terça-feira, 9 de agosto de 2011

Londres - das causas sociais da violência...


A violência nas ruas de Londres iniciou-se no bairro de Tottenham, passou a Peckam, atingiu Birmingham e Croydon e já se propagou a outras cidades inglesas como é o caso de Bristol e Liverpool. Relembre-se que os confrontos entre manifestantes e polícia decorreram do protesto contra a morte de um jovem e que o bairro londrino de Tottenham é um bairro multicultural onde vivem africanos e europeus das mais diversas proveniências, entre as quais, cipriotas, romenas e portuguesas... apesar do medo dos comerciantes e do espanto dos cidadãos e das autoridades, a verdade é que a pretensa violência gratuita tem causas e efeitos recorrentes que um dos manifestantes explicou desta forma: "Descontraiam... nós estamos sem empregos!" querendo com isto dizer que o que se passa nas ruas manifesta a opinião revoltada de quem não encontra na sociedade disponibilidade para a sobrevivência nos termos em que é considerada digna e desejável... e, independentemente do que pensamos sobre a violência como forma de expressão, a verdade é que relativizar ou negligenciar as causas sociais do problema é ignorar a realidade e contribuir para que aumente exponencialmente a tensão social que, cada vez com mais intensidade e gravidade, vai continuar a eclodir.

3 comentários:

  1. As causas sociais são, por sua vez, efeitos de outras causas. A situação que a Europa (e não só) atravessa é perigosa e complexa. Não se vislumbra solução nenhuma. O muro (entre ricos e pobres) está levantado e é cada vez mais elevado... (falei de muros, na minha última homilia. Sabia?)

    Falemos de muros, da forma em como são erguidos e nas de os derrubar (é que não chega constatar...)

    Desculpe a frontalidade.

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  2. Caro Rogério,
    Não peça desculpa pela frontalidade porque é de frontalidade que a realidade precisa... sem radicalismos interpretativos porque a situação é complexa e a aparentemente culpabilização dos jovens e menos jovens envolvidos nestes fenómenos é uma forma fácil da sociedade se desresponsabilizar em relação à violência. O antagonismo e confronto de classes está a aproximar-se do rubro... e é por isso que não é de estranhar o que marca a actualidade... escreverei mais sobre esta emergência social... e se o não tenho feito constantemente é para que se não banalizem as palavras e a previsibilidade da leitura mas, de facto, somos todos convocados a pensar, a dialogar, a procurar explicações e a construir alternativas... obrigado.
    Abraço.

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  3. Ana Paula,
    Completamente de acordo. O pretexto surgiu e a violência irrompeu. Já vi invocadas vários argumentos. Da falência do multiculturalismo à queda do socialismo britânico (absurdo!), encontra-se de tudo um pouco.
    As causas dos conflitos, aparte da expressão e formas que assumem, são múltiplas, mas sobretudo fundam-se na exclusão social, no desemprego e na falta de perspectivas de vida de milhares de jovens - os africanos são naturalmente os mais atingidos. E, não esqueçamos!, o Reino Unido tem das taxas de pobreza mais elevadas da UE (22% em 2009, segundo o Eurostat).
    Os líderes mundiais, por pusilanimidade ou conivência, abdicam de acções para disciplinar o 'capitalismo financeiro', gerador de uma crise ainda em ebulição e sem fim à vista. Abdicando, limitam-se a frugais acusações de violência e delinquência. Se assim continuarem, creio, estarão a acelerar a disseminação de outros conflitos. Até quando e com que resultados? São duas de muitas dúvidas com que me confronto.
    Com amizade, um abraço

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