domingo, 21 de março de 2010

Portugal... Ontem e Hoje...

"PORTUGAL EM PARIS
Solitário
por entre a gente eu vi o meu país.
Era um perfil
de sal
e Abril.
Era um puro país azul e proletário.
Anónimo passava. E era Portugal
que passava por entre a gente e solitário
nas ruas de Paris.
Vi minha pátria derramada
na Gare de Austerlitz. Eram cestos
e cestos pelo chão. Pedaços
do meu país.
Restos.
Braços.
Minha pátria sem nada
sem nada
despejada nas ruas de Paris.
E o trigo?
E o mar?
Foi a terra que não te quis
ou alguém que roubou as flores de Abril?
Solitário por entre a gente caminhei contigo
os olhos longe como o trigo e o mar.
Éramos cem duzentos mil?
E caminhávamos. Braços e mãos para alugar
meu Portugal nas ruas de Paris."
(Manuel Alegre in "O Canto e as Armas - Canto V-Lusíada Exilado")

4 comentários:

  1. Velho livro, poemas sempre presentes.
    Um abraço, Ana Paula.

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  2. antes de mais nada, as minhas desculpas por este comentário não ter a ver com o post...
    ma é só um

    Convite

    O livro "Continuando assim...", foi maltratado...

    Resolvi por isso, e porque tanta gente não encontra o livro onde deveria estar (nas livrarias), recontar a história
    Lá no …. Continuando assim…

    Vamos em metade da história, o livro reescrito, não está igual (nem poderia!) ao que foi editado.
    Obrigada a todos os que vão seguindo ( pois só assim vale a pena).
    E já lá vão mais de 200 comentários de pessoas tão diferentes umas das outras…
    Um obrigada especial a quem ainda não conhece, e chega de novo

    Mais uma reflexão em relação a todo este assunto, e um conselho, se é que me é permitido:

    --- quando vos pedirem dinheiro para editar as vossas palavras, simplesmente digam que não ---
    BJ
    Teresa

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  3. T.Mike,
    Palavras certeiras as que aqui deixa... bem preferível seria que as palavras, em relação ao que descrevem, fossem datadas de um tempo e evocadoras de uma memória que esgotasse o seu sentido... contudo, não é assim... os portugueses continuam a emigrar e a encher de cestos as paisagens das passagens dos territórios da nossa forçada itinerância.
    Um grande abraço.

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  4. Cara Teresa,

    Obrigado pelo alerta. Vou ver...
    Um abraço e votos de muito sucesso :)

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