Primeiro, foi Jerónimo de Sousa a surpreender os portugueses e os próprios comunistas, ao afirmar que apoiaria uma moção de censura ao Governo mesmo que a sua origem fosse a dos protagonistas das políticas de direita! Agora, vem o Bloco de Esquerda dizer que vai apresentar uma moção de censura, com o objectivo de condenar e castigar a governação. O argumento destas duas forças de esquerda reside, segundo dizem!, no combate às políticas de direita! Ora, acontece que, como todos sabemos, se o governo liderado pelo PS fosse destituído e novas eleições fossem agendadas, a governação do futuro próximo só poderia ser igual (caso o PS voltasse a ganhar) ou ainda mais à direita, uma vez que, como é sabido!, o PSD afirma e assume uma ideologia e um programa de governação mais neoliberal e mais redutor do Estado Social que, por enquanto!, ainda temos. Por isso, o argumento "cai por terra" e não é essa, seguramente!, a motivação desta súbita intenção da esquerda em censurar e, porque não dizê-lo?, derrubar o Governo. No caso do PCP, poderá tal motivação residir na vontade de afirmar o seu poder como vanguarda da condenação das políticas governamentais, na sequência de um resultado eleitoral pouco lisonjeiro, que é preciso relativizar... Quanto ao Bloco de Esquerda, num momento em que foi conhecida a expulsão de um dos seus militantes (João Pereira) e em que está assumida uma tendência anti-Louçã no seio deste partido, depois do péssimo resultado que significou o seu apoio à candidatura de Manuel Alegre, vir falar em moção de censura nesta altura é, nada mais nada menos, do que uma corrida "para a frente" no sentido de querer antecipar-se ao PCP, na tentativa de protagonizar a oposição à esquerda do PS. Erros crassos! As propostas de apresentação de moções de censura ao Governo não são, neste momento, mais do que um novo argumento para a descredibilização da esquerda que se requer sólida, credível e responsável. É pena que o modo de fazer política da esquerda, ao invés de apresentar propostas programáticas esclarecedoras e sérias, potencialmente eficazes e viáveis, para defender os interesses económico-sociais dos portugueses, esteja já, apenas e só!, ao nível do copiar a direita no seu pior: o tacitismo gratuito e o populismo... uma esquerda capaz de viabilizar governações mais à direita não é uma esquerda mas, isso sim!, uma outra forma de direita... ora do que Portugal precisa é de uma esquerda capaz de fazer acreditar os portugueses que é possível viver melhor!... infelizmente, não é esta a mensagem que os portugueses recebem com estas ameaças balofas e bafientas que insistem em propostas de moções de censura inoportunas e desnecessárias.
Tudo isto é demasiado caricato para ser verdadeiro.
ResponderEliminarUm abraço, Ana Paula.
É verdade, Miguel... a pobreza da argumentação e a evidência oportunista do momento, a par de uma competição sem sentido, retira seriedade à intervenção política partidária... é pena ser a esquerda a fazê-lo! A população não compreende e a direita deve considerar tudo isto ridículo até pelo "favor" que lhe estão a prestar... enfim!...
ResponderEliminarUm abraço.
Cara Ana Paula.
ResponderEliminarComeça a ser moral e eticamente difícil estar dentro ou apoiar um partido que seja neste país. Os partidos políticos, todos eles, estão a arruinar a democracia portuguesa e o país.
Mas o que são os partidos políticos, todos eles, senão uma expressão dessa mesma sociedade.
Caro António Carlos,
ResponderEliminarSinceramente, obrigado pelas lúcidas e claras palavras aqui partilhadas que subscrevo sem reservas... é de facto confrangedor e doloroso perceber que, por muito que queiramos colaborar, somos impedidos de o fazer por razões morais e éticas que nos são colocadas pela própria actuação das organizações partidárias deste país...
Abraço.
???!
ResponderEliminarRogério,
ResponderEliminar???!
... ... ...
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarPermita-me discordar de si. Um governo mais liberal do que aquele que temos?
O problema não se coloca ao nível do liberalismo, mas ao nível dos valores (ou da falta de valores deste governo). Para além de que a sua mensagem parece ser cada um fala por si, cada um defende o seu nicho.
Como sabe é difícil ser-se mais liberal do que este governo é com uma franja importante da população Portuguesa, os Precários. E custa-me ver gerações não incomodadas com a estranha agonia de um povo de jovens e não jovens cada vez mais qualificados, de velhos a morrerem abandonados e mumificados em casa e ver uma pretensa esquerda caviar apenas preocupada com as sua benesses de classe.
Com toda a amizade que tenho por quem defende valores de liberdade e de igualdade, não entendo como há uma geração que nem os próprios filhos ama e os deixa entregues a códigos contributivos, como o que tira 60% do rendimento (se comparado com os TPCO) aos "desgraçados" recibos verdes. É este governo um governo de esquerda ou um governo mais à direita que o PP?
Carissimo P.A.S.,
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário. Tem toda a razão quando fala nos Precários e numa geração hipotecada à inutilidade social simplesmente porque a gestão económico-política e social das governações (efectivas e potenciais!) não consegue e não quer reconhecer relevância à vida humana capaz de justificar uma mudança efectiva de paradigmas de acção e de medidas concretas... quanto à natureza neo-liberal das políticas que temos nos dias que correm, deixe que lhe diga que o meu receio assenta numa verdade de senso comum, a saber: é sempre possível fazer pior!!!... importante seria que a sociedade civil conseguisse fazer ouvir a sua voz e obrigasse à mudança!!!... um dia acontecerá porque a situação é insustentável... nem que os europeus tenham que encontrar as suas Praças Tahrir!... e se alguma inteligência se pode ainda prenunciar à acção política seria a da sua capacidade de previsão atempada da explosão social latente qua andam a alimentar!... por isso, meu amigo, de novo, aceite, com estima e consideração, os meus sinceros agradecimentos pela partilha da sua reflexão.
É evidente que, o anúncio da moção de censura por F.Louçã, é uma mera fuga para a frente, numa
ResponderEliminartentativa vã de se sobrepor ao PCP, partido que,
está trinta anos atrazado no tempo, por vezes,
creio que nem se aperceberam da queda do muro!
A Esquerda tem que aprender a situar-se num Mundo
em permanente mutação, consequência do desenvol-
vimento, hoje a informação é instantânea, temos a chamada globalização e, desde os anos oitenta
do século passado que os empregos para toda a
vida estão a acabar! Por isso, a precariedade é
mais uma, entre muitas alterações nas relações
laborais e dos novos paradigmas estabelecidos na
Sociedade!
Sem considerar que os partidos políticos são
associações de malfeitores, o facto é que vivem
num mundo diferente da generalidade daqueles que
dizem representar!