A sociedade global e mediática em que vivemos tornou comum a partilha da informação, promoveu a valorização tecnológica e incentivou o crescimento do terceiro sector - o sector dos serviços. O facto arrastou contudo, sem precauções socio-económicas e políticas, o abandono dos aparelhos produtivos e investiu numa alegada competitividade que mais não fez do que acentuar este desequilíbrio dos sectores económicos e desenvolver uma agressividade no mercado, que penalizou fortemente a igualdade de oportunidades entre os cidadãos - nomeadamente no que se refere ao acesso ao emprego. Daí ao crescimento desproporcional do desemprego e ao aumento exponencial da pobreza, foi um pequeno passo concretizado, no seu pior!, pela crise do mercado financeiro que estamos a viver! Hoje, quando a luta contra a violência e a necessidade de segurança dos cidadãos contra os riscos colaterais da economia de mercado, pode servir interesses que reforcem as forças partidárias conservadoras, estimulando e promovendo o racismo e a xenofobia, é essencial desenvolver uma educação comum, pedagogicamente vocacionada para o exercício da cidadania, do respeito pelos Direitos Humanos e da coexistência pacífica no respeito e valorização da diversidade ou seja, no respeito pela identidade cultural dos povos. E se a questão é pertinente no chamado mundo ocidental*, é ainda mais pertinente em sociedades onde as crianças e jovens são sujeitas a enculturações que fomentam o ódio, a violência e a guerra contra o "outro". Por isso, exactamente a propósito do que ontem aqui escrevi a propósito da morte de Bin Laden (ler Aqui), certo e seguro é, apenas, que o mundo será, de facto!, mais seguro quando os cidadãos (crianças de hoje e adultos de amanhã) não optarem pela violência como forma de resolução dos seus problemas e quando puderem exigir um futuro melhor através do exercício de eleições livres e de manifestações públicas como as que fizeram recentemente, entre outros, os jovens tunisinos e egípcios... Por isso, para que a civilização contemporânea defenda as culturas sem fomentar genocídios ou etnocídios, guerras ou terrorismos, seria fundamental que, por exemplo, a ONU conseguisse que todas as nações que integram a organização, permitissem introduzir nos seus sistemas escolares formais (recorrendo ao apoio de uma Unesco capaz de privilegiar esta matéria), módulos disciplinares sobre uma temática universal que poderemos designar por"cidadania e sociedade" que se deveria prolongar por todo o período escolar obrigatório das crianças e jovens. O futuro do planeta decorre do futuro das sociedades e o futuro das sociedades depende da sua cultura e da forma como esta configura as suas representaçãoes da intervenção cívica e política... e, porque a cultura se constrói e consolida na educação, é através da educação que poderemos combater a reprodução da pobreza e da injustiça das assimetrias sociais que sustentam a revolta e fornecem argumentos à defesa da violência como arma política!... Na verdade, o título do Relatório da Unesco que tem vindo a ser aprofundado desde há 15 anos e que se pode ler AQUI denota, sem dúvida alguma, o verdadeiro desafio das culturas e das civilizações contemporâneas: Educação, Um Tesouro a Descobrir!
(* Nota: no comentário abaixo, da autoria de Voz a 0 DB pode aceder-se a um vídeo que ilustra bem o acesso das crianças a armas)
(* Nota: no comentário abaixo, da autoria de Voz a 0 DB pode aceder-se a um vídeo que ilustra bem o acesso das crianças a armas)
Espero que ainda vá a TEMPO para esta pequena sugestão (veja aqui)... e a sugestão é colocar este vídeo no fim desta mensagem... tal é a ligação entre o que escreveu e o que o vídeo mostra...
ResponderEliminarDepois irei comentar mais um pouco!
Caro VOZ :)
ResponderEliminarObrigado pelo contributo que aqui partilha. De facto, o vídeo sugerido ilustra bem a dimensão do problema mundial da promoção da violência, designadamente, pela divulgação do armamento a que as crianças são sujeitas e que, para além de a essa divulgação estarem expostas, as motiva ou estimula para o seu uso... não acrescento o vídeo não só por não ter encontrado disponível o código de "incorporação" mas, também por considerar que o seu impacto reduziria o espaço de reflexão positiva para que pretendi contribuir com a publicação deste texto... de qualquer modo, acrescento, a título de nota, no próprio texto, a chamada de atenção para o acesso ao vídeo através do seu comentário que, tão oportunamente, aqui regista.
Um abraço.
O problema nasce nas Escolas. Isto é, são as próprias Escolas de Portugal que organizam visitas aos quartéis das Forças Armadas Portuguesas, onde, lhes são mostrados armas, equipamento militar (e se calhar até lhes mexem!), dão umas cambalhotas, fazem que marcham e pronto... visita concluída. Aliás, fiz uma breve visita ao sítio do Exército e rápido descobri notícias de visitas de escolas, e no vídeo promocional lá aparecem as crianças.
ResponderEliminarEsta forma de estar na vida, de se estar sempre há espera de quem venham instituições externas impor seja o que for, neste caso, inclusão de módulos disciplinares obrigatórios, é sempre um caminho demasiado fácil, que não deve ser seguido.
Por outro lado temos uma cultura que começa desde cedo a incentivar as crianças para a violência, seja ela contra animais humanos e não humanos. Desde as músicas, passando pelas histórias/fábulas e acabando nos jogos (reais e virtuais). Tudo é assimilado por estes cérebros sequiosos de informação, e se a violência faz parte disto, então ela própria é assimilada.
Por isto considero que devemos ser Nós, se achamos que isto está mal, a iniciar a mudança. Sempre podemos servir, isso sim, de EXEMPLO à ONU/UNESCO.
...Educação « Um Tesouro a Descobrir » e a Preservar!!...
ResponderEliminarUm abraço
M.José