A crise alimentar esteve em debate entre os deputados portugueses no Parlamento Europeu (um por cada partido com representação parlamentar), no programa "Eurodeputados", a cuja transmissão assisti, ontem, na RTP 2... a emissão, repetida, passou já tarde, noite dentro e, ao meu olhar de cidadã, os seus 60m foram um momento único na política portuguesa: um deputado do PS, uma deputada do PSD, um deputado do CDS, um deputado do PCP e uma deputada do BE analisaram a União Europeia enquanto importadora alimentar e, face à crise em que se encontram as economias nacionais ("a braços" com as designadas "dívidas soberanas"), no que se refere ao caso português, foi consensual a ideia de que a UE tem que proceder a uma revisão estrutural da Política Agrícola Comum (PAC), direccionando-a, antes de mais, para a diminuição das importações alimentares. Para o efeito, cada eurodeputado apresentou razões que, inequivocamente!, se completavam e se reforçavam na exposição de algumas das ideias que consideraram essenciais a essa reforma. As intervenções, cooperantes, objectivas e sustentadas por todos, podem resumir-se da seguinte forma: para diminuir as importações alimentares é fundamental produzir nacionalmente. O incremento da produção nacional e a revitalização do sector primário, a saber, a agricultura, a par do desenvolvimento de uma rede de distribuição eficaz e sustentada, é o principal instrumento de promoção efectiva do desenvolvimento rural, motor da dinamização da demografia do interior. Destas intervenções, destaco a qualidade da perspectiva apresentada por João Ferreira do PCP, que, aceite por todos os colegas por corresponder e ilustrar perfeitamente um objectivo comum, bem poderia servir de eixo estrutural ao argumentário português, no combate que tem que se fortalecer na esfera europeia, para defesa, não só do interesse nacional mas, do interesse de todos os cidadãos europeus - em especial, dos que habitam o mundo rural. E, pelo que ouvi, os nossos deputados ao PE são capazes de se unir para o fazer - desde que os seus partidos não tolham as suas capacidades comunicacionais e diplomáticas, impondo as lógicas fracturantes a que recorrem, em nome de uma identidade partidária que mais não é do que mero corporativismo. Quanto ao argumentário exposto, determinante para o desempenho de um papel activo e capaz no plano político europeu, pode sintetizar-se assim: para reduzir a vulnerabilidade económica nacional face à dependência externa de importações, deve promover-se o direito à produção interna e a reorientação dos modelos de produção para pequenas e médias explorações, vocacionadas para responder às necessidades do mercado interno. Com o objectivo de, por um lado, reduzir a agricultura direccionada par ao exterior, intensiva e monocultural, e de, por outro lado, privilegiar a diversidade produtiva, esta reorientação dos modelos produtivos concorreria para a consolidação da autonomia local e contrariaria o crescimento exponencial do desemprego, através da promoção do aumento do número de pessoas susceptível de vir a trabalhar na agricultura. E se estes objectivos devem vir a configurar o modelo de desenvolvimento e crescimento económico nacional, é também indispensável que, no plano comunitário, a nova reforma da PAC autorize os países-membros a produzir para efeitos de auto-suficiência, articulando, para efeitos de sustentabilidade, a política agrícola com as políticas comerciais - actualmente responsáveis pela dispersão e globalização do mercado alimentar, com custos sociais mas, também, financeiros, elevadissimos!, para os cidadãos e os Estados.
Obrigado pelo alerta (e pelo texto). Vou tentar ver se há video do programa.
ResponderEliminarSublinho o que escreveu: "E, pelo que ouvi, os nossos deputados ao PE são capazes de se unir para o fazer - desde que os seus partidos não tolham as suas capacidades comunicacionais e diplomáticas, impondo as lógicas fracturantes a que recorrem, em nome de uma identidade partidária que mais não é do que mero corporativismo."
Espero que encontre, Rogério... eu nem me lembrei de procurar, imagine! - tal é o cansaço!!! ... mas, tem toda a razão no destaque que fez da minha citação... é assustador como "as máquinas" podem engolir o melhor das pessoas sem atenderem ao enorme prejuízo público que essa lógica implica... esperemos que um dia saibam discernir e valorizar, nos momentos certos, as prioridades e os valores...
ResponderEliminarAbraço.
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarEm primeiro lugar, parabéns pelo texto, bem observado.
De facto existe uma enorme falta de estratégia colectiva em Portugal no que toca às decisões políticas.
É com tristeza que também assumo que num tão pequeno país como o nosso esta fragmentação assumida seja um factor impeditivo na luta por interesses nacionais comuns em detrimento dos interesses partidários.
Quiçá uma utopia minha, mas seria algo que gostaria de ver mudado...
Um abraço
(...)Tal, além de imoral, mostra como a actividade bancária está a trabalhar em "roda livre", sem qualquer receio de censura da opinião pública e menos ainda dos Governos. Fica assim claro que o sector bancário é a actividade económica privada mais protegida pelo Estado, funcionando em cartel e em regime de oligopólio, o que contradiz flagrantemente o espírito da Economia de Mercado que tanto se defende e apregoa. Pudera! Tal protecção contrasta com a ausência de verdadeiras políticas de apoio financeiro e económico às forças do Trabalho. Veja-se como o comércio da quinquilharia chinesa no nosso mercado destruiu a pequena e média indústria e o comércio do ramo. Veja-se como a entrada de grandes superfícies comerciais de Capital Estrangeiro destruiu o comércio a varejo de milhares de portugueses. Se alguém ainda tem dúvidas do que acabamos de afirmar, basta olhar para os números das falências e do subsequente desemprego, que já roça os 700 mil trabalhadores, que assistimos desde que os sucessivos governos escancararam a porta à Globalização Económica. Alguém já viu algum banco português encerrar as portas por causa da concorrência externa?
ResponderEliminar(...)Esta dependência financeira dos Estados, sobretudo os de economia mais débil, como a de Portugal, também interessa ao eixo Franco-Alemão, preocupado que está com o valor da Moeda Única e com a integridade da sua Economia. Daí os recados e reprimendas da "premier" alemã Ângela Merkel ao Governo perdulário de José Sócrates. A consequência mais danosa para a Economia Nacional, desde que Portugal se integrou no Mercado Comum Europeu, foi a destruição do nosso aparelho produtivo, que levou ao encerramento de muitas actividades económicas que hoje bastante falta nos fazem para combater a actual Crise Económica. Tal situação foi ainda agravada com a adesão ao Euro, uma moeda alienígena e sobrevalorizada administrativamente pelo BCE, o banco emissor. Como importamos mais que exportamos, o mercado interno tem uma carência permanente de divisas. Ora, se por acaso o país deixasse de receber financiamento externo, os exportadores alemães, franceses e outros ficavam a ver navios... Daí todo o interesse que Portugal não entre de facto em ruptura financeira, mas apenas que não retome a sua Economia... havendo pois uma gestão da nossa dependência externa no sentido de não prejudicar esses interesses, feita com a conivência dos políticos do chamado "Arco do Poder", que sempre foram "testas de ferro" do Sistema Financeiro Internacional.(...)
Texto integral aqui
Já estou a ver RESMAS de ENCANUDADOS (DUAS GERAÇÕES mínimo) a correrem para os campos para se dedicarem à Agricultura, é que já estou a visualizar!!!... Este discurso misturado com o discurso da "treta" de MAIS E MAIS E MAIS QUALIFICAÇÕES, ENSINO SUPERIOR ATÉ VOMITARMOS.... dá no fim, e depois de muito bem homogeneizado... bilubilubilú....
ResponderEliminarPaula Minha Amiga :(
ResponderEliminar... os pintores andam distraídos. O quadro “Projecto Arco-Iris” exige mais tons de verde! e vermelho! e...
Obrigada, pela chamada de atenção!
Paletas de abraços
M.José