Em tempo de campanha eleitoral, quando os candidatos ainda exercitam o tom do discurso para aferir as escolhas que irão materializar as linhas estratégicas das intervenções públicas, medidas e pensadas ao milímetro para bem explorar o impacto mediático, é difícil resistir ao que o país nos vai revelando, numa evidência clara dos interesses (quase sempre subliminares, sob a égide da demagogia), dos princípios (ou melhor, da sua ausência) e das propostas (por um lado, dissimuladas, à direita, na hipocrisia de uma revolta que saliva na vontade de aceder ao poder e, por outro lado, protegidas, à esquerda, pela desresponsabilização da governação)... vale por isso a pena ler a excelente síntese de Valupi no Aspirina B sobre o protagonismo de Manuela Ferreira Leite sobre quem também se pronuncia de forma sistémica José Reis Santos no Simplex. De facto, num contexto em que o pensamento de alguma esquerda se envolve em difusos considerandos como os que justificam as palavras de João Tunes no Água Lisa e considerando a inqualificável e vergonhosa postura protagonizada num artigo publicado no jornal "Avante" que mais não faz do que revelar até que ponto se pode recorrer à mesquinhez quando está em causa o poder (no caso, a Câmara de Almada) mas ao qual Paulo Pedroso reage no Banco Corrido com sangue-frio e dignidade, somos remetidos para a racionalidade que Osvaldo Castro nos propõe no texto "Manter o Rumo... é recusar a ideia coligatória".
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