Fiquei incrédula perante uma notícia que, entre outros, o Arrastão e o Crónicas do Rochedo, divulgaram e comentaram. Encontrei-a Aqui. Não compreendo!... mais: além de não compreender, tenho dificuldade em aceitar! A decisão de um agrupamento de escolas de Aveiro em vestir 1200 crianças, frequentadoras de 4 jardins-de-infância e de 5 escolas do 1º Ciclo, com roupas que simulam a indumentária da Mocidade Portuguesa é, além de contrária ao espírito da escola republicana, anti-pedagógica no contexto de uma escola democrática que deveria desenvolver as competências cívicas dos mais novos. De facto, entre tantos episódios que caracterizaram a vida pública e a comunidade escolar ao longo dos últimos 100 anos, é, no mínimo, caricata, a opção por esta ilustração histórica claramente associada ao espírito da obediência acrítica, próprio das ditaduras e de uma ordem de pendor militarizado que, em tudo, contraria o que hoje reconhecemos como válido para o desenvolvimento cognitivo e socio-intelectual das crianças. Porquê? Com que significado? Com que objectivos? - eis as questões que se nos colocam... de qualquer modo, deixo a sugestão: para se inspirarem comecem, por favor, por ler "Liberdade sem Medo" de A.S.Neill, publicado em 1963 e ainda hoje, obra-prima da pedagogia internacional... porque, por favor!, o papel dos adultos é acompanhar o crescimento dos mais jovens!
Hi Hi ... esta nem merece comentário!!! Estou a brincar...
ResponderEliminarQuando temos que afirmar que "o papel dos adultos é acompanhar o crescimento dos mais jovens!" o caldo está entornado, e já começou a cair para o chão!
Escrevi há uns dias no FB que "O sistema educativo das sociedades dos países desenvolvidos são autênticas máquinas de manipulação cerebral..." e este triste facto enquadra-se neste comentário pois é uma forma dissimulada de manipulação de mentes "fresquinhas" e prontas a serem formatadas...
Caro Voz a 0 DB,
ResponderEliminar... pois... nada a acrescentar!... obrigado pelo útil complemento que aqui acrscenta!
Abraço.
Tenho uma irreprimível vontade de dizer :
ResponderEliminarAna Paula Amiga, o Miguel está contigo..."
Um abraço, enquanto a gente puder dizê-lo e enquanto ainda houver FB ou blogues...
Querida Amiga...
ResponderEliminarPara quem nasceu em 74,estou "em estado de choque"!, atrevendo-me mesmo a perguntar se valeu a pena crescer!?
Partilho a tua opinião em relação ao papel dos adultos, até porque tu, ainda "jovem adulta" e a minha querida zézinha (há trinta anos atrás) tiveram esse papel de fomentar o espirito critico e livre que determinaram a personalidade das crianças (eu) que convosco cresciam...
Porquê? Será uma tentativa para travar o Livre pensar?...
Uma coisa tenho a certeza, é tão mau que me limitou o discernimento :-(
Aquele Abraço Alentejano
Beijos com felicidade por te ter presente na minha vida :-)
Beatriz
Eu só espero que esta "brilhante" iniciativa conte para efitos de avaliação dos senhores professores.
ResponderEliminarObrigado pela citação
Abraço
Cara Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarÉ preocupante o lento mas progressivo apagamento do fascismo e, em paralelo, a recuperação de figuras e comportamentos que foram seu suporte. Desde o exercito onde a hierarquia superior, ao longo do tempo, foi emparedando os "Capitães de Abril", aparecimento de organizações que recuperam a imagem heróica da guerra colonial e apelidam por traidores da Pátria todos os intervenientes no processo de descolonização, passando pelos magistrados e figuras com responsabilidades no anterior regime.
Falando de escolas, recolhi do DN a iniciativa de, a pretexto do combate à obesidade infantil, numa escola de Évora, terem sido postas crianças perante uma refeição preparada por cozinheiros, dispondo os alimentos de forma a relembrar o carro do Papa, de seguida cada criança produziu um desenho com o carro... Se não era intenção dar uma aula apologética da igreja católica, o que é certo é que terá funcionado lindamente (ao que parece.
Não teria nada de mal (?) não fosse tratar-se de crianças de 7, 8 ou 9 anitos.
Enfim, sinais... Os crucifixos não tardarão a regressar às escolas do Alentejo!
Abraço
Ana Paula,
ResponderEliminarcomeço por lhe agradecer a sua manifesta boa vontade e compreensão, mas deixe-me dizer-lhe que era inevitável que coisas destas, mais tade ou mais cedo, surgissem. Vivemos um tempo de refluxo que dura há muito. Se a nível mais geral a Direita dos Tempos, ou seja tudo o que são valores de antanho, retrógado,Bonald e de Maistre no seu melhor,mais os Neotocquevillianos á mistura, tiveram e aproveitáram a ocasião para entrar em força no pensamento e nas acção da vida dos nossos dias, uma parte de nós, portugueses, vive à espera da oportunidade de se mostrarem. Sou do Distrito de Aveiro, e escrevo muito acerca do que me rodeia, denuncio isso nos jornais e rádios locais com quem colaboro. Escrevo para mim próprio o que acho que vejo, e, abusando da sua compreensão, vou enviar-lhe um escrito que tem 2/3 anos, e onde pode ver que para mim, o fascismo, que é o que representa esta encenação professoral, de alguém que, tendo um pouco de poder, o utiliza em proveito dos seus desejos e valores, anda por aí já pouco às escondidas.
A noite escura
De voz mansa e pé de lodo,
anda por aí, sorrateiro e leve,
o ti António das botas
em poses de primeira página,
aproveitando o silêncio
dos que não têm memória
nem se interessam pela história
dessa noite escura e longa
de herois de cara lavada.
Murmurando para o vento
anda por aí, sorrateiro e leve,
o ti António das botas,
como se fosse acordado
pelos sinais que se escondem
nas vielas da traição:
esqueleto de uma história,
esfinge de uma lembrança.
Em cumplices serenatas,
anda por aí, sorrateiro e leve,
o carrasco que sangrou
o peito do meu País;
que de negro esburratou
a alma de um Povo inteiro,
que viveu no cativeiro
onde as vozes não calaram
e de mil formas gritaram
ao vento da madrugada,
que por sua vez levava
recados a toda a parte.
Em voz de manha cinzenta,
anda por aí, sorrateiro e leve,
o chacal que bebeu o sangue
que jorrou de um corpo inteiro,
lá, onde ecoaram os desejos
e se ergueram os sonhos.
Não podemos deixar a memória
limpar as chagas ainda acesas
nem lavar as mãos da morte e podridão;
como alguém que foge das sombras,
se deixa amarrar ao esquecimento:
que não sente o colorido desta dor.
Basta-nos saber que há força bastante do lado das forças que têm horizontes de futuro para enfrentar a tormenta das forças retrógadas. Mas toda a atenção não é demais.
Agradecido.
A história deste país, foi desgraçadamente contemplada com uma ditadura durante mais de 40 anos. Por isso não gosto e não quero que este período seja ignorado. Assim, se a encenação/representação, for devidamente contextualizada pela escola de Aveiro, como aliás tem obrigação de o ser, pode ser uma boa oportunidade de dizer ás nossas crianças; que nesse tempo havia segregação entre os meninos e as meninas, muitos andavam rotos e descalços, uma boa parte passava fome e outros tantos eram analfabetos, pois em vez de irem à escola iam trabalhar. Podem ficar certos que se a escola assim proceder, está não só a fazer pedagogia, como a desbranquear um período que os avós das criancinhas, tão bem podem testemunhar.
ResponderEliminarAcrescentar informação.
ResponderEliminarE uma opinião.
Ou duas.
T.Mike :)
ResponderEliminarDepois deste comentário, sou eu quem diz:
"Miguel Amigo, a Ana Paula está contigo!" :)
Aquele Abraço.
Querida Beatriz :)
ResponderEliminar... fiquei sem palavras!... e depois de imenso e carinhoso sorriso humedecido pelas lágrimas felizes, devo dizer-te que é, sempre!, com um orgulho sem nome, que leio as tuas palavras, escritas escorreita e justamente, como convém a uma livre-pensadora que honra amigas incondicionais que o tempo não atinge e de que é exemplo ímpar a nossa querida Zézinha. Obrigado pela tua presença e pela tua partilha. Obrigado pela tua energia, a tua determinação, o teu discernimento e a tua autonomia! Obrigado por estares aqui!... um grande beijinho envolto naquele quente Abraço Alentejano de sempre :)
Carlos,
ResponderEliminar... de facto, se a iniciativa tivesse permanecido apenas como dela tivemos notícia... atrevo-me, de facto!, a concordar com a sugestão.
Abraço.
Caro Rogério,
ResponderEliminarObrigado pela pertinência das observações que aqui regista e pelo excelente contributo que constitui o caso da disposição de alimentos em evocação do carro do Papa... são, de facto!, sinais!... sinais que nos requerem atenção e vigilância crítica para que os fantasmas nos não sejam devolvidos e reforçados.
Um Abraço.
Caro José Lu´si Moreira dos Santos,
ResponderEliminarÉ difícil comentar a poesia escrita de dentro, com a autenticidade de um sentir que se sobrepõe a todos os comentários... tão difícil quanto honroso, poder lê-la porque partilhada desinteressadamente num espaço que lhe mereceu essa generosidade... pergunto-me quantos dos que hoje habitam os dias terão presente a dimensão indesmentível de um passado que tantos viveram e que tão branqueado tende a ser, cada vez mais, sob pretextos de relativizações sem fundamento... e, desta inquietação, nasce também a alegria da esperança que transmite e nos reforça a confiança quando fala das "forças que têm horizontes de futuro para enfrentar a tormenta das forças retrógadas".
Muito, muito obrigado!
Aquele Abraço!
Caro Fernando F.,
ResponderEliminarObrigado pelas suas avisadas palavras que, afinal!, se aproximaram do que terá vindo a ser a iniciativa! Faço meus os seus votos de que a Educação e a Escola trabalhem o conhecimento, desenvolvam a consciência e não permitam o branqueamento e a manipulação da própria História.
Um grande abraço.
Obrigado, Porfírio :)
ResponderEliminarUm abraço.