Impressiona a facilidade com que o BE recorre à mais gratuita demagogia, lembrando os que, identificados com a direita mais populista, acenam bandeiras de facilitismo ilusionista... refiro-me a uma das medidas que o Bloco propagandeia, alto e bom som, como se fosse uma medida mágica de resolução de um dos problemas estruturais da sociedade portuguesa: taxar as fortunas como forma de angariar dinheiro para aumentar as pensões e sustentar a Segurança Social... Sejamos objectivos!... Se é justo, como aliás o defende também o PS, proceder a um cálculo mais justo dos impostos em função dos rendimentos, não podemos sequer imaginar que, nesse procedimento reside, a solução para o problema! Porque os ditos "ricos" não são a galinha dos ovos de ouro dos portugueses! Não, não são! E só o pode imaginar quem não conhece o país onde vive e ignora o cenário concreto da dimensão económico-financeira que o sustenta! Somos um país pequeno e pobre... negá-lo é ser incapaz de enfrentar a realidade e, consequentemente, não estar em condições de criar propostas que lhe sejam adequadas. Quantos ricos temos? Quão ricos são? Por quanto tempo o serão? ... responder a estas três perguntas permite-nos ter a noção exacta do irrealismo da proposta do Bloco... porque alguém duvida que, a aplicar-se uma tal medida à sociedade portuguesa, os potenciais contribuintes deslocariam o seu património para onde a sua penalização não fosse o bode expiatório de uma sociedade cujo problema é, antes de mais, o do emprego e da revitalização do aparelho produtivo? ... O pior que se encontra nos arautos da virtude é levarem tão longe a sua demagogia, ao ponto do seu horizonte ser um espaço que não corresponde a território algum... na verdade, adoptar levianamente uma tal medida apenas contribuiria para, algures, num qualquer paraíso fiscal, fazer crescer as off-shores...
(Este texto tem publicação simultânea nos blogues: Público-Eleições 2009 e Simplex)
Os ricos portugueses não emigram. Estão presos a Portugal pelas redes de interesses e influências que criaram e que lhes permitem ser ricos. Demoraram toda a vida a construí-las e, se tivessem que as abandonar, dificilmente as reconstruiriam noutro país.
ResponderEliminarO Bloco sabe isto. O PS também o devia saber, já que ele próprio faz parte destas redes.
Caro José Luiz Sarmento,
ResponderEliminarEssa questão não se coloca... não se trata de emigração, trata-se de deslocalização patrimonial, no caso, capitais... e nem sequer se pode colocar a questão das redes de riqueza a reconstruir porque o que a globalização permite é a desterritorialização e pulverização entre centros produtores de riqueza e gestão... além disso e sem prejuízo da natureza das off-shores e outros mecanismos mais ou menos sinistros e paralelos, não podemos esquecer que o estrangeiro foi e continua a ser sempre que se justifica refúgio para este tipo de "fugas"... mais, quem é que imagina que alguém se possa sentir lesado e fique a assistir à perda de lucros sem agir de modo a defender a sua riqueza?!... penso, por tudo isto, que a sua última frase, a propósito do PS é perfeitamente despropositada, pretendendo reduzir o problema à "guerrilha" doméstica... não é disso que, repito!, se trata: trata-se de discutir de forma objectiva a sustentabilidade do país. De qualquer modo, obrigado pelo seu comentário.
Não posso estar mais de acordo. Porém, o PS entrou também ele no domínio do populismo ao querer taxar os mais ricos (mais abonados).
ResponderEliminarCaro Paulo Lobato,
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário... de qualquer modo, penso que rever a carga fiscal das instituições bancárias, de grandes empresas ou de rendimentos extraordinários pode revelar-se uma medida de justa proporcionalidade - cenário que em nada se identifica com a ideia de apresentar a carga fiscal sobre "grandes fortunas" como solução para a sustentabilidade das "pensões" e da Segurança social...
Estimada Ana Paula Fitas,
ResponderEliminar(sem querer ser maçador)
Desculpe ter sido pouco preciso, mas eu procurava referir-me à limitação das deduções fiscais pelos mais ricos. Neste capítulo, e não sei se a intensão se mantém, pareceu-me tratar-se de um mero exercício populista.
cumprimentos
Paulo Lobato
Estimado Paulo Lobato,
ResponderEliminarDe acordo... Obrigado pela sua gratificante atenção.
Volte sempre! :)
Cara Ana Paula
ResponderEliminarAgora é a minha vez de, para parafrasear o seu bem amado primeiro-ministro, contrariar tanta maledicência face à esquerda:
http://triplom.blogspot.com/2009/09/injeccao-atras-da-orelha-ou-quem-anda.html
Cumprimentos
Francisco
Francisco Oneto
Caro Francisco,
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário... contudo, não se trata de maledicência... trata-se de considerar que a situação política actual requer uma acção concertada da esquerda (viu o meu post "Sentido de Estado"?!) em que, sem anular as diferenças identitárias de cada força política, se trabalhe numa plataforma que mais do que defender "capelinhas" defenda os interesses da população portuguesa, não facilitando o caminho a quem, na defesa do neoliberalismo, conduzirá os pobres a uma maior desprotecção social e que ameaça claramente a sociedade com o aumento extraordinário do desemprego (porque é uma evidência que não existe capital que permita, de súbito, às PME's tornarem-se as produtoras da riqueza nacional)... Vou ler o texto cujo link me sugere. Com a amizade e a consideração de sempre, um abraço, :)