...ah!, a herança árabe deste Mediterrâneo entre tudo e nada, à beira da queda e da capacidade de se exceder, faz-nos permanecer neste intervalo a que Mário Sá Carneiro, o poeta, chamou "Quase", em que permanecemos ancorados e expostos à manipulação global das teias dos poderes que nos envolvem e tudo revolvem, deixando pouco mais que nada, além da esperança... Zeca Afonso chamou-lhes "Os Vampiros" e nós que o cantamos, não soubemos até hoje reconhecer e libertar-nos das amarras que a cultura e a sociedade tecem, rede sob rede de outras redes em que, como moscas imobilizadas, esperamos, um golpe de sorte a que, por cá!, no Mediterrâneo, também se chama "misericórdia" e quase nunca acontece... até o fazermos acontecer!
("Arabian Waltz" de Rabih Abou Khalil também com os Silk Road Project)
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarEnquanto vou ouvindo as suas excelentes escolhas musicais de hoje recordo algumas experimentações que foram sendo feitas, lembro Rão kião, o janita e outros, mas a que o sistema comercial montado, não deu a necessária divulgação.
Quanto ao texto, não imagina como me revejo nas suas palavras, só lhe consigo juntar uma frase de um poema que ainda recentemente publiquei “quem sabe faz a hora não espera acontecer”.
Abraço
PS: Agradeço a referência no último ”leituras cruzadas”.
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarExcelente escolha, bela música com ritmo, com utilização da polifonia qb. e com a tendência para usar instrumentos típicos com diversos timbres e dinamismo...indispensáveis para marcar o ritmo básico ou para produzir algo mais elaborado.
Penso que, com a aproximação das regiões árabes, com o resto do mundo, passou a haver mais influências externas na sonoridade da música árabe.
Gosto muito das escolhas que fez para esta noite de sábado e que constituem um bom presente para mim, para quem regressa, e cá estou, novamente, após um longo interregno a que a minha vida académica me condicionou...
Desejo que esteja bem...e feliz!
Grande Abraço Amigo :)
Ana Brito
Caríssima amiga Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarExcelente música!! Desconhecia-a.
A Cultura Mediterrânica foi o caldo que permitiu historicamente a afirmação de grandes Civilizações. No entanto, já no século XVIII os ingleses consideravam os portugueses como um povo Mediterrânico e, portanto, "quase" bárbaro! Como vemos no excelente vídeo em que nos mostra uma "Arabian Waltz" a Cultura Mediterrânica tem esta esta capacidade eclética de misturar valores civilizacionais diversos.
Não é a Cultura Mediterrânica que nos aprisiona o futuro, mas a Globalização desregrada que tem amesquinhado a Ética Pública e os Direitos Humanos sob o primado do valor absoluto do mercado. O grande problema da actualidade é a resignação e a mentalidade que começa a emergir a favor de um pensamento único, que foi bem testemunhado por um depoimento de Ângelo Correia (RTP-N, Jornal da Noite de 28 de Julho de 2011), que alguns consideram mentor de Pedro Passos Coelho, ao considerar a inevitabilidade de se erradicar o pluralismo político, porque na opinião de alguns autores só há um caminho político possível: a resignação face à inevitabilidade de aceitar o actual sistema internacional e a aceitação do economicismo como lei absoluta.
Concordo que a situação económica da Europa é preocupante, mas não nos podemos esquecer que o "sonho" também deve comandar a vida, embora com os pés bem assentes na terra. Aliás, o pensamento economicista tornado em pensamento único é bastante preocupante e emerge em figuras como Manuela Ferreira Leite, Henrique Medina Carreira, Ângelo Correia, etc. Está em causa o pluralismo e a própria acepção de uma democracia genuína, e não meramente tecnocrática, em que as riquezas revertem, no presente, para os que "comem tudo e não deixam nada" como nos dizia Zeca Afonso com a sua acuidade crítica!
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
Caro Rodrigo :))
ResponderEliminar... como diz a canção:"(...)pelos campos a fome em grandes plantações(...)caminhando e cantando e seguindo a canção /somos todos iguais braços dados ou não (...) vem, vamos embora que esperar não é saber/quem sabe faz a hora, não espera acontecer(...)" ... obrigado pela evocação... diz tudo!
Um grande abraço.
Cara Ana Brito :))
ResponderEliminarÉ bom saber que está de volta... há fases assim, difíceis mas, ultrapassadas deixam-nos mais capazes de respirar o ar que há :))
Ainda bem que gostou e que Rabih Abou Khalil é uma boa inspiração para o fim de semana que lhe desejo excelente :))
Um grande abraço amigo :))
Carissimo Amigo Nuno Sotto Mayor Ferrão,
ResponderEliminarTenho urgentemente que aprender a reproduzir os comentários em post's... no seu caso, em particular, permitam-me que o diga! Magnífico e lúcido, desassombrado texto este que aqui partilha e que me honra ler, conhecer e poder divulgar. Bem-haja!
As minhas melhores e fraternas saudações amigas.
Olhemos à nossa volta e não só para um só lado. Deixemos de ser o que estamos a parecer: um povo amarrado...
ResponderEliminar(há tanto e tanto que nos liga, para além das sonoridades referidas pelo Folha Seca...)