Depois de muito se ouvir o PS atribuir responsabilidades ao descalabro especulativo das agências de rating e de todos termos percebido que os interesses internacionais no que se refere à "construção" dos equilíbrios financeiros entre blocos "regionais" do capital e da alta finança, estavam, de facto, a provocar quebras graves nas economias nacionais ao ponto do problema das "dívidas soberanas" se aproximarem perigosamente de pontos de "não-retorno", eis que a sociedade e a política portuguesas recorreram, a partir do "chumbo" do chamado PEC IV, à opção por um processo eleitoral que pretendia inverter a vertigem do país... menos ruidosos, os mercados deixaram que, por cá, todo o barulho se concentrasse na múltipla e recíproca troca de acusações que esteve -como faz parte dos respectivos procedimentos!! - na base da campanha eleitoral... Eleições terminadas, novo governo empossado, estando o país a tentar ver se conseguia respirar um pouco melhor apesar da persistência da acção dos "poluentes" internacionais que continuaram a implodir (designadamente, na Grécia), eis que, ontem, a "bomba" se abateu de novo sob os céus gauleses deste jardim à beira-mar plantado: a Moody's reduziu a "lixo" a nossa economia e 4 dos bancos portugueses, incluindo a Caixa Geral de Depósitos!!!! Clamor e pavor generalizados, desta vez sem o PS para ser bode expiatório da "coisa", gritam todos em conjunto: PR, Governo, PSD e os já habituais "contestatários" da crise internacional, PS, PCP e BE, sendo que a própria Europa se associa à indignação (como já acontecera, diga-se em abono da verdade!, no tempo em que o ex-Governo quis aprovar o dito PEC IV), num momento em que a própria Christine Lagarde, recém-Directora do FMI, elogia a acção conjunta dos portugueses nos esforços pela recuperação económica! Se dúvidas havia sobre as intenções da especulação financeira internacional, parece agora não restar nem uma e, se algum benefício o extremo grau da crise traz, é esta partilha do euro-cepticismo em relação aos mercados - ou melhor, às agências de rating (porque ainda não é exactamente contra os mercados... lá chegaremos, porém!... lá chegaremos!!!... haja paciência e mais alguma fome e desemprego!!)... No meio de tudo isto, é louvável a atitude do Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, que, justamente!, em nome do interesse colectivo e da defesa do Estado de Direito que somos, se não permite exercer um cargo passivo quando está em causa a sobrevivência económica do país, exigindo esclarecimentos sobre esta anónima e insustentável ditadura dita do rating que a todos sufoca e que, com toda a razão, já ninguém "pode ver" (ler AQUI, Aqui, Aqui e Aqui).
Ana Paula,
ResponderEliminarComeço algures pelo fim. Elogio a iniciativa do Sr. Dr. Pinto Monteiro, mas duvido que a PGR consiga importunar, ao menos importunar, as tenebrosas agências de 'rating'. Lembro que o próprio governo de Obama anda no encalce dessas instituições e, até agora, sem resultados.
Há accionistas das agências de 'rating' que são investidores que auferem lucros incalculáveis com a especulação em operações de bolsa. Este estatuto de duplicidade de juiz e jogador deveria ser interditado.
No entanto, e sob a hostil indiferença da Alemanha em relação aos problemas dos países do Sul, a unidade europeia e a posição moeda única tornam-se a cada dia mais vulneráveis, como sublinhou há instantes Francisco Assis, na SIC Notícias. Para se tornar um espaço coeso de convivência democrática entre povos e culturas diferentes e comungando de interesse económico sólido, a Europa precisa da ousadia de encontrar soluções políticas mais robustas. No limite, até ao federalismo. A continuar igual ao que é hoje, o projecto europeu perecerá, com o risco de conflitos graves entre nações. Como disse há dias Mário Soares.
(Obs.: Angelo Correia, também na SIC Notícias, aproveitou para argumentar que a posição de Trichet fora uma grande conquista de Passos Coelho, o que é uma rotunda falácia. Sectarismo primário!)
Um abraço de amizade,
Carlos Fonseca
Carlos,
ResponderEliminarObrigado pela lúcido contributo para a análise de um problema que os portugueses persistiram em relativizar, ignorando a dependência europeia do sucessor de um Plano Marshall cujo domínio já nem aos EUA pertence... ironias da História - permita-me que o diga... ironias da História e "tiros nos pés" dos próprios franco-atiradores do mercado que perderam já o seu controle... tem toda a razão nas reflectidas observações que aqui partilha... quanto ao PGR também eu penso que a sua intervenção não "beliscará" o caminho dos accionistas anónimos que se escondem atrás de um pretenso mecanismo de regulação e vigilância cuja função manipulatória é de interferência activa e direccionada... referir o PGR foi apenas uma forma de destacar que é possível o exercício de uma magistratura de influência não demagógica... Quanto ao resto, direi que o federalismo pode ser agora a mais fácil das soluções mas, de qualquer modo, continuaremos, mesmo no caso da sua concretização, a viver o jogo de espelhos ilusório que continuará a servir mercados sem qualquer sentido de missão do que proteger e fazer lucrar os seus clientes... as agências de rating são, do meu ponto de vista, o mais recente e sofisticado instrumento de gestão d neoliberalismo selvagem e do capitalismo sem escrúpulos que os Estados e as economias nacionais deixaram de ter capacidade para rentabilizar no contexto da globalização... estamos, afinal!, perante um enormissimo potencial de perda mas, também, perante um imenso desafio para a Humanidade...
Com amizade, receba o meu abraço sincero.
Anúncio de emprego que li num jornal: Precisam-se Especialistas em Humanidades para colonizar a cabeça de alguns governantes!
ResponderEliminarGrande Abraço
M.José
:))) ... Lindo, minha Amiga... Lindo!!!... e urgente!... muito, muito, muito urgente :)))
ResponderEliminarGrande abraço