Pensar a actualidade é mais frutífero quando o exercício, feito a várias mãos ou, se preferirem, a várias vozes, denota preocupações e apreensões comuns. Hoje, no plano internacional, considero particularmente relevantes as realidades vividas, por um lado, no Médio Oriente, onde a tensão persistente entre a Palestina e Israel justifica o apoio dos cidadãos à exigência de uma resolução justa e imediata do cerco à Faixa de Gaza (veja-se e assine-se a Petição que Daniel Oliveira disponibiliza no Arrastão) e, por outro lado, a incomensurável maré negra provocada pela exploração sem regras dos recursos naturais finitos no contexto de uma economia liberal sem escrúpulos (veja-se o apontamento ilustrado pelo vídeo que MFerrer apresenta no seu Homem ao Mar)... Enquanto isso, no que ao espaço europeu respeita, mantenho como prioritária a reflexão sobre a sua gestão económica e retenho algumas das principais ideias e das principais problemáticas que têm sido assinaladas nos últimos dias (leia-se o texto de JMCorreia-Pinto no Politeia e registem-se as chamadas de atenção referenciadas por Osvaldo Castro no Carta a Garcia e de Rui Caetano no Urbanidades da Madeira). Por cá, pelo carácter demagógico da sua justificação, são objecto da minha perplexidade aqui partilhada, as duas mais recentes medidas anunciadas pelo Ministério da Educação, a saber, o encerramento das escolas com menos de 21 alunos e a passagem do 8º ao 10º ano sem frequência aprovada do 9º, medidas que não posso compreender sem as atribuir exclusivamente a duas causas óbvias, designadamente, no caso da primeira, à redução de custos que acarreta uma menor contratação de professores e de manutenção de equipamentos e, no caso da segunda, à potencial degradação da qualificação do ensino público - uma e outra concorrendo para desvalorizar o reconhecimento da utilidade do saber e para massificar competências nominais dos mais jovens, contraproducentes para a preparação especializada que a competetividade requer no combate ao desemprego (a este propósito, registo duas observações sobre o tema, uma de João Carvalho no Delito de Opinião e outra de José Adelino Maltez no Albergue Espanhol). E, a terminar, para além de um apontamento sobre a questão estratégica da PT/Telefónica (ver o post publicado por Paulo Querido no Certamente), deixo a referência de um texto reflexivo do Professor Raul Iturra publicado no Aventar que nos enriquece os modos de ler e pensar, com maior equidade, a sociedade e a cultura portuguesas.
Grato pela referência, Ana Paula.
ResponderEliminarJ.C.
DELITO DE OPINIÃO
Digo que (me) parece,APF, que Uma das experiências que o país tem tido em matéria de Ensino e gastos, do universitário para baixo, é a de que o M.E. ainda está para descobrir quem é que,Nele, pode e deve deixar de ser repetidamente Burocrata para ser um Político na Educação.
ResponderEliminarChega a ser frustrante,o não haver um caminho para se dar um salto qualitativo continuado, perseguido há decadas.
Um dos resultados gerais, será a invenção de estratagemas burocráticos que, de decisão em decisão,cada vez menos, parecem servir o que o país espera de Uma Visão verdadeiramente política para a Educação e para a Instrução?...
Ou, será que terá de ser sempre assim, e esta opinião,é inteiramente descabida e ingénua no contexto europeu e mundial em que nos encontramos?
ANB
É merecida, J.C. ... é bem merecida :)
ResponderEliminarUm abraço.
Caro ANB,
ResponderEliminarTem absolutamente toda a razão na expressão das reflexões que aqui partilha e que, sinceramente, agradeço.
É, de facto, gravissimo o que está a acontecer com esta entrega burocratizada da Educação a uma política sem o carácter científico, pedagógico e cívico que lhe devemos exigir e que a realidade justifica, cada vez com maior pertinência... porque o que constatamos é, acima de tudo, uma demonstração ilustrada da demagogia a que a Educação tem estado sujeita, ao serviço de uma massificação mais preocupada com os indicadores de pseudo-desenvolvimento do saber e da qualificação das pessoas do que com a qualidade do ensino e com a eficácia do processo educativo... a História se encarregará de nos cobrar o preço por esta lamentável irresponsabilidade.
Um abraço amigo.
Ana Paula, fechar escolas é uma vergonha e por razões economicistas ainda mais.As razões apresentadas não colhem.Quanto aos centros de saúde aí, em termos de qualidade, face à míngua de recursos, pode haver casos razoáveia.Bjs
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