sábado, 13 de agosto de 2011

Desinteligências energéticas...

O aumento do IVA em cerca de 230% nos consumos da electricidade e do gás coloca-nos, antes de mais, perante a questão de perceber a legitimidade e razoabilidade do significado desta tétrica decisão político-económica. De facto, o aumento de 6 para 23% do Imposto de Valor Acrescentado (cuja lógica está devidamente assumida na própria designação desta taxa!) em dois consumíveis correntes indispensáveis à vivência societária em que nos inscrevemos, faz-nos perguntar: estaremos perante uma total desinteligência por parte da "troika", do governo ou de ambos?! Porque o aumento deste imposto implica um aumento tão grande do custo de vida que vai, incontornavelmente, por um lado, bloquear toda a possível poupança doméstica e, por outro lado, aumentar os custos de produção de todo o tipo de bens, a um ponto tal que podemos, desde já, antecipar que, dos ditos 100 milhões de euros "arrecadados" com este aumento de impostos (que não é, de todo!, um corte na despesa mas, isso sim!, um aumento forçado da receita do Estado), pouco se "arrecadará" já que se irá perder no aumento dos gastos de consumo familiar e na perda de competitividade das empresas! ... moral da história: o desespero financeiro das economias nacionais e das instâncias financeiras internacionais é tão grande na sua cega necessidade de responder aos mercados artificiais da especulação que, como quem já perdeu o discernimento para distinguir a fantasia da realidade, até os mais grosseiros erros de cálculo fazem parte da engenharia financeira em que nos envolveram e que nos reduz, enquanto cidadãos, à simples condição de escravos - ora alienados no esforço da sobrevivência, ora excluídos, por deixar de haver lugar para a própria alienação!... surpreendidos com a violência urbana de que a Inglaterra foi o mais recente palco?... lamento informar mas, penso que "ainda agora a procissão vai no adro"...

5 comentários:

  1. Questões muito pertinentes, Ana Paula.
    Um abraço.

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  2. Cara Ana Paula Fitas
    De acordo como o seu texto e a "revolta" nele contida. Mas o grande problema está naquilo que diz nos seu ultimo parágrafo.
    Num texto que escrevi esta noite, chamei ao actual governo "comissão liquidatária". Creio que é isso que está a acontecer.
    Sou dos que pensa que a nossa constituição e o regime Democrático deve-nos levar a protestar. Há formas pacíficas de o fazer. Por ex: ocorreu-me lançar a ideia de uma noite às escuras. Sim uma noite em que não se utilizasse a energia electica nas nossas casas. Sería como que um apagão de protesto.
    Abraço

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  3. 17% de aumento no gás e electricidade
    deve equivaler a um encarecimento
    p'ra aí de 4 a 5% num orçamento
    médio e talvez 6 a 7% em
    famílias pouco acima
    do salário mínimo.

    É uma amputação brutal de rendimento
    das famílias para o estado e
    o governo tem de passar
    a explicar tudo
    direito,

    à 'troika' e aos cidadãos,
    o que anda a fazer com os impostos,
    e quando é que acaba de pagar o que devemos.

    Os bancos, também, têm de explicar muito bem
    o que andam a fazer com o crédito que concedem,
    a quem, para quê, com que utilidade.

    E as empresas, depois que vão passar a ter mais
    dinheiro com o corte da TSU, bem têm de passar
    a pagar mais IRS, empregarem mais gente,
    ou serem auditadas e multadas
    por fuga aos impostos.


    Está bonito, isto!
    Como parece que disse
    o antigo bispo de Setúbal,
    Dom Manuel Martins, devem
    estar p'ra acabar os "bons costumes"...

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  4. E as tão badaladas medidas de corte na despesa, nem vê-las. Era muito fácil mandar bitaites quando estavam no varandim da oposição...

    Beijinho

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  5. Não sei como fiz as contas acima apresentadas
    mas são um perfeito disparate! Os aumentos
    no orçamento das famílias são muito
    menores! Mesmo, para orçamentos
    familiares entre 550 a 750 €,
    com consumos fortes de gáz
    e electricidade, de 16
    a 12 % do rendimento
    anual, o iva elevará
    o custo de energia
    entre 2.6 a 1.9%
    do rendimento
    familiar.

    Peço desculpa do erro 'colossal'
    do primeiro comentário e
    confio que a estimativa
    agora é razoável.

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