domingo, 24 de julho de 2011

Cultura e Democracia - a propósito de "A Filha Rebelde"

É com justo e um sentido sentimento de regozijo que se celebra a absolvição dos três arguidos do processo "A Filha Rebelde", acusados de difamação e ofensa... "A Filha Rebelde" é uma peça de teatro inspirada na figura de Annie Silva Pais, filha do ex-director da PIDE, Silva Pais, que, casada com um diplomata suiço com quem foi viver para Havana, abandonou tudo para se dedicar à causa cubana, apaixonada por Che Guevara e pela Revolução. A acusação que o Tribunal Criminal de Lisboa, na passada 6ªfeira, deu como infundada, reconhecendo que "(...) a crítica pública deve ser um direito e não um risco. (...)", recaira sobre a autora da peça, Margarida Fonseca Santos, e dois administradores do Teatro Nacional, Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira que, inspirados no livro de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz com o mesmo nome "A Filha Rebelde", permitiram ao teatro português enfrentar a história contemporânea, sem braqueamentos! Porém, familiares do ex-PIDE consideraram que algumas das afirmações constituíam difamação e ofensa moral ao Director da Polícia Política que terá ditado a ordem de assassinato de Humberto Delgado e exigiram 30.000 euros de indemnização!!!!... Muito se receou do desfecho deste processo, dados os tempos que correm e que, por certo, concorreram para que a filha e o neto do General Sem Medo, Iva Delgado e Frederico Delgado Rosa, estivessem, tal como esteve Vasco Lourenço, Alípio de Freitas e muitos antifascistas, presentes na audiência para ouvir a sentença em que o juiz, afirmando a liberdade de expressão como "uma das condições das sociedades democráticas", reiterou "o direito à manifestação artística" e "à história". Era o mínimo que se poderia exigir mas, em todo o caso, é caso para destaque e glória da cultura como instrumento maior da Democracia... A absolvição foi aplaudida na sala de audiências e houve cravos vermelhos a ilustrar o grito: "Abaixo a Pide!"  

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