... digam lá que razão terá despertado em mim esta memória... noutro tempo, dir-se-ia: "dão-se alvíssaras" a quem, justamente!, explicar o sentido deste poema de José Fanha, nos dias de hoje... um poema intitulado: "Eu Sou Português Aqui".
Continuando Abril... Nunca se esqueçam de sentir as palavras! Camões
ABRIL
Havia uma lua de prata e sangue em cada mão.
Era Abril.
Havia um vento que empurrava o nosso olhar e um momento de água clara a escorrer pelo rosto de mães cansadas.
Era Abril que descia aos tropeções as ladeiras da cidade.
Abril tingindo de perfume os hospitais e colando um verso branco em cada farda.
Era Abril o mês imprescindível que trazia um sonho de bagos de romã e o ar a saber a framboesas.
Abril um mês de flores concretas colocadas na espoleta do desejo flores pesadas de seiva e cânticos azuis um mês de flores um dia um mar de flores um mês.
Havia barcos a voltar de parte nenhuma em Abril e homens que escavavam a terra em busca da vertical.
O nosso lar passou a ser a rua nesse mês sem sono.
Era Abril e eu soltei o sumo da palavras e vi dicionários a voar nesse mês e mulheres que se despiam abraçando a pele das oliveiras.
Era Abril que veio que ardeu e que partiu. e vi
Abril que deixou sementes prateadas germinando longamente no olhar dos meninos por haver.
Meu querido amigo Camões :) ... as palavras são a primeira forma comprometida do Ser, enquanto expressão do Sentir... obrigado pela partilha do poema que continua a evocação... e também merece "alvíssaras" :)) Bjs!
Caro Rogério, ... fica-me a ecoar o sentido, recíproco, do poema: "Eu sou a festa inacabada quase ausente eu sou a briga a luta renovada ainda urgente"... Obrigado, Rogério! Um grande abraço.
Cara Ana Paula Fitas Ouvir José Fanha remete, para aquele grande programa (Zip Zip) onde se deu a conhecer. Nesse tempo tinhamos que ler nas entrelinhas o que o Fanha nos declamava. Creio que a razão que a terá despertado, não será saudosismo, mas o bom gosto que nunca envelhece. Obrigado pela partilha. Abraço Rodrigo
É um grande poema do Fanha!
ResponderEliminarContinuando Abril...
ResponderEliminarNunca se esqueçam de sentir as palavras!
Camões
ABRIL
Havia uma lua de prata e sangue
em cada mão.
Era Abril.
Havia um vento
que empurrava o nosso olhar
e um momento de água clara a escorrer
pelo rosto de mães cansadas.
Era Abril
que descia aos tropeções
as ladeiras da cidade.
Abril
tingindo de perfume
os hospitais
e colando um verso branco em cada farda.
Era Abril
o mês imprescindível que trazia
um sonho de bagos de romã
e o ar
a saber a framboesas.
Abril
um mês de flores concretas
colocadas na espoleta do desejo
flores pesadas de seiva e cânticos azuis
um mês de flores
um dia
um mar de flores
um mês.
Havia barcos a voltar
de parte nenhuma
em Abril
e homens que escavavam a terra
em busca da vertical.
O nosso lar passou a ser a rua
nesse mês sem sono.
Era Abril
e eu soltei o sumo
da palavras
e vi
dicionários a voar
nesse mês
e mulheres que se despiam abraçando
a pele das oliveiras.
Era Abril
que veio
que ardeu
e que partiu.
e vi
Abril
que deixou sementes prateadas
germinando longamente
no olhar dos meninos por haver.
José Fanha, in "Tempo Azul"
Bjs!
Palavras dele, sem reclamar alvissaras
ResponderEliminarEu sou a festa
inacabada
quase ausente
eu sou a briga
a luta antiga
renovada
ainda urgente.
Abraço
Donatien,
ResponderEliminar... é um belo poema, meu amigo... um Grande Poema!
Obrigado por partilhar aqui o seu/o nosso sentir!
Abraço.
Meu querido amigo Camões :)
ResponderEliminar... as palavras são a primeira forma comprometida do Ser, enquanto expressão do Sentir... obrigado pela partilha do poema que continua a evocação... e também merece "alvíssaras" :))
Bjs!
Caro Rogério,
ResponderEliminar... fica-me a ecoar o sentido, recíproco, do poema:
"Eu sou a festa
inacabada
quase ausente
eu sou a briga
a luta renovada
ainda urgente"...
Obrigado, Rogério!
Um grande abraço.
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarOuvir José Fanha remete, para aquele grande programa (Zip Zip) onde se deu a conhecer. Nesse tempo tinhamos que ler nas entrelinhas o que o Fanha nos declamava. Creio que a razão que a terá despertado, não será saudosismo, mas o bom gosto que nunca envelhece.
Obrigado pela partilha.
Abraço
Rodrigo