"(...) Hoje, o problema que se coloca é o de saber que apoios financeiros estão as instituições, comunitárias e nacionais, dispostas a investir e a dedicar ao mundo rural… porque, infelizmente, a tendência contemporânea na ideologia da modernidade é, ainda, a de privilegiar o crescimento das cidades apesar da consciência do risco das assimetrias de desenvolvimento, da concentração populacional e do empobrecimento. A História explica a emergência das grandes metrópoles, resultantes da crença de que a concentração territorial dos sectores secundário e terciário, pela redução de custos na distribuição dos produtos e no recrutamento da mão-de-obra, bastariam para a criação da riqueza; porém, a actualidade demonstrou a fragilidade e insuficiência deste modelo, denotando a urgência do investimento no sector primário revitalizado e a desconcentração do investimento industrial. Em causa está a capacidade de privilegiar as condições de vida das pessoas e de promover o equilíbrio do desenvolvimento… e só depois de resolvido este dilema da modernidade e de concretizada politicamente esta opção, poderemos aspirar a que os apoios financeiros, nacionais e comunitários, sejam dirigidos em quantidade e qualidade, para o mundo rural. Nessa altura, se ainda existirem, os fundos comunitários direccionados para o desenvolvimento rural e regional, poderão então ser geriso pelas comunidades, organizações e instituições vocacionadas para o efeito e devidamente integradas no território… até lá, o que, feitas as contas, se destinar ao mundo rural, continuará a ser gerido pelas cidades que continuarão a olhar para a ruralidade como um espaço de lazer e não como um espaço para viver… é a perspectiva “dos outros” sobre “os outros”… uma perspectiva perfeitamente desadequada ao mundo rural que precisa de ser pensado como um espaço “nosso” e “para nós”… A mudança de perspectiva precisa, por tudo isto, de ser estudada e repetida à exaustão… criar condições para o efeito é um passo essencial para o processo de desenvolvimento que implica a capacidade de canalizar verbas para o investimento local e regional… conquistar o reconhecimento do valor do mundo rural é hoje uma Causa da sociedade contemporânea… uma Causa que justifica todos os esforços e o esforço de todos… por todos nós!"
(Conclusão do artigo que publiquei no trimestre em curso na Revista "Viver")
Cara Ana P.,
ResponderEliminarApenas uma breve contribuição para ir ao encontro das suas palavras: “(...) conquistar o reconhecimento do valor do mundo rural é hoje uma Causa da sociedade contemporânea…”. Dever-se-á pensar que o mundo rural não é uma brincadeira do passado, a nossa sobrevivência depende (entre outros factores) da produção de alimentos: “O Homem vai buscar mais de 90% dos alimentos ao solo. Só os cereais representam cerca de 80% dos alimentos consumidos no mundo. Apesar de todos os avanços tecnológicos, o solo é e será sempre necessário para a produção de alimentos e fibras. As plantas captam a radiação solar, dióxido de carbono da atmosfera, água e elementos minerais do solo, e sintetizam os compostos orgânicos utilizados como alimento por quase todos os outros organismos. Estes vão de minúsculas bactérias, passando por animais ruminantes e carnívoros, até nós” (Varennes, A. (2003). Produtividade dos Solos e Ambiente. Lisboa: Escolar Editora. P.3). Reflecti à pouco tempo "perto" da problemática que menciona e acabei por perceber: “São considerados essenciais para o desenvolvimento das plantas verdes, pelo menos os seguintes dezasseis elementos: carbono, oxigénio, hidrogénio, azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês, zinco, cobre, molibdénio, boro e cloro” (Costa, J. B. (2004). Caracterização e Constituição do Solo (7ª ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. P.17). Porventura, se houver uma imperfeição dos elementos essenciais às plantas, haverá também a redução da qualidade, causando não só distúrbios metabólicos, mas também a própria contaminação da cadeia alimentar humana...enfim uma pequena adenda a pensar. Um abraço
Está a ver Ana Paula?!
ResponderEliminarCom a ajuda da tecnologia, conseguiu mostrar-nos uma foto da sua alma! :) Afinal nem tudo é mau... consegui à distãncia, visualizar o seu espírito!!!
MUIIITO BONITO
Beijinho do grão de pó.
Obrigado, Jeune Dame pelo esclarecedor contributo com que enriqueceu este texto. De facto, é uma Grande Adenda que muito traz à reflexão contemporânea que se distrai, excessivamente, em relação ao essencial. Um grande abraço.
ResponderEliminar... Sensibilizada e feliz, foi depois de muito tempo a olhar para as belas palavras deste comentário da Fada do Bosque que consegui escrever o que de mais singelo e sentido posso dizer desta forma: Obrigado pela generosidade da beleza desse modo de olhar a vida e de a partilhar... Fada do Bosque é o seu nome verdadeiro... qualquer outro é apenas um modo de simplificar a nomeação de uma pessoa especial... encantada, daqui segue, na luz de um pirilampo, um grande abraço amigo e um beijinho :)
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