Manuela Ferreira Leite, em entrevista ao "Diga lá, Excelência" afirma querer ganhar eleições sem contudo reclamar uma maioria absoluta... para poder compreender a sua já habitualmente enredada argumentação sobre a questão da governabilidade, presumo que isto significa a confiança numa aliança táctica com o CDS... sem soluções para o país, a líder da oposição insiste no reducionismo discursivo assente na gratuita reivindicação dos votos dos eleitores... como aliás, acontece com a generalidade dos políticos portugueses nomeadamente, no que se refere à apresentação de um pensamento próprio que, meritoriamente, denote o que pretendem os candidatos ao Parlamento Europeu fazer quando forem eleitos... Enquanto o mundo dá sinais de continuidade de uma crise gravissima (leia-se o que dizem José Manuel Dias no Cogir e Filipe Tourais no País do Burro), constata-se a incapacidade de utilizar este momento para, de forma efectiva, se proceder a mudanças radicais que, no plano político-ideológico (retirem-se algumas conclusões do texto de JMCorreia Pinto no Politeia) e económico-social, são indispensáveis para um controlo dos custos sociais da crise que minimize os seus efeitos nas populações. Na verdade, só a título de exemplo, veja-se o que se passa com os produtores de carne e de leite portugueses... com a crise social, o desemprego e a fome que ameaçam os cidadãos pobres e em risco de pobreza, não seria uma causa digna contribuir de forma efectiva para a reforma dos princípios comunitários que têm regido a PAC?... ou os políticos do nosso futuro próximo querem apenas ser correias de transmissão de um pensamento e de um Direito que a realidade prova estar a afastar-se a grande velocidade dos pressupostos da cidadania europeia, facilitando o caminho à exclusão a que conduz a contínua redução do acesso aos modos de sobrevivência inerentes ao que, no âmbito dos Direitos Humanos, se reconhece indispensável à dignidade da existência humana?...
A afirmação de Manuela Ferreira Leite é a afirmação do prisioneiro. Enclausurada pela viragem à direita do partido socialista o que é que ela ou todo o PSD pode fazer? Ilusionismo linguístico. Ou seja, pensar em Frei Tomás permanentemente: olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço. Manuela Ferreira Leite não tem espaço de manobra política porque, intimamente, aplaude as medidas do PS, talvez em vez de as pintar de cor-de-rosa as pintasse de cor-de rosa velho, não faria melhor do que o PS está a desfazer. Por isso só pode enviar para o espaço sound bytes, para serem replicados pelos medias e mostrar como é igual. Uma jeans continuam a ser jeans com um bolso ou sem bolso. Só no mercado mediático é que são dois produtos e não um.Manuela Ferreira Leite, para ser diferente, deveria propor a fusão entre o PSD e o PS e aí sim o país ficaria a ganhar. A deriva á direita do PS veio ocupar o espaço do PSD e deixar este sem chão arável. Logo, não cresce lá nada.O que Manuela Ferreira Leite, nem José Socrates perceberam é que o tempo de hoje já não é "ideológico", mas sociológico. Não há mais direita e esquerda. O que existe é algo simples: aqueles que estão a trabalhar para que os ricos fiquem mais ricos ou aqueles que estão a trabalhar para que os pobres fiquem menos pobres. Este é que é o campo político do futuro.Aliás as políticas dos Estados Ocidentais das últimas décadas demonstram, exactamente, de que lado têm estado os governantes sociais-democratas e socialistas.
ResponderEliminarObrigado pelo interessantissimo comentário, MR... é importante que se conheçam as ideias de quem pensa... Volte sempre!
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