Faltam pouco mais de 90 m para se assinalar a hora em que, há 36 anos atrás, os militares de Abril levaram a cabo o arrojado empreendimento de derrubar uma ditadura com 48 anos. Vale por isso a pena aqui lembrar os eventos que se lhe associam de forma quer analógica, simbólica ou objectiva... e na sequência do post anterior não posso deixar de referir o perigo que advém da ausência de uma evocação da memória, capaz de, sob a narrativa multimedia de uma explicação pedagógica, consistente e insistente, desenvolver nas jovens gerações (crianças, adolescentes e jovens adultos, emigrantes ou não) a admiração e o respeito pelas lutas que significam e arrastam a conquista da Liberdade! ... De outro modo, ser-lhes-á vedada a compreensão do presente!... Não, afirmá-lo não é um lugar comum!... E, a título de exemplo, refiro um caso recente, ocorrido aqui ao lado, em Espanha, "tierra de nuestros hermanos", que combateu corajosamente a ditadura franquista cujos crimes se prolongam, para além da sangrenta Guerra Civil (que registou a ocorrência das primeiras Brigadas Revolucionárias de apoio aos opositores do regime liderado pelo tétrico Generalissimo Franco que mandava pendurar, no alto dos montes povoados do interior do território do seu país, os cidadãos fuzilados com o objectivo de servirem de exemplo dissuasor)... Falo, naturalmente, do Juíz Baltazar Garzón, cuja personalidade e trabalho de uma vida serão um dos modelos europeus (como o foi, noutro contexto, a operação "Mãos Limpas" liderada por António di Pietro em Itália) da luta contra a corrupção. E se evoco Baltazar Garzón é, não só por hoje ter sido organizada, também em Lisboa, uma manifestação de apoio a este Homem de Justiça que levou a Tribunal, ao fim de décadas de silêncio e branqueamento, o julgamento dos Crimes Contra a Humanidade cometidos pelo fascismo espanhol mas, acima de tudo, por considerar grave que, aos olhos das pessoas, em particular dos mais novos, o afastamento do Juiz Baltazar Garzón e a sua condenação por alegadamente ter transcendido o domínio da sua competência no que respeita à acusação dos fascistas que perpetraram tais crimes seja incompreensível, pouco tempo depois da sua actuação contra o terrorismo, ter sido, felizmente!, altamente mediatizada também em Portugal. O que está em causa é que os jovens percebam que a Justiça é uma invenção humana e que o Direito assume formas susceptíveis de praticar a injustiça!... e que, quando assim é, é, mais do que nunca, um dever cívico a luta pelos Direitos Humanos, pela Justiça e pela Liberdade!... e que foi isso que foi feito em Portugal, com o 25 de Abril - uma das maiores lições que podemos transmitir às gerações que se nos seguem!
Caríssima amiga Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarjunto-me à sua homenagem aos capitães de Abril que deram ao país um ar mais salubre com a Revolução dos Cravos. Subscrevo, plenamente, a sua pertinente conexão entre a acção benemérita do Juiz Baltazar Garzón e a imperiosa necessidade de defesa da liberdade, porque o espírito da lei, muitas vezes, não´decorre dos ideais de Justiça mas dos meandros tecnocráticos de gestão utilitária.
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
Carissimo amigo Nuno Sotto Mayor Ferrão,
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras e pela justa observação que aqui partilha sobre "o espírito da lei" e os "meandros tecnocráticos".
Receba as minhas melhores saudações amigas,
Ana Paula Fitas