A Luta Contra a Pobreza é decisiva para a viabilidade do desenvolvimento sustentado... em todo o mundo! Dos países muito pobres e dos menos pobres... porque é uma evidência cada vez menos ocultável, apesar de toda a criação imagética da sociedade de consumo, globalizada e mediática, que são muitos os rostos da pobreza e que os pobres tendem a ficar mais pobres porque as crises económico-financeiras se abatem sobre os Estados, os países e as populações na proporção directa das suas capacidades de resistência aos seus efeitos. Hoje, a luta contra a pobreza é um problema multifactorial que, para além do assistencialismo urgente que é preciso reforçar junto dos que vivem a fome, a guerra, as secas e a exploração desenfreada de recursos naturais e humanos, requer uma intervenção integrada que dinamize de forma conjunta e simultânea, mecanismos de protecção e defesa do ambiente, sistemas de saúde, educação, economias e regras institucionais, políticas e financeiras. A Humanidade, hoje, luta contra si própria e não o entender é reduzir as possibilidades que as democracias e os Direitos Humanos conquistaram desde meados do tão recente século passado e agravar o risco e a taxa real de sobrevivência da espécie nas condições que reconhecemos como dignas, ou seja, justamente equitativas ao nível de uma coexistência social capaz de erradicar as formas de discriminação em que radica o pensamento e a cultura que sustentam a desigualdade e as políticas de liberalização absoluta de mercados, empregos e práticas que nos são apresentadas dogmaticamente como solução e prioridade acrítica, incontestada e incontornável.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Contra o fatalismo de um mundo desigual...
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A solução é tão simples... acabar com o dinheiro.
ResponderEliminarSó falta mesmo é a vontade...
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarO seu excelente texto remete no sentido de que muitos acontecimentos vividos são, em grande parte, "sofridos". As experiências são decepções, provocam desprazer e anulam ilusões. O curso das "civilizações" não é linear, nem sequer garantido, porque anexo ao progresso é sempre possível o regresso. A civilização teve múltiplos centros de origem e desenvolveu-se, nas mais diversas partes do planeta, mantendo diversas linhas de desenvolvimento, irredutíveis a uma privilegiada. Existe uma ideia comum, tantas vezes inconscientemente subentendida que é a de que a própria civilização é a realização de um projecto global, de uma opção operacionalizada inelutavelmente como a melhor entre todos os futuros possíveis, atribuindo-se a um processo racional opções colectivas que são movidas por instintos, emoções, sentimentos.
O medo da insurreição daquilo que foi reprimido obriga a medidas severas cautelares e qualquer conteúdo colectivo que pertença a uma civilização específica, ou à humanidade na totalidade, não se limita à esfera do pensamento, mas investe os seres humanos em todos os aspectos, porque não são só os conceitos e opiniões que são chamados colectivos, mas também os sentimentos. O sentir, como função global, pode ser colectivo, sempre que seja igual ao sentir geral, isto é, quando corresponde às expectativas gerais, nomeadamente à consciência moral comum.
Hoje, quase já não se fala de progresso em geral, mas mais em progressos sectoriais. O homem revive o arcaico estado de impotência, sente-se ameaçado e angustiado, numa angústia cada vez mais dilatada, sentindo uma necessidade de retorno às pertenças arcaicas associada a modus de fantasia, a projectos inconscientes e à possibilidade de renovar autenticamente o sentido das relações inter-subjectivas e das relações sociais. São fenómenos que se tornam mais compreensíveis se se adquirir a consciência de se atravessar uma etapa histórica na qual nem o Estado nem a Sociedade já conseguem exercer um papel de justiça social ou alimentar um espírito de solidariedade que imprima um sentido de pertença à comunidade em que se vive.
Angústia e medo são emoções funcionais para a sobrevivência física e psicológica destes povos.
Saudações
Ana Brito
excelente reflexão. Vou fazer link
ResponderEliminarAbraço
Caro Voz a 0 DB :)
ResponderEliminar... seria tudo tão simples se o mais alto de todos os valores fosse, de facto, a vida humana... infelizmente, verifica-se que os agentes económico-financeiros ainda não reconhecem a importância do factor humano na gestão dos recursos. O grande receio é o tempo requerido para que tal reconhecimento se torne um princípio e um eixo de acção e as vidas que entretanto, ficam hipotecadas a uma gestão danosa que é, afinal de contas, a que domina o pensamento e a prática económico-financeira.
Um abraço :)
Cara Ana Brito,
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras e pelo contributo que aqui partilha para o enriquecimento da reflexão. Contudo, penso que o pragmatismo de uma mais justa redistribuição dos bens e dos recursos, assente na vigência efectiva da defesa e da prática do princípio da igualdade de oportunidades, permitiria respostas eficazes para a problemática em causa, com consequências que alterariam as representações mediáticas e projectivas que configuram os mecanismos de transferência psicanalítica em que assenta uma visão do mundo cujo principal objectivo é garantir a dependência consumista para a sustentabilidade da actual lógica económica...
Saudações.
Carlos,
ResponderEliminarMuito agradeço, antecipadamente, a gentileza das boas palavras aqui registadas e, naturalmente!, a referência anunciada :)
Um grande abraço.
Cara Ana Paula,
ResponderEliminarA sua reflexão encaixa nas preocupações de muitos e nomeadamente na minha. Ao dizer "A Humanidade, hoje, luta contra si própria e não o entender é reduzir as possibilidades que as democracias e os Direitos Humanos conquistaram desde meados do tão recente século passado e agravar o risco e a taxa real de sobrevivência da espécie....". Sem visões catastrofistas partilho inteiramente esta afirmação. Ao longo da minha existência (nasci 1 mês antes do armistício) pude observar, e de alguma forma beneficiar, conquistas espantosas em todos os ramos do conhecimento e em pouco mais de meio séclo. O progresso cientifico e tecnológico poderiam ter dado à Humanidade outras condições e o acesso a uma existência mais feliz. Mas não. O progresso moral não acompanhou aqueles avanços e, cada vez mais, aquele acesso é apenas possível a uma reduzida população de "eleitos". As elites apagam-se bajulando o poder. O poder reforça-se utilizando as apagadas elites. Por cima, o poder económico gere o sistema e manipula os políticos e os governos. A imprensa está com os poderosos, em todos os níveis da sua complexa hierarquia de valores…
Será que isto pode deixar de ser assim? Acho que sim, até pelo que disse a Ana Brito "O curso das "civilizações" não é linear, nem sequer garantido, porque anexo ao progresso é sempre possível o regresso". Tal regresso pode estar ligado ao fim de um recurso que tem estado na base do paradigma actual: o petróleo. Infelizmente está mais aí do que está na capacidade de quem tem consciência de que isto, se não é exactamente assim, a muito se lhe aproxima…
Há outras saídas?
APFitas
ResponderEliminarÉ evidente que só podemos estar de acordo com o seu apelo crescente na luta contra a pobreza mundial.Até porque Portugal já não se pode pôr fora do rol.
É um questão de Direitos Humanos que se articula directamente com os problemas da saúde,do tráfico de pessoas,do comércio de armas ligeiras,etc.,tendo tudo a ver com a segurança humana e com a segurança da sociedade internacional bastante anárquica.O que conduz a fatalismos deste tipo como diz.
O problema é que os Estados ricos são, em permanência, poderosamente egoistas mas,se dispenssassem,por exemplo,o dobro em percentagem dos seus PIB que até aqui vêm dando à ajuda humanitária,pode crer que a Fome quase acabaria no Mundo.Isto desde que as elites nacionais com muitas culpas no cartório,fossem mais humanas e menos corruptas.
Portanto, façamos, desde já, uma distinçao entre a noção de interesses comuns globais e a noção actualmente marcante de objectivos globalisantes de mercados vindas de conhecidos centros de poder.Que tal como se hierarquizaram também hierarquizam os grandes problemas da Humanidade.Sem os resolverem minimamente.
Ou não será aproximadamente assim APF?
Com as melhores saudações
ANB