quinta-feira, 16 de junho de 2011

Marinho Pinto e da Credibilidade da Justiça à Formação de Magistrados


A notícia surgiu ontem, como uma bomba. Os futuros magistrados portugueses, em formação no Centro de Estudos Judiciários (CEJ), foram "apanhados" a copiar durante a realização de um exame (ler aqui). Depois de conhecida a "proeza" dos irresponsáveis e incultos estudantes, o facto deu origem a várias informações que, de todo, considerei, desde o primeiro momento, inaceitáveis, designadamente, a eventual decisão de ser atribuída a nota de 10 valores a todos os autores da "heróica desfaçatez". Inadmissível, do ponto de vista ético, científico e deontológico, não pude, nem por um instante, acreditar que o nosso país descera a um tal nível de negligência e de capacidade de enfrentar e colaborar na descredibilização institucional da já tão fragilizada Justiça, contribuindo o próprio sector, de forma sustentada!, para o grave e justo aumento da desconfiança da sociedade civil no que à sua honorabilidade respeita. E se, por não estarmos perante um caso de estudantes em idades infantis, púberes ou sequer, adolescentes!, nem sequer me chocaria a "desclassificação" de efeitos exclusórios (ler AQUI) dos que, infantilmente!, assumiram a sua completa inépcia no que se requer ao perfil do exercício da magistratura, como forma de penalização, a simples hipótese de considerar como forma plausível de resolução do problema, a atribuição de uma nota de 10 valores a todos os infractores (ler aqui), surgiu-me como um total desrespeito pela Democracia e pelo Estado de Direito. Foi, por isso, com agrado, que acabei de ler que os alunos serão obrigados a repetir o exame (ler AQUI).... é o mínimo mas, mesmo o mínimo!, que se pode exigir à dignidade de um Estado, de um País e de um Povo.

4 comentários:

  1. Olá Ana Paula

    Este triste episódio só evidencia quão longo é o caminho para mudar este País... esta é uma doença que afecta em simultâneo dois pilares básicos de sustentação da cidadania e da democracia - a Educação e a Justiça. E com estes pilares sem solidez, n~~ao sei como será!

    Concordo consigo e com o Marinho Pinto!

    Um abraço!

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  2. Oh Caríssima APF,


    Mas alguém ainda tem duvidas que, em Portugal, há também teses de mestrado e teses de doutoramento encomendadas,feitas por interpostas pessoas.Feitas em menos de nada.E do nada.Vindas da cá e de Espanha.Vindas sabe-se lá mais donde?

    Mas alguém tem duvidas que, ao nível de licenciaturas, quando se mandava fazer um trabalho mais jeitosinho,se ía ao ano anterior,mudava-se o nome dos autores e já está.Adiante.


    Mas alguém ainda tem duvidas que somos um pais pequeno que torna as pessoas muito pequenas?

    Mas alguém ainda tem duvidas que tanto existem alunos corruptores como existem professores facilmente corruptíveis?

    APF,

    Nunca lhe telefonaram a ameaçá-la e a exigir-lhe determinada nota como me aconteceu no iscte?

    Nunca teve um telefonema do Director, pai da filha sua aluna que precisava de não reprovar?


    Finalmente tem duvidas,oh APF, que a sociedade portuguesa, é mesmo uma sociedade minada por todos os lados? Insegura,intranquila e disponível para todas as aldrabices possiveis?

    O Professor Jorge Borges de Macedo ainda é vivo? O Professor Veríssimo Serrão já morreu? O Professor Fernando Piteira Santos há quantos anos morreu?
    O Professor Adriano Moreira pactuaria com o 10? Ou mandava-os todos para o galheiro a aprenderem a ser homens e mulheres?

    Ficamos por aqui,não é?


    Quanto a esta história do Copianço,mutatis mutandis,remeto-a com a sua permissão para um texto de apenas "CEM PALAVRAS" no Al Tejo.


    Com as melhores saudações

    ANB

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  3. Pois é Ana Paula, vão repetir porquê? Porque foram justíssimas indignações como a sua, a minha, a de Marinho e Pinto e tantas outras que a isso os obrigou, mas o que deve ser tido como referência, para além do copianço geral, é a primeira solução encontrada, pelos seniores responsáveis pela formação dos nossos magistrados: 10 valores, uma positiva geral para tanta negligência. Em momento nenhum lhes passou pela cabeça que houvesse muitos que não fossem dignos da nota e outros que seriam injustiçados? Mais grave que o facto foi a forma bizarra como tentou ser escondido e tanto quanto me parece apenas por comodismo de férias que vão ser afectadas etc.

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  4. Cara Ana Paula Fitas
    Para além de outros males de que a nossa sociedade padece, há um que muito me preocupa a que se pode chamar "crise de valores". Lembro-me que se quis ir um pouco mais além do que a 4ª classe, habilitações com que iniciei preconcemente a actividade profissional, tive que o fazer à noite como trabalhador estudante.
    Revolta ver gente com a pretensão de seguir carreiras onde a honestidade devia ser um valor insubstituível, cometerem um acto que não sendo provávelmente crime em termos de código penal, não o deixa de ser. Quanto a mim não deviam ser só obrigados a repetir o exame da cadeira em causa, mas sim todo o ano lectivo. Cábula numa cadeira, provavelmente tambem nas outras.
    Abraço

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