domingo, 3 de maio de 2009

De José Saramago ao 1º de Maio - aproximações à ética e à responsabilidade política

É impossível não referir o artigo de José Saramago, publicado hoje no DN, sobre as agressões a Vital Moreira, na manifestação do 1º de Maio, organizada pela CGTP. Militante do PCP há 40 anos, Saramago indigna-se com os factos anti-democráticos reveladores de uma inequívoca autoria denotável na expressão de um insulto que clarifica a sua origem: "traidor". A atitude de José Saramago, exigindo conhecer a relação dos autores deste desafio à democraticidade plural e à coexistência solidária, com o Partido Comunista Português, defende que, no caso de serem militantes, deverão ser expulsos da organização partidária - o que, reconheça-se, está de acordo com a filosofia da respectiva disciplina partidária cujo rigor nos habituámos a constatar e que, convenhamos!, no caso é justificável sob pena de se tornar "ponto assente" para o conhecimento público, a aplicação do princípio dos "dois pesos e duas medidas" num partido que proclama a igualdade, a equitatividade e a justiça. Como referi no texto publicado no Eleições 2009, para os comunistas que se caracterizam pela verticalidade ética, comportamentos como o que se registou no 1º de Maio, são "indignos de um comunista"... mas, os acontecimentos "de que se fala" não ficam por aqui... nomeadamente porque, ontem, surgiu uma indicação curiosa que reforça o facto deste episódio demonstrar efectivamente o oportunismo político de uma "pretensa esquerda": um dos envolvidos na agressividade verbal dirigida a Vital Moreira, seria um dirigente do Bloco de Esquerda!... A notícia, trazida pelo 5 Dias primeiro (ainda que num contexto defensivo que ignora a gravação dos termos dos insultos que denunciam a sua origem), foi depois transmitida pelo Câmara Corporativa que refere a sua proveniência do twitter e, o que traz de novo à análise dos factos da passada 6ªfeira, resulta na constatação de que a demagogia não "olha a meios para alcançar os seus fins" - filosofia que esclarece o grau de credibilidade que nos merece, bem além do desejável, muito do que se enuncia como mensagem política, nomeadamente em período eleitoral... se, além do PSD e do CDS (que veio agora, através de Paulo Portas, pedir contenção de gastos nas campanhas eleitorais depois da aprovação de uma nova lei de financiamento dos partidos na Assembleia da República que aumenta em 55% a contribuição nacional para o efeito), temos agora assumida pela dita "esquerda" uma postura que já aqui comentei, agravada por "desculpas de mau pagador" que não sustentam como credível um sério distanciamento... então, no mínimo, convém aos eleitores manter vigilantes, em estado de alerta, o discernimento, a autonomia analítica e a capacidade de julgar...

1 comentário:

  1. ola ana paula
    tb gostei do texto
    gostava de falar consigo
    será que me pode contactar via mail? pjovieira@gmail.com

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