Continua o anunciar dos efeitos da crise que agravarão o nosso futuro... As mais recentes previsões da Comissão Europeia para o nosso país, apontam para uma contracção económica da ordem dos 3,7% que, presumivelmente, resultará num défice orçamental próximo dos 6,5%. Esta realidade justifica outras previsões actuais da mesma Comissão, nomeadamente, a que se refere ao aumento do desemprego para 9,1% em 2009 e 9,8% em 2010 (ano em que poderá ser atingida a taxa de 10%). Não poderia ser de outro modo uma vez que, a crise de confiança face aos mercados financeiros, encontra reflexo nas crises do investimento e do consumo que funcionam como factores activos para a emergência da contracção económica... Fica assim explicada a razão que justifica o empenhado pedido de maioria absoluta por parte do PS e o alerta de Jorge Sampaio sobre o risco de «ingovernabilidade do país» se não forem definidos «consensos transversais». No fundo, Portugal não tem, no contexto actual, grandes opções e estas duas possibilidades são, à partida, as que apresentam viabilidade efectiva. Num ano eleitoral como é 2009, seria importante que todas as forças políticas investissem na compreensão deste dilema, posicionando-se de forma a servir o interesse público... os interesses partidários que se esgotam em si próprios ou em cálculos eleitoralistas deveriam, por isso, hoje, ser relativizáveis... mas, isto seria, talvez, pedir demais... porque, neste caso, o "interesse nacional" dispensaria o conflito partidário e, no panorama político português, é essa a principal forma de fazer política!
Cara Ana Paula
ResponderEliminarO remate deste Post diz tudo. Se a Ana Paula o não tivesse escrito estaria a dar razão a MFL quando propõe a suspensão da democracia a bem do “bem nacional”.
Sobre o que diz Sampaio e sobre a diferenciação que ele pretende existir entre bloco central de interesses e bloco central político já disse tudo o que penso no Eleições2009/o Público. Ele foi um dos primeiros responsáveis pela criação do bloco central de interesses ao ter provocado a substituição de Ferro Rodrigues na direcção do PS. Acredite que é com alguma mágoa que o digo, até porque fui um dos “fundamentalistas sampaístas”, como então nos chamaram no PS, quando defendemos Sampaio. Talvez por isso mesmo não consigo perdoar a Sampaio a situação que ele criou.
Colocar a hipótese de Bloco Central como ele agora a colocou foi mais um erro que cometeu.
Caro LNT,
ResponderEliminarSinceramente, não percebo onde é encontra espaço no meu post para poder inferir que eu "estaria a dar razão a MFL quando propõe a suspensão da democracia a bem do "bem nacional""?! se o texto não tivesse "rematado" conforme foi. Com este post pretendi apenas colocar a tónica no facto da situação económico-financeira nacional ser de uma gravidade indesmentível, deixando extremamente fragilizado o nosso tecido social; nesse sentido, independentemente da figura de Jorge Sampaio -de quem me limitei a referir a expressão feliz "consensos transversais" por nos permitir falar de uma abordagem da sociedade portuguesa que, para efeitos de goveranbilidade, não requer o Bloco Central... de qualquer modo, o que o meu texto diz pode ser resumido no seguinte: se não querem o Bloco Central e não acreditam em "consensos transversais", que outra forma de governabilidade consideram viável para além da maioria absoluta?!
Tudo vai depender da votação no CDS. Ou dá ou não dá para fazer maioria com o PS ou com o PSD. Se não der, como agora parece provável, o partido que tiver mais votos não poderá governar sozinho, nomeadamente se for o PS. O PSD ainda teria uma remota hipótese de formar governo, mas cairia logo a seguir.
ResponderEliminarPor isso, o que vai acontecer não havendo maioria absoluta - e tudo aponta nesse sentido - é um governo de Bloco Central, com sacrifício do leader perdedor.
O Boco Central no poder alterará as regras do jogo eleitoral com vista à formação de maiorias à revelia do voto popular, única forma de PS e PSD resistirem - isto é, tentarem resistir - à usura do poder.
O que se passará a seguir não será certamente nada de bom, se o país continuar a divergir...como infelizmebnte vai continuar.
Para mais desenvolvimentos, ver link (Politeia) do post seguinte.
Parabéns, Ana Paula, por ter abordado o tema
JMCP
Há pouco esqueci-me de dizer, em abono do meu ponto de vista, que ainda hoje Vitor Ramalho, na SIC N, ao rejeitar o Bloco Central como solução governativa, disse que a coligação com o PSD em 1983-85 tinha penalizado fortemente o PS que na eleição seguinte ficou apenas com cerca de 20% dos votos.
ResponderEliminarObrigado, caro amigo. Como sempre, as suas análises, inteligentes e acutilantes, evidenciam realidades que as aparências turvam e permitem, por isso mesmo, vislumbrar e discernir novos caminhos... seria muito importante evitar o cenário que descreve... mas, para isso, seria necessária a organização harmonizada de uma estratégia de esquerda... Um abraço.
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