Os custos de uma economia que privilegia o crescimento, concorrem para a promoção de um desenvolvimento fragilizado, dotado de visibilidade mas, destituído de sustentabilidade... porque os grandes investimentos urbanos materializados em grandes construções que abrigam instituições bancárias, hoteleiras, empresariais e superfícies comerciais são, maioritariamente, dependentes do exterior e de fluxos financeiros internacionais, disponíveis para a deslocalização que se encontra nos antípodas do desenvolvimento consolidado. De facto, o desenvolvimento económico-social não é uma consequência directa, necessária e suficiente, do crescimento económico-financeiro, cujo efeito se denota em áreas e sectores económicos específicos, sem qualquer equitatividade distributiva no território ou na pluralidade diversificada dos agentes de desenvolvimento. Por isso, construir uma economia assente apenas em fontes de crescimento económico, cria vulnerabilidades estruturais na rede de investimentos e de produção que, por efeito de causas externas (naturais ou financeiras), podem fazer desaparecer postos de trabalho e agentes produtores de riqueza (dois exemplos evidentes são, num dos extremos desta perspectiva, as autarquias enquanto grandes entidades empregadoras e, noutro extremo, os fluxos turísticos). Contrariar, para evitar, este risco, implica investir num desenvolvimento sustentado assente no recurso à economia social, planificada de forma integrada, por região. Condição prévia da própria sustentabilidade deste modelo de desenvolvimento, para efeitos da sua implementação e execuibilidade, é a existência de estruturas e infra-estruturas básicas, de acessibilidades e serviços eficientes e projectados, em termos de utilidade e qualidade, para o médio e longo prazo. O país precisa urgentemente, para a sua consolidação económico-social, de optar e/ou reforçar políticas que viabilizem, de forma pragmática, objectiva e eficiente, o desenvolvimento sustentado... e a Madeira, como está à vista, também! ... de outra forma não se compreende a urgência da reconstrução acelerada e apressada que a Secretária Regional do Turismo da Madeira hoje afirmou, à revelia do que o conhecimento técnico-científico aconselha e do que o bom-senso reconhece!
Mas será inevitável uma economia dualista, um sector exógeno receptor do turismo e o sector indígena ocupado em actividades locais, agrícolas, comerciais, hoteleiras e, quando muito, algum terciário intangível, tipo offshore...
ResponderEliminarDe qualquer modo, é inadmissível, na Madeira ou no Continente, construir em leitos de cheia, sem respeito pela orografia ambiental. (Do que o Jardim não quer que se fale, pois tudo o que foi construído foi sempre (in)devidamente autorizado!)
Caro vbm,
ResponderEliminarTem razão, a economia dualista é inevitável mas, o importante é que assente na coexistência equilibrada dos dois sectores, externo e interno... o terceiro seria bem dispensável mas, de facto, a "economia paralela" ou "semi-paralela" é, pela sua natureza, como o próprio vbm nos diz, intangível... Inadmissível é, concordo em absoluto o total desrespeito pela orografia e a hidrografia e este abusivo argumento tipo crença numa Providência que não se quer prever para não diminuir lucros imediatos que, como está à vista, vão sair muito mais caros do que se desejaria... porque além dos prejuízos, houve perda de vidas... e é isso que ainda torna mais inquietante esta pressa...
Abraço.
Cito “.....implica investir num desenvolvimento sustentado assente no recurso à economia social, planificada de forma integrada, por região”. Sublinho “por região”.
ResponderEliminarDo meu ponto de vista, antes de se pensar no Planeamento por Região, há que pensar no Planeamento à escala do País.
O Planeamento à escala da Região, surge numa fase posterior, e não pode deixar de ser subordinado a esse Planeamento Nacional.
Não se deve planear partindo das partes, mas sim andar do “Todo e Global”, para a “Parte e Singular”.
O Planeamento é sempre um vai-vem Todo-Parte, para delinear o Todo.
Há que reter , que nestas coisas, o Todo não é a “soma aritmética” das Partes. Por “absurdo” que pareça.
Tudo tem de ser analisado numa visão da “massa crítica”, mandante.
Uma visão do “Small is Beautifull”, é o que reina no “Compromisso Portugal”, dos Carrapatosos e Marcelos:
A Regionalização, muito mais que uma questão Económica, é um questão Política. Uma questão do Controlo Democrático, acrescido.
Cordiais Saudações Democráticas e Republicanas
ACÁCIO LIMA
O que aconteceu na Madeira devia servir de exemplo para o Continente. Os problemas que a Ana refere ocorrem também por cá.
ResponderEliminarSeria uma boa altura para repensarmos os Planos de Ordenamento da orla costeira, onde os múltiplos tornados verificados nos dois últimos dias são um aviso. Como sempre, o mais provável é ficarmos à espera de uma desgraça a sério.
Agora, ver AJJ disposto a cometer os mesmos erros urbanísticos e de ordenamento, depois do que aconteceu, é inconcebível!
Cara Ana Paula tem toda a razão no que diz mas quando vemos que por parte do Governo Regional há uma pressão enorme para camuflar até o número de vítimas e o seu responsável veio já dizer que é para fazer tudo na mesma, é caso para dizer que não aprendemos com os nossos erros.
ResponderEliminarPior que isso é, como já aqui outros disseram, nas regiões felizmente não afectadas por calamidades destas persistirmos em não implantar políticas de prevenção.
Caro Acácio Lima,
ResponderEliminarObrigado pela partilha da sua reflexão que subscrevo no que respeita à necessidade do planeamento integrado nacional. Curiosamente, o meu caro amigo introduziu aqui a questão da regionalização que não estava no meu horizonte quando escrevi este texto. De facto, não considero que as questões do planeamento regional e da regionalização se impliquem e esgotem mutuamente porque, como bem diz, a regionalização é um problema de ordem política... e acrescento: a regionalização integra a política de ordenamento do território e pode implicar uma economia em perspectiva, enquanto o planeamento regional é, no quadro de um desenvolvimento equitativo e não assimétrico do território, indispensável à organização económica nacional.
Abraço.
Tem toda a razão, Carlos... em Portugal, para além de outros, são evidentes os problemas da orla costeira, previsíveis de há muito e cada vez mais frequentes... claro que gostariamos que não tenham que se verificar situações mais graves para, enfim, se proceder às correcções indispensáveis... infelizmente, pela negligência a que nos habituaram relativamente à intervenção preventiva, receio que, mais uma vez, os cidadãos fiquem expostos ao sabor da Providência... Abraço.
ResponderEliminarÉ tão lamentável,caro Ferreira-Pinto... tão lamentável que se torna quase ofensivo para os cidadãos a prioridade política conferida à imagem em detrimento da verdade e da mágoa que nos causa saber que numa pequena ilha há agora 600 desalojados e que os hotéis locais ao invés de abrirem as portas os reencaminharam para quartéis... quanto às políticas de prevenção e ao reconhecimento político que no nosso país se lhes confere, acabei de fazer esse reparo na resposta ao Carlos Barbosa de Oliveira. Obrigado pelas suas pertinentes observações... Abraço.
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