A Moção hoje apresentada publicamente por José Sócrates destacava algumas ideias de que saliento: a) o espaço político pretendido é o centro-esquerda já que os valores a defender são a não-discriminação, o não agravamento e o esforço de redução das desigualdades; b) para tal, como resposta imediata a uma situação de crise estrutural nacional acrescida de uma outra crise, de dimensão inaudita a nível internacional, propõe o acesso ao crédito a empresas e famílias; c) propõe também o apoio ao sector empresarial e às famílias; d) aposta no investimento público como forma de atenuar o impacto do desemprego; e) insiste na continuidade da política apostada nas energias alternativas para reduzir a dependência energética externa; f) reafirma a possibilidade da regionalização (nos termos constitucionalmente definidos); g) defende o debate sobre a legalização dos casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo para efeitos da sua legitimização; g) afirma a obrigatoriedade do 12º ano como aposta real na qualificação da população... entretanto, a oposição, por parte do CDS, afirmava que é preciso salvar Portugal do socialismo... enquanto, por parte do PSD, à Dra Manuela Ferreira Leite, ouvimo-la chamar a Sócrates "coveiro da Nação" e acusá-lo de toda a crise económico-social e financeira do país, ilibando o reconhecidamente gravoso contexto internacional que tão obviamente agrava de forma substantiva e inegável a situação do país... Não creio que estejam a falar a sério!... e se estão, não são, minimamente, credíveis!... no fundo, esta oposição é resultante de uma prática ultrapassada de estar na política, sustentada na demagogia, no populismo e na ausência de sustentação ideológica e programática!... e demonstra a sua total incapacidade e impreparação para se adequar aos tempos que correm e às novas situações que se nos deparam... Piaget diria, por certo, que é falta de inteligência - porque a definiu (à inteligência!) como capacidade de adequação a situações novas!... eu, limito-me a constatar que, como me ensinaram desde menina, "mal vai o mundo" quando se confundem desejos com realidades e se apregoa e promete o que se não pode dar!... mas, as pessoas são inteligentes e sabem que, nem sempre o desejável é o possível e que a realidade se faz com o possível, sem que isso implique perda de sentido crítico... provavelmente, já toda a gente percebeu que é difícil acompanhar esta oposição em tanta afirmação infeliz, tanto equívoco e tanto lapso produzidos, quase!, em catadupa. Na realidade, podemos até ser levados a pensar que as competências podem ser apenas específicas... no caso, que uma economista, colocada na esfera da liderança política, não implica sucesso, podendo mesmo revelar-se um insucesso - ainda por cima sofrendo com isso efeitos regressivos relativos às competências que lhe tinham sido anteriormente reconhecidas... como se viu quando afirmou nem sequer ter feito os cálculos para um trabalho fiscal alternativo ao que critica sem grande sustentação, para além de uma obstinada negação assente em clichés que são, por sinal, pouco criativos!
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