... não sei se é a Europa de hoje, se o próprio mundo ou, apenas!, a minha sensibilidade que me fazem evocar, aqui e agora, dois temas inesquecíveis de Serge Reggiani: "O Desertor" e "A Minha Liberdade"... de qualquer modo,... a verdade é que, neste momento, a sua sonoridade reconforta...
O poema é forte, muito bem construído; a canção é bela; a interpretação magnífica. Contudo, não consigo cantá-la, por intransponível barreira mental, porventura de raiz ideológica, ainda que hoje já algo esvaída, pelo descrédito inexorável que o tempo tem causado nas Ideologias, em todas elas, sem excepção, mas sobretudo nas mais utópicas ou idealistas, as que mais prometiam e, afinal, as que também mais desiludiram. Por esta grande desilusão pagamos hoje preço elevado com a prevalência de um impiedoso ultraliberalismo que tudo avassalou, incluindo os antigos defensores da social-democracia e do socialismo democrático. Como reverter isto ? Certamente que não com atitudes de deserção, mesmo se diferentes da que fala a bela canção aqui evocada.
ResponderEliminarAntónio Viriato ( http://alma_lusiada.blogspot.com)
Caro António Viriato,
ResponderEliminar... obrigado!... Permita-me que diga que, de certo modo, traduziu o que me suscitou a evocação!...
Abraço.
Pena, não a encontrar na net, para a ouvires,
ResponderEliminara interpretção do "Le déserteur",
do argelino Mouloudji! :(
:)
Afinal há,
ResponderEliminaraqui:
http://www.youtube.com/watch?v=zLDtSCT0Dsc
Olá VBM :))
ResponderEliminarAinda bem que encontrou :) ... tenho a certeza que é uma excelente sugestão... vou ver! Obrigado!
Abraço.
O fascismo salazarista tinha contradições espantosas. - Neste caso,talvez fosse porque a guerra clonial ainda não começara... - Ouvi, em 1959, o Mouloudji cantar «Le desérteur» na Tágide, ali ao Chiado, então um restaurante onde se ia ouvir cantores estrangeiros e dançar. Estou a vê-lo,uma figura pequena, vestido de preto,uma camisola de gola alta, e com as mãos em posição de oração, junto ao peito.
ResponderEliminarBom fim de semana, então!
Helena Pato
Disse 1959 mas foi em 1961, já a guerra tinha começado em Angola.Lembrei-me da emoção que sentimos ao ouvi-lo cantar essa canção, e fui verificar a data.Corrigido, portanto,para memória futura!
ResponderEliminarHelena Pato
Olá Helena :))
ResponderEliminar... ainda bem que o ouviu :)) ... eu fui fazer o mesmo e penso que, se hoje é reconhecido como"bela" a canção, mais o terá sido à época... felizmente o Vasco deixou o link para todos o podermos ouvir :))
Espero que tenha corrido tudo bem, em Mira :))
... hoje, lá tive que voltar ao Círculo das Letras para comprar novo exemplar do "Já Uma Estrela Se levanta..." - os amigos pedem e eu tenho gosto em lhes responder :)))
Um beijinho, Helena. Boas férias :)
Um beijo, Helena
Evaporou-se o meu primeiro comentário, o tal que corrigi com este outro, rectificando a data. Coisas que me sucedem pela minha enorme ignorância nestas andanças dos blogues...
ResponderEliminarContava eu que, em 1961,ouvi o Mouloudji cantar o «Le déserteur», em Lisboa, na Tágide - uma «boîte» ali ao Chiado, onde vinham cantores estrangeiros. Ele,pequeno,uma fugurinha de aspecto tímido, todo vestido de preto, de camisola de gola alta, com as mãos unidas junto ao peito, em jeito de oração. Nós,democratas de uma elite intelectual estudantil, emocionados. Eu impressionada, até hoje.
A guerrilha a começar em Angola e Mouloudji em Portugal, a cantar, para umas dezenas de jovens, uma canção de recusa de guerra. Um pouco antes de começarem as deserções, de ter início a fuga em massa para Paris daqueles que recusavam fazer a guerra. Contradições do fascismo salazarista...
Helena Pato
Olá Ana Paula!
ResponderEliminarDepois de ter insisistido em fazer chegar o comentário acerca do Mouloudji, de quem sou apaixonada (tantas as canções fabulosas) - comentário que agora surge a dobrar - volto apenas para lhe dizer que Mira foi uma extraordinária noite de fraternidade, convívio, debate, com um jantar enternecedor, que nos foi oferecido pelos donos da "casa" e da tertúlia. Casa muito cheia, o Mário Tomé polemizando, o Brochado Coelho apelando aos consensos, o Pedro Baptista falando de uma vivência de repressão militar única, o Carlos Carranca "poesiando" e cantando, acompanhado à viola,e eu a falar da repressão sobre as mulheres, a ler uma historinha do meu livro - e todos a fazermos a passagem para a actualidade. Se gostei! Prometi voltar.
Boas férias, um beijinho,Ana Paula e abraços para os outros convivas à luz desta candeia!
Helena Pato
Vi os comentários de Helena Pato e pensei perguntar-lhe se conhece uma outra belíssima canção de Mouloudji, que tenho perfeita memória da música e de como a canta, mas que já não sei onde pára o disco e não o encontro reproduzido no You Tube. Já pedi no Facebook de uma fan do Mouloudji se porventura também conhecia a canção. Tento agora a Helena Pato, às vezes pode ser que sim, e deve haver forma de o gravar para o You Tube. A canção é simplesmente bela, e é uma pena só 'existir' na minha memória :( :). Os versos são estes:
ResponderEliminarPuisque tu ne veux plus de moi
puisque l'amour c'est envolé
sous la ombre des jours passés
j'irai cacher mon coeur blessé
J'irai par le monde
oublier ta voix
mais la terre ronde
me parlera de toi
J'irai par les routes
oublier ton corps
mais ton souvenir
m'éblouira encore
J'irai m' en noyer
sous les océans
j'irai me brûler
aux neiges d' antant
Puisque tu dis que
l'amour est mort
que tu n'est plus
jaloux de mon corps
Lá il veut mieux nous séparer
Plutôt que faire semblant de s'aimer
J'irai par le monde
oublier ta voix
ma peine profonde
quand je serai loin de toi
J'irai par les routes
loin de tous soucis
seul avec mon ombre
sous des cieux amis
Adieu mon bel amour
adieu ma belle amie!
Credo, Vbm, essa ficou colada a um amor único!Muito solidária, irmanada nos amores únicos e na paixão pelo Mouloudji, tenho andado à procura da canção que refere, e de que não me lembro...Em vão: nada. Mesmo assim, deixo-lhe um site (onde já procurei), tente, pode ter mais sorte do que eu. É um «achado musical»:
ResponderEliminarhtpp://uwall.tv/
Helena Pato
:) De qualquer modo, é um "Adieu" e,
ResponderEliminarpossivelmente, um sentimento ou emoção...
temporária... :). Ainda tenho esperança
de vir a encontrar o extravaido
33 rpm! E gravo a canção,
e mostro-vo-la.
Vou ver o site que me indicou.
Obrigado,
Vasco
Helena e Vasco,
ResponderEliminar... se encontrarem a canção enviem o link para eu publicar para todos nós :)))
... estou curiosa e tenho a certeza, pelas vossas palavras!, que é uma canção muito bela.
Obrigado e beijinhos para ambos :)
Gente! Como é linda a solidariedade, mesmo quando se trata apenas de «entre corações partidos»! Pois não é que encontrei um amigo que tem o disco e mo vai gravar em CD?
ResponderEliminarDarei notícias à Ana Paula assim que tiver a preciosidade na mão e combinarei a remessa!
Abraços, Ana Paula e Vasco.
Helena Pato
Óptimo!
ResponderEliminarVais ver, Helena,
que é muito bonito.
Claro que tu tens razão,
parece um desgosto de amor
de «caixão à cova»...
Mas, justamente, não é
porque o infeliz vai vaguear
pelo mundo fora :) e, por certo,
outros horizontes se lhe abrirão! :))