quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ramos-Horta - A Vergonha de um Nobel da Paz...


Quando os interesses estratégicos ultrapassam a ética de responsabilidade internacional implicada pelo respeito dos Direitos Humanos, perde-se a consideração pelos que assumem esta postura ou, no mínimo, é legítima a dúvida sobre a sua autenticidade e honestidade motivacional em eventuais momentos em que os mesmos protagonistas possam ter apelado a causas desta dignidade. É o caso de Ramos-Horta que, na qualidade de Presidente de Timor-Leste, afirmou, em declarações à Lusa (ver AQUI), reconhecer "legitimidade à soberania chinesa em relação ao Tibete" apesar, disse, de admirar o Dalai-Lama por condenar actos de violência no território tibetano. As declarações de Ramos-Horta merecem o repúdio de todos os pacifistas do mundo, por várias razões: a) decorrerem de interesses estratégicos de natureza económica e comercial; b) serem proferidas por um homem que foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz; c) denotarem a hipocrisia na avaliação de situações em que se está ou não, pessoalmente envolvido... porque, até por evidentes razões históricas, Timor não merecia mais a independência do que a merece o Tibete. A este propósito, relembro, por um lado, que a ONU, em 3 Resoluções datadas, respectivamente, de 1959, 1961 e 1965, reconheceu os tibetanos como "privados do seu direito à auto-determinação" e que, por outro lado, a impossibilidade de, até hoje, o Tibete ser internacionalmente reconhecido como nação soberana, se deve, exclusivamente, à correlação de forças e interesses dos vários países em relação à China... apesar de toda a violência a que o seu povo tem sido sujeito - ver AQUI - pelas autoridades chinesas! Para ostensiva violação dos Direitos Humanos já bastava... escusava Ramos-Horta de vir fazer o favor ao Governo Chinês de, como Presidente de um país, se prestar a fazer declarações deste inqualificável teor, apenas e só para, a troco de algumas vantagens económicas a preço de saldo, os chineses exibirem a relativização do apoio de Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, à causa tibetana.

18 comentários:

  1. Querida Ana Paula... realmente disse tudo!
    Vai de vento em popa esta Nova Ordem Mundial.
    Princípios, Valores e Direitos Universais são violados todos os dias, pelos líderes mundiais, Galardoados com Nobel da Paz, etc.
    Depois caso a caso, dentro de cada Nação como é o caso de Portugal, onde podemos ver aqui
    e já agora aqui também.
    Estão a chegar tempos difícieis, os tempos que Aldous Huxley preconizava para daqui a dois séculos, acabaram. Agora entraremos na fase negra, a fase de George Orwell. A ditadura imposta a nível mundial e tempos de brumas, fome, de guerra e morte.
    Quanto ao que disse Churchil, quando afirmou que nunca tantos foram governados por tão poucos, a globalização, com todos os meios de alta tecnolgia espionagem e indução, só poderiam dar nisto.
    para 2012 está prevista a Clowd, vem substituir a Web e nós só ficamos com um monitor, teclado e CD para iniciar o programa, o software será grátis para todos, e a informação ficará a cargo dos "especialistas" como disse o administrador da Windows quando em 2008 veio a Portugal dar esta novidade. A censura ao mais alto nível, que irá lotar os 700 complexos prisionais a estrear nos EUA, em pouco tempo. Imagine-se como será na China, Israel e todos os Países à "cabeça" da Nova Ordem Mundial. Entretanto açambarcaram e açambarcam, para eles e seus "seguidores", até ao último recurso. Pobres de nós povo comum...
    Um Mundo tão hipócrita quanto o de Hitler, e quase a atingir os mesmos, ou semelhantes objectivos, dominar pelo terror.
    Um beijinho de um grão de pó, completamente desiludido. :((

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  2. Raríssimas são as pessoas que não se deixam comprar...

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  3. acaciobaratalima@tvtel.pt25 de fevereiro de 2010 às 19:41

    01- Há, em muitas cabeças, um enorme equívoco, sobre Ramos Horta.

    02- Vão “esquecendo”, que depois de abalar daqui, foi para os USA, onde foi “suportado”, pelos neo-conservadores, próximos de Bush, e também “mestres” do Fernandes, do “Público”, ex-Director, e “padrinho” da nova Directora.

    03- E convem ter presente, as enormes dificuldades, dele, à Governação de Mari Alcatiri.

    Cordiais Saudações Democráticas e Republicanas

    ACÁCIO LIMA

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  4. Tu tens alguma razão e eu tenho pena até porque Ramos Horta é o único Prémio Nobel que cheguei a conhcer pessoalmente, há séculos, no Timor colonial! :) Não! Tu não tens alguma razão: tu tens a razão toda.

    O Ramos Horta é parvo, devia ter defendido sim a autodeterminação política ou autonómica do Tibete e se a China retaliasse, outros aliados a substituiriam no apoio político a Timor. A diplomacia é isso mesmo.

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  5. O Ramos Horta disse isso??? Estou pasma!! Incrédula...

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  6. Excelente o seu post, Ana. Tinha pensado escrever sobre o assunto, mas depois de ler isto vou fazer link, se me permite.

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  7. Pois é, Ana Paula, é a “real politik”, além de que Ramos Horta sempre foi pró-chinês (nos tempos em que se discutia o lugar geográfico (não, não é geométrico) da ortodoxia). Por outro lado, no “vespeiro” que é Timor Leste, com o outro “rapaz” todo encostado aos australianos, e tendo-se passado o que já se passou, Ramos-Horta acolheu-se à protecção chinesa. É claro, que podia ter ficado calado. Provavelmente exigiram-lhe uma manifestação positiva sobre um assunto que é um dos três que realmente incomodam os chineses.
    O meu comentário pode parecer-lhe distanciado. Talvez. É que eu nunca me emocionei com a questão de Timor…por isso também tenho mais dificuldade em me decepcionar. Do lado de cá, do nosso, percebi o sentido profundo da “emoção” e nunca me emocionei com ela; do lado deles, houve coisas que nunca percebi bem…Claro, claro, que no meio disto tudo havia o povo. Como em todo o lado…

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  8. Querida Fada do Bosque :)
    Excelente texto este que aqui partilha... de facto, aquilo que mais deveria preocupar-nos é o que ocorre nos meandros dessa "real politik" a que se refere JMCorreia Pinto, autor do Politeia e que vale mesmo muito a pena conhecer...
    Beijinho... de pirilampo furioso :)

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  9. Caro Voz a 0 db,
    ... infelizmente, é verdade! São rarissimas as pessoas que se não deixam comprar e assim se justifica a escalada de erros, injustiças e corrupções que grassa e aumenta por todo o lado, na senda do domínio da economia e da gestão... Abraço.

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  10. Caro Acácio Lima,
    Obrigado por nos recordar estes elementos que grande parte dos cidadãos insistiu em negligenciar em nome das mistificações populistas que tanto agradam à necessidade comum de acreditar e tanto servem os interesses dissimulados dos grandes poderes.
    Cordiais saudações democráticas e republicanas.

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  11. Caro vbm,
    Obrigado pelas tuas palavras... entre a coragem e o discernimento reforçador de algum prestígio que pudesse ter, Ramos Horta optou pela afirmação assertiva do que contraria a mensagem com que levou o mundo a apoiar a causa de Timor... opção que é inqualificável ou, no mínimo, lamentável!
    Um abraço.

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  12. Olá Eva,
    ... pois... é por isso ainda mais inacreditável... por ter defraudado as pessoas que não podiam supôr que um dia optaria por estas formas de ser e de estar.
    Abraço.

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  13. Carlos,
    Agradeço antecipadamente o link que muito me honra :)
    Um abraço.

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  14. Cara Ana Paula,

    Embora me pareça que o José Manuel Correia Pinto, especialista e conhecedor como é destas questões internacionais, revele uma grande agudeza e perspicácia no Comentário que aqui faz...ou seja, creio que raciocina a frio e bem sobre o assunto, não posso deixar de a saudar pelo modo como aborda a questão.
    Vou, portanto, fazer link para " A Carta a Garcia".
    Abraço.
    OC

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  15. Caro JMCorreia-Pinto,
    Antes de mais, o meu sincero agradecimento pelo comentário a este assunto... comentário que, sinceramente, não considero distanciado mas, isso sim, lúcido... lúcido pela referência certeira à discussão sobre o que bem designa por "lugar geográfico da ortodoxia", pela ressalva à evocável geometria conceptual da mesma e pela informação que eu desconhecia do facto de Ramos-Horta sempre ter sido pró-chinês... mas, acima de tudo, obrigado pela pertinente observação do recurso à protecção chinesa face ao "australianismo" de Xanana Gusmão e à situação de "vespeiro" que é Timor-Leste que, explica, contextualizadamente a opção do "rapaz" porque era, de facto, este o dado que me faltava equacionar no meio da indignação com que tomei conhecimento da notícia... apesar de, também eu, nunca me ter rendido a Ramos-Horta e à copiosa aliança construída sobre Timor... como bem diz, no meio está o povo... o último a ter uma palavra a dizer... e, em Timor, a situação é particularmente confrangedora porque, para além dos que reagiram ao colonialismo encontrando formas de acesso ao poder, a população terá, de facto, dificuldade em dominar uma situação interna que evidentemente a correlação de forças internacionais controla... mas esta é uma outra questão por remeter para a adequação das formas políticas à personalidade cultural dos povos, problema que nos devolve a uma outra forma de pensar o sentido endógeno e exógeno do conceito de "auto-determinação"...
    Um grande abraço amigo.

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  16. Caro Osvaldo Castro,
    Obrigado pelas suas boas palavras :)
    ... aceite antecipadamente o meu agradecimento feliz pelo link no "A Carta a Garcia".
    Um grande abraço.

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  17. Deve haver aqui um equívoco. A generalidade da comunidade internacional, a começar pela União Europeia com Portugal incluído, não tem uma posição minimamente diferente da que Ramos horta assumiu. O que o mundo defende é a necessidade de haver uma ampla autonomia para o território do Tibete, com respeito pela identidade e pelos direitos dos tibetanos, nunca a independência para aquele território. A soberania da RP da China sobre o Tibete não é nunca posta em causa.

    Carlos S. Ribeiro

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  18. Sou do Brasil, e tenho acompanhado a saga do Timor e do Ramos-Horta dede os meus tempos de Universidade nos anos 80. Acho que ele se violentou ao proferir tais declarações.

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