Morreu João Bénard da Costa a quem muito ficamos a dever por uma vida dedicada ao deslumbramento pela própria vida, dado através da arte com que o cinema nos transporta para um olhar o mundo de forma simultaneamente envolvente e distanciada (leia-se o post de Valupi no Aspirina B). E porque a vida e a arte muito concorrem para a literacia e a consciência de um povo, vale a pena referir o caso da educação, tema caro a todos nós, que esta semana foi protagonista de mais uma lamentável bizarria grave, reveladora da negligência com que a qualidade e sanidade do ensino é, grosso modo, perspectivada no nosso país onde sistematicamente se secundarizam as questões importantes para dar prioridade a acontecimentos que, isolados, remetem apenas para situações efémeras que, analisadas sistematicamente, permitiriam um diagnóstico que vai muito além das preocupações vindas a público através dos sindicatos, do ministério (veja-se o texto de Ana Matos Pires no Jugular) ou da própria Igreja, cuja autoridade ética continua a ser posta em causa pela realidade ocultada anos a fio e de que a Irlanda é o caso mais recente (leia-se o texto de João Tunes no Água Lisa). Porque, se queremos permitir aos cidadãos uma participação cívica esclarecida e consciente no que à vida comunitária, portuguesa e europeia, diz respeito, seria bom que os candidatos às eleições abordassem temas substanciais que, no caso das Europeias, dizem respeito à agenda política do PE, relevante para o enquadramento e a regulação da vivência socio-económica e cultural das populações... para que se não reduzam problemas políticos de crucial importância a diálogos acusatórios entre candidatos que impedem, nessa forma de ocupar o tempo, a informação útil aos eleitores - a qual, aliás, ao invés de ser apresentada pela negativa através da crítica agressiva às propostas de uns contra os outros, se deveria caracterizar pela afirmação positiva de posturas, atitudes e medidas propostas como programa eleitoral (evitando-se assim que os eleitores se sintam confrontados com o que Pedro Correia enuncia no Delito de Opinião)... Porque a Europa de hoje é efectivamente muito mais do que resulta dos debates a que temos acesso onde se não reflectem, de modo algum, apenas os problemas socio-económicos mais relevantes nos nossos dias mas, também, alguns dos problemas políticos a que deveremos dar atenção, pensando formas de os perspectivar e integrar (atenda-se ao que resulta da leitura do post de Nuno Ramos de Almeida no 5 Dias)... sim, porque seria interessante saber, por exemplo, como defendem politicamente a articulação dos planos comunitário e nacional com a regionalização ou com as especificidades da formação de professores nos diversos Estados-membro, os protagonistas que nos irão representar no Parlamento Europeu.
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