No extremo oposto do teor da afirmação da líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, quando sugeriu a suspensão da democracia em nome de um suposto "bem nacional", presumo que é fácil perceber que, ao invés da criação de condições para a reedição de um Bloco Central, a consciência da fragilidade de uma maioria relativa deveria conduzir à disponibilidade para uma concertação estratégica no sentido de, por um lado, o não provocar e, por outro lado, viabilizar o que Jorge Sampaio, numa expressão feliz, designou por «consensos transversais». Assim, inverter-se-ia o bem colocado problema que JMCorreia Pinto enunciou no Politeia, garantindo margem de manobra futura para tempos que se avizinham difíceis e que terão tendência para piorar na exacta proporção da continuidade da vigência de um sistema económico-financeiro cujos efeitos já conhecemos e que o mercado só está disposto a reformar de forma pontual e na medida do absolutamente necessário. Na verdade e considerando a súmula de alegações que Carlos Santos nos propõe num texto do Valor das Ideias, penso que esta disponibilidade para a convergência é, de momento, o que, na retaguarda, podemos preparar como estratégia para enfrentar a tremenda crise social que tem milhões de rostos, razões e corações e que se oculta na tragédia da sua angústia a caminho da desesperança sob a figura amarga do desemprego... Porque "para grandes males, grandes remédios" ou, se quiserem, dito de outro modo, "p'ra pior já basta assim". Haja sentido de Estado, consciência social e capacidade para, acima de tudo, agir em conformidade com a que deve ser a prioridade das prioridades: o interesse público!
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