segunda-feira, 2 de maio de 2011

Da morte de Bin Laden...


O anúncio da morte de Bin Laden pelo Presidente dos EUA, Barack Obama, é hoje, seguramente!, a notícia do dia, 10 anos depois do trágico e inesquecível 11 de Setembro, a que se seguiu um conjunto mortal e persistente de acções extremistas que lançaram o terror no mundo inteiro. A propósito desta notícia e a título de comentadora, a jornalista Cândida Pinto afirmou esta tarde, à SIC-N, que o facto dos movimentos e revoltas que marcaram o mundo árabe em 2011 não terem levantado bandeiras de apoio aos extremistas, demonstra que, actualmente, a Al Qaeda já não tem a popularidade de há uns anos, relevando que as multidões de jovens exigiram, isso sim!, trabalho, mais liberdade e melhores condições de vida! De facto, da Tunísia ao Egipto, da Síria ao Yémen e por muitos outros países que foram gerindo as respectivas situações internas com a razoabilidade perdida na Líbia (onde a guerra deflagrou efectivamente e continua com elevados custos para a população), o mundo árabe afirmou ao mundo não ter como objectivo ajudar a concretizar as finalidades que, durante muito tempo, o líder da Al Qaeda anunciou e, menos ainda!, apoiar a metodologia de extermínio que a organização escolheu como forma de actuação. Hoje, com a morte de Bin Laden, ao fim de 10 anos de perseguição e de um jogo de "gato e de rato" cujo fim era previsível, o mundo reage como se estivesse em causa a capacidade do mundo ocidental em vencer as ameaças de terrorismo. De facto, a morte de Bin Laden é um símbolo para a desmistificação de uma ideia que podia contribuir para o recrutamento de crianças e jovens para as forças extremistas! Um símbolo de uma luta aparentemente inglória contra o medo que parecia invisível e capaz de assaltar os cidadãos com a destruição, a cada esquina. A vitória dos EUA é, por isso, essencialmente simbólica e, provavelmente!, apesar de potenciais reacções mais ou menos imediatas (que podem ocorrer num esforço de demonstração que a morte do líder não significa a aniquilação da organização -e, pior que isso, da sua ideologia!), um significativo contributo para o recrudescimento da adesão dos mais jovens ao extremismo político que se esgota no detonar de uma brutal violência cega que ninguém pode aceitar! E se é estranho ver celebrar a morte de alguém, estranho seria se isso não acontecesse como consequência dos milhares de vítimas inocentes feitas pelo terrorismo proclamador do ódio e que, neste simbolismo, encontra uma forma de catarse. A pergunta que se coloca é a de saber se o mundo ficou mais seguro; contudo, sabendo-se que a proliferação de organizações destrutivas não acaba subitamente, é compreensível a reacção, cautelosa, dos líderes políticos mundiais:



Destaque-se que, na comunicação de Barack Obama, foi hoje, uma vez mais, salientado um facto crucial para toda esta problemática emblemática nas sociedades contemporâneas: os EUA não estão nem nunca estarão em guerra contra o Islão... e esta é uma afirmação importantissima na medida em que a ideologia do terror tem recorrido à religião como seu sustentáculo, confundindo e perturbando o quadro perceptivo e cognitivo de crianças, jovens e adultos, enculturados e socializados em contextos islâmicos que têm o direito de conhecer e viver num mundo onde os Direitos Humanos sejam de facto, valorizados e respeitados.

12 comentários:

  1. Olá, Ana,
    (Filosoficamente falando: poder-se-á "celebrar a morte" como se (apenas e somenente: "como se") de uma revolução revoltada se tratasse?). Um grande abraço, JDZ.

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  2. Pelo que tenho lido por aí, não parece haver assim tão grandes razões para manifestações nem de alegria nem de alívio. Alias, pressinto que exista aqui muito de mal contado. Ou será apenas por já estar escaldado?

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  3. "...acções extremistas que lançaram o terror no mundo inteiro." Efectuadas pelos EUA e seus Aliados, com x^n potência de mortos mais que os ainda por provar "atentados". Aliás afirmar que aquilo foram atentados é o mesmo que dizer que no Iraque existiam Armas de Destruição Maciça.

    "A pergunta que se coloca é a de saber se o mundo ficou mais seguro". R: Claro que não... Guerras dão DINHEIRO e é disto que precisamos. E a principal Organização que beneficia com as Guerras ainda está de pé: os Estados Unidos da América.

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  4. Ana Paula
    Oie eu ainda existo ( ah ha ha ha), você sumiu do meu blog, meu Deus será que está tão desinteressante ou você não gostou de algo? Preocupa-me agradar-te sabia?
    Querida aqui no Brasil essa suposta morte/assassinado é capa dos jornais,porém cadê o corpo? Não, sinceramente, não creio que ele tenha sido assassinado nem o vejo como um negro do apocalipse. É momento de tregua de paz, isso me parece até meio que u ma bomba no meio dessa história de guerra na Síria. Porque certamente pela notícia da morte dele haverá uma retaliação, uma vingança árabe (da AlQuaeda e grupos deles). Terrorismo? Difícil falar nisso, é horrível eu detesto, porém dizem que o talibã é dos Estados Unidos e são mega terroristas.
    É uma loucura, o negócio é não nos envolvermos afetivamente e sim agirmos em benefício dos seres humanos. Bjs, Dani
    PS todo mundo é humano - tem esse lado - a menos os que foram alvo de lavagem cerebral para o mal ou lutar por uma causa com terrorismo até.

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  5. Depois de o terem morto tantas vezes, será que desta morreu mesmo? Espero que não seja um filme da CIA com realização da MOSSAD. Já vi quase tudo, até um cavalo andar no arame.
    Abracinho

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  6. Ana Paula,
    Com certeza que o júbilo pela morte de Bin Laden é plausível...assim como o alívio para quem determinou apanhá-lo «vivo ao morto»...
    Relativamente à segurança no mundo...considero que há muitos grupos determinados a que isso não aconteça, por uma razão ou por outra...e o terrorismo nem exige grandes meios...só é preciso arranjar umas bombas e uns quantos fanáticos!...
    Beijos,
    Manuela

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  7. Caro JDZ,
    Como sabe, há contextos culturais em que a morte é celebrada e mesmo que o facto nos possa parecer estranho, a verdade é que a morte é celebrada pelos motivos mais "bizarros", dependendo do ponto de vista cultural em que cada um se coloca... por isso, para mim, a questão não tem, do ponto de vista filosófica, uma dimensão ontológica mas, apenas e só, simbólica... e esta dimensão, pela sua própria natureza, pode servir interesses e motivações antagónicas... daí a complexidade do problema :)
    Um abraço.

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  8. Caro Rogério,
    De facto, a expressão manifesta de alívio é, na minha opinião, a reacção ao simbolismo de que o facto se reveste e relativamente ao qual é fácil perceber o dualismo da emotividade, repartido entre seguidores e vítimas... quanto à questão da "história mal contada", sabemos que, na multidimensionalidade do plano diplomático, as evidências são sempre mais complexas do que aparentam ser... e, no caso, pela delicadeza representada pelo referido dualismo da questão, é natural que muito venha a ser a conhecido "a posteriori" e que, entretanto, muito venha também a ser manipulado... de várias formas, registe-se (basta lembrarmo-nos da tendência para a emergência de toda a espécie de sebastianismos)...
    Um abraço.

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  9. Olá VOZ :))
    ... pois... aí reside a dimensão trágica que é, afinal, o cerne da questão: enquanto a indústria do armamento for um negócio e uma fonte poderosa de rendimentos, capaz de sustentar economias legítimas e paralelas, o mundo não será um lugar seguro... quanto a agentes dinamizadores destes processos, não penso que se possam reduzir a um país ou um produtor... do meu ponto de vista, a dimensão é muito mais vasta e "desconhecida" do que nos é dado saber -e quiçá!, imaginar... e é isso que é assustador!... a pouca consistência de um efectivo horizonte de paz e coexistência pacífica entre os povos e as culturas...
    Um abraço.

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  10. Querida Dani :))
    Claro que continuo atenta ao seu blogue - o que é que pode ter acontecido para ficar com a sensação de que "desapareci" ?! (de qualquer modo, vou verificar se houve algum retrocesso tecnológico!!)... para mim, também é importante saber que há uma Dani :) desse lado que lê e pensa criticamente sobre o mundo e que me dá a honra de vir ler o que aqui vou partilhando... Contudo, no que se refere à matéria desta notícia, penso que devemos ter, por um lado, a noção da extensão manipulatória a que estamos sujeitos e, por outro lado, a capacidade de percepcionar e avaliar os acontecimentos não só pelas suas causas mas, também, pelos seus efeitos. Por isso, considerando que a violência não é uma solução eficaz e defensora que sou da política da não-violência, não posso deixar de reflectir sobre estes fenómenos que tendem a multiplicar-se e a ameaçar a vida dos cidadãos sem que isso represente qualquer contributo para a dignificação da vida humana... toda a violência é condenável e é essa a razão de não pactuarmos com a amplificação dos seus meios de exercício, particularmente quando se opta por estratégias que não permitem qualquer forma de defesa das populações por viverem da sua invisibilidade... na guerra sempre houve regras que são, porque existem, contestáveis e susceptíveis de alteração... introduzir ou deixar que se introduza a ideia de que é legítima a acção anárquica e gratuita da violência, seria permitir que ninguém pudesse sair à rua com um mínino de segurança... apesar de desajustadas e injustas, as sociedades carecem ainda de formas de controle porque, está à vista!, a mentalidade cultural dos cidadãos ainda não nos permite viver em paz, com o pleno respeito pela diversidade e os direitos humanos... sobre a dimensão económica da violência, escrevi há pouco, respondendo ao Voz a 0 DB, que enquanto existir indústria de armamento a suportar economias, viveremos em risco... finalmente, minha querida amiga, o desejável é que todos os seres humanos se aperfeiçoem a si próprios no sentido de viverem, contribuindo e agindo em prol de um mundo melhor para todos - um dever que nos cabe como seres compassivos que somos :))
    Bjs :)

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  11. Caro Zéparafuso :)
    ... eu não tenho visto tanta coisa mas acredito no que me diz que já viu :))
    ... porém, como todos os filmes têm um fim, também não estranharia que este fosse o fim desta já longa metragem - até porque é um final que, de certa forma, pode agradar a "gregos e troianos" :))
    Abracinho amigo e feliz com o regresso :)

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  12. Cara Manuela :)
    Obrigado pelas suas palavras que traduzem bem a realidade desta absurda simplicidade trágica em que reside o horror da violência, do terrorismo e da guerra.
    Bem-haja!
    Um grande beijinho reconhecido e solidário.

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