosa!


... os desempregados de longa duração deixaram de ser os, demasiadas vezes!, injustamente acusados de "subsidiodependência", os excluídos, os desintegrados ou aqueles que o senso comum apontou, durante muito tempo, de forma leviana, como "os que não querem trabalhar"... Os desempregados de longa duração são, hoje, pessoas no auge da chamada "idade activa", em plena posse das suas maiores competências para o desempenho de funções profissionais, quer pela experiência adquirida quer, por deterem esse um factor determinante da boa gestão: o sentido de responsabilidade social!... Porque hoje os desempregados de longa duração são pessoas adultas, válidas psicossomaticamente, experientes, capazes de enfrentar a própria inovação e que, vítimas das várias faces dos cataclismos que, "em dominó", a crise económico-financeira tem vindo a provocar, ficaram sem trabalho e se encontram, súbita e dolorosamente!, na situação de DISCRIMINADOS em FUNÇÃO DA IDADE!!!... o problema, para além de reflectir uma completa desinteligência na gestão do mundo laboral (seja público ou privado!), acresce à própria crise uma dimensão absurda de desperdício do maior capital de que depende toda a economia e toda a sustentabilidade social: os recursos humanos! O facto é grave ao ponto de provocar evidentes efeitos ao nível da saúde mental pública e de evidenciar a incapacidade de repensar a revitalização da estrutura socio-económica, contribuindo para a reprodução e a multiplicação da exclusão, da pobreza e do depauperar dos recursos nacionais!... Reconheçamo-lo: a discriminação etária é um poderoso instrumento de gestão social danosa!

4 comentários:

  1. "Reconheçamo-lo: a discriminação etária é um poderoso instrumento de gestão social danosa!" Reconheço. Posso até dizer que passei por uma experiência pessoal que o atesta, pois aos 56 anos fui levado para uma situação da qual não é fácil sair. Mas saí. Não podia estar mais de acordo com o seu texto. Só lamento é que a própria economia não se ressinta desse despediçar de competências. A tal facto não é, porventura, alheia a grande quebra dos sectores produtivos. O desemprego qualificado quase sempre tem sido acompanhado pela destruíção de postos de trabalho e, portanto, a questão para além dos seus efeitos sociais é mais grave e lamentável...

    PS: Resolvi as minhas dificuldades em comentar, mas tenho outra. Com o seu blogue. Não consigo visualizar o que quer mostrar, no espaço destinado (video?) aparece o logotipo que julgo ser de um programa que não conheço. Pode ajudar? Instalou recentemente software de visualização? Qual?

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  2. Rogério,
    Obrigado pelo testemunho... felizmente, consegui ultrapassar o drama mas, como sabemos, a maiorira tem sérias dificuldades em o concretizar... e sim, sem dúvida que o desemprego e a destruição massiva e continuada dos postos de trabalhos, com a inevitável quebra dos sectores produtivos concorre, a montante e a jusante, para tornar o problema muito mais evidente e de difícil resolução...
    ... quanto aos problemas técnicos, não sei o que diga, Rogério... há tempos, na sequência dos desaparecimentos dos post's, por também ter tido problemas no meu próprio acesso aos comentários, aceitei uma actualização automática proposta pelo Google por pensar que talvez decorresse de laguma rectificação programática facilitadora... de facto, o meu acesso aos comentários normalizou-se e agora apenas registo uma pequena alteração na inserção de imagens e sua mobilidade que é um bocadito diferente... contudo, não me apercebi de outras consequências e não tenho tido feed-back de dificuldades... como não sou expert na matéria e vou funcionando de certo modo intuitiva mas cautelosamente,não sei o que dizer... acredito que o rogério vai descobrir a solução :))
    Abraço.

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  3. Ana Paula,

    O conteúdo do 'post' aborda uma questão profundamente inquietante: o desemprego de longa duração. Na envelhecida Europa, o fenómeno ainda se reveste de maior gravidade, dada a transferência de unidades produtivas de mão de obra intensiva e outra qualificada para os países emergentes.
    Desde que, há anos, li "The End of Work" de Jeremy Rifkin, é-me impossível ignorar os efeitos da automatização nos processos de produção de bens e serviços; assim como a consequente libertação dos ditos excedentes de trabalhadores para engrossar vastos contingentes de desempregados. Repare-se que até a banca, por exemplo, tem hoje quadros de pessoal muito mais reduzidos, embora integre uma gama mais ampla de serviços. Justamente em resultado da automatização informática que, sem a presença de qualquer trabalhador, permite realizar milhares de operações numa noite, a nível global. Quantos postos de trabalho foram extintos, devido às funcionalidades das caixas ATM e das operações realizadas pelos próprios clientes bancários?
    O desafio colocado às sociedades actuais é muito complexo. Por um lado, não se deve renunciar ao progresso tecnológico; e por outro, a preservação dos direitos humanos, entre os quais o direito ao trabalho, devem sobrepor-se a interesses económicos e financeiros de minorias. Em suma, a Economia deve servir o Homem e não o inverso, como sucede no mundo actual.
    Há uma coisa de que estou certo: terá de encontrar-se saídas, porque os conflitos sociais estão aí e vão crescer. Em especial, no espaço europeu.
    Bom fim-de-semana!
    Um abraço de amizade,
    Carlos Fonseca

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  4. Caríssima amiga Ana Paula Fitas,

    Tens toda a razão, o desemprego de longa duração em pessoas em idade activa ( com 40 ou 50 anos ) é profundamente injusto e origina quebras anímicas, conhecidas como depressões, prejudiciais para a rentabilização dos recursos humanos.

    A lógica da Globalização social dos sacrifícios de austeridade para cobrir os ganhos especulativos dos investidores financeiros e das empresas multimilionárias faz com que nos tempos das crises cíclicas do capitalismo se proceda aos despedimentos inumanos para que os grandes empresários possam continuar a manter os lucros.

    Há duas razões fortes para que isso não seja assim: em primeiro lugar, alguns países excessivamente competitivos têm índices elevados de depressão e taxas elevadas de suicídios e, em segundo lugar, a sustentabilidade da qualidade de vida exige, como exercício de cidadania, que as nossas sociedades procurem de novo a meta utópica do pleno emprego. Depressa me dirão os defensores do ultra-neoliberalismo que não há sustentabilidade financeira para tal. No entanto, a verdade está na falta de transparência dos mercados financeiros que se divorciaram da economia e no crescente desequilíbrio das sociedades baseadas nos lucros das grandes companhias.

    Saudações cordiais e fraternas, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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