segunda-feira, 29 de março de 2010

Imperdoável Hipocrisia Católica...


... a dos que avocam autoridade moral para julgar o mundo e as suas práticas humanas (divórcio, aborto, uniões de facto, casamentos gay, educação sexual escolar, relações afectivo-sexuais extra-conjugais, preservativos e prevenção da SIDA, vida sexual na adolescência, homossexualidade e sei lá mais quantos outros exemplos se poderiam enumerar), quando protegem hediondas práticas criminosas, designadamente contra crianças. A exploração sexual das crianças e os abusos a que são submetidos os menores, evidenciam o quão imperdoável é a pedofilia, crime e doença que, ao ter por agentes, pessoas que recorrem ao uso do poder, da manipulação e do medo suscitado pelo seu status, configura a natureza dupla e tripla do próprio crime (pela evidência da sua premeditação, pela sua natureza e pela idade das vítimas). Pior que tudo, inqualificável e vergonhoso, é, para além do Papa ter discursado e presidido às cerimónias da Semana Santa, em Roma, tentando relativizar o seu próprio silêncio durante anos sobre o abuso sexual dos padres sobre as crianças em todo o mundo, a Igreja Católica ter permitido a existência e vigência do documento que, com autoria do então Cardeal Ratzinger, hoje Papa, AQUI podemos conhecer porque só agora chegou ao conhecimento público.

11 comentários:

  1. Não escrevi sobre o assunto, nem provavelmente vou escrever, mas estou completamente de acordo com o que diz.
    A imprensa internacional (que a gente lê), mais até do que a nossa, tem trazido diariamente revelações cada vez mais irrespondíveis.
    A minha posição é simples: das religiões espero sempre o pior...
    Abraço
    CP

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  2. Obrigado, meu amigo! De facto, a história de milhares de ano de manipulação de massas torna as religiões um terreno de difícil credibilidade cívica - nomeadamente porque a defesa dos valores, tal como a dicotomia da aplicação racional entre esses valores e as práticas, foram, desde sempre os seus dogmas de fundação, impermeáveis ao tempo e à humanização... pena é que a imprensa portuguesa tanto se esquive ao confronto com a realidade porque seria muito importante uma discussão intelectualmente séria sobre as causas deste flagelo e a importância do seu impacto social.
    Um grande abraço.

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  3. Ana Paula,
    Estou completamente de acordo com o seu texto.
    A impunidade não pode ser insensada no altar da hipocrisia nem do totalitarismo que enforma uma estrutura eclesiástica. Felizmente que já muito pouca gente tem medo dos castigos terrenos como a excomunhão e quejandos. E é aí que a igreja treme; já não têm medo dela e são capazes de a denunciar.
    É um assunto deveras chocante, não por não acontecer a outros níveis, mas por vir de onde vem, daqueles que deveriam ser considerados acima de qualquer suspeita.
    Por isso gostei do artigo do padre Anselmo que ontem referi em post.
    Um abraço.

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  4. Subscrevo as palavras que aqui partilha, T.Mike... contudo, preocupa-me o "fundamentalismo" dos fiéis e a forma como a Igreja procura relativizar, sempre sob a lógica dos "dois pesos e duas medidas", o juízo sobre as suas práticas... e também gostei de ler, no Vermelho Côr de Alface, o texto do Padre Anselmo.
    Um abraço.

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  5. É uma vergonha.

    Mas também o é
    a cobardia
    das vítimas
    que aguardaram
    anos e anos
    para só agora
    protestarem.

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  6. Caro Stefano,
    Os meus agradecimentos pelo acesso partilhado a informação tão pertinente e documentada.
    Penso que todos deveriam ter conhecimento de factos tão relevantes para as sociedades europeias e aconselho os leitores a supervisionarem a sugestão que aqui deixa.
    Um abraço.

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  7. Caro vbm,
    É, de facto, escandaloso... quanto à observação que aqui regista sobre a demora da denúncia por parte das vítimas, penso que o problema é mais complexo do que a mera cobardia... como é que sabemos se as pessoas se não mantiverem fiéis e crentes, seguidoras obedientes da cartilha que o próprio Ratzinger tutelou com ameaças de excomunhão aos denunciantes?!... cultura, religião e medo são uma mistura explosiva... e se os homens tivessem o pulso necessário à tomada de responsabilidade pela condução do seu próprio destino, por certo se não deixariam depender assim da manipulação, designadamente religiosa... é uma opinião, claro!... sempre disponível para ser burilada :)
    Abraço.

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  8. Ah... divulgue o video no blog!!!

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  9. Obrigado pela sugestão, Stefano :)
    Já pensara nisso e irei fazê-lo (provavelmente amanhã).
    Abraço.

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  10. segui o link e vou parar a um artigo do dn de 2006. Não há aqui uma certa confusão?
    Depois não entendo porque é que os julgamentos públicos do Primeiro Ministro são maus, mas o papa pode ser julgado na comunicação social. Consegue explicar-se melhor?

    Ventura Paulo

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  11. Caro Ventura Paulo,
    Um dos links que aqui faço dá acesso a informação datada de 18 de Março de 2010; quanto ao do DN e na medida em que o que está em causa é o conteúdo não percebo qual o relevo da data de publicação do DN a não ser o de podermos constatar que os factos são conhecidos de há muito e que, pelo silêncio que se fez durante anos sobre a matéria, nem sequer foram muito explorados pela comunicação social que, pelos vistos, como a própria Igreja, só agora, perante o número de casos conhecidos e denunciados, foi obrigada a abordar o problema de forma mais sistémica. Finalmente, no que se refere ao que designa por "julgamentos públicos da comunicação social" não penso que seja isso que está a acontecer porque, pelo menos, até agora, o que constatamos é a descrição de casos... o juízo esse é da opinião pública e a discussão essa, nas sociedades democráticas, é um direito de todos... só para terminar, não vejo paralelo algum entre esta situação e o modo sistémico de suspeição que a comunicação social tem alimentado sobre o PM, pelo que deduzo que esta evocação é gratuita, linear e incorre em total falta de justificação.
    Esclarecido?
    Obrigado pelo seu comentário.

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