domingo, 17 de maio de 2009

Índia - A Persistência Democrata...


Ser Democrata, Hoje!... é continuar a apostar na Democracia apesar de todas as crises, todas as imperfeições e todas as críticas... Ser Democrata, Hoje!... é acreditar que é possível fazer mais e melhor pela inclusão social de todos... Na Índia, onde o sistema de castas ainda organiza as relações sociais apesar da sua abolição legislativa e onde o nacionalismo fundamentalista tem aumentado desmedidamente nos últimos anos, a população, ciente das desigualdades sociais mas, também, da consciência da lentidão do sucesso na luta contra elas, voltou a eleger como Primeiro Ministro, Manmohan Singh e o Partido do Congresso liderado por Sonia Gandhi... A vitória de Singh é assinalada pelos indianos com a expressão: "Singh is King" (ler aqui). A Índia continua a apostar na Democracia! Viva a Índia!

3 comentários:

  1. Ser democrata é obrigar os aparelhocratas a partilhar o poder. Não é acabar com os aparelhos partidários. Há espaço para todos. Cada um come do que quer, puder ou apetecer. Não podem é os aparelhos partidários, em nome da democracia, fecharem-se, como senhores feudais, atrás de eleições de 4 4m 4 anos. Há mais mundo para além dos partidos. Muito mais...

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  2. Democracia é hoje um conceito demasiado abrangente. Na prática, há várias democracias, ou versões de democracia. Em Portugal, por exemplo, temos uma democracia representativa relativamente bem consolidada, mas uma democracia participativa muito débil, desinformada e "manipulada", onde a vivência democrática (forma democrática de estar no mundo)é ainda (espero) juvenil.
    Em que versão democrática aposta a Índia? Num regime de organização política de aparência democrática ou numa forma de vida e de estar no mundo verdadeiramente democrática?

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  3. Caros A.C.Valera e JOANMURO,

    Respondo a ambos porque os vossos comentários abordam questões comuns... Efectivamente, há espaço para todos e é saudável, inclusivé para o dinamismo da democracia representativa e para a capacidade de abertura dos aparelhos partidários, a existência de forças vivas que, na sociedade, afirmem posturas capazes de revelar politicamente sinais de aproximação à causa pública... porque a participação cívica é, sem dúvida, o melhor espelho da eficácia democrática... por isso, concordo com A.C.Valera quando diz que, entre nós, a democracia participativa é ainda "muito débil, desinformada e manipulada" e a "vivência democrática... juvenil"... disso é testemunho a dinamização cultural do país que já foi muito mais enriquecedora do que o é actualmente e que, ao invés do que se pretendeu, em vez de ter sido ampliadamente reforçada, se foi reduzindo a formas institucionalizadas que quase "abafaram" a emergência da criatividade cívica e cultural... o preço é pago pelas gerações mais jovens que muito perdem por isso, ficando todos nós a perder!...
    Quanto à Índia, pode colocar-se-lhe exactamente o mesmo problema ainda que numa dimensão multiplicada exponencialmente... um sub-continente que se pensa continental (o que é natural dada a sua dimensão geográfica), com uma História complexa e multicultural onde o sistema de castas se encontra enraizado culturalmente (apesar da proibição legislativa e da luta social que muitos, nomeadamente jovens e inclusivé mulheres, travam pela sua erradicação), o caminho para a completa emancipação cívico-política é ainda mais longo e difícil do que podemos imaginar no Ocidente... entre pobreza, inteligência, miséria e alta tecnologia, a Índia é contudo uma terra de paz porque nela a consciência social da coexistência pacífica foi a grande herança de Gandhi que Neruh materializou numa unificação que dependeu do acordo de todos... mas, as resistências socio-políticas são imensas e o terreno relativamente permeável; daí a força com que o nacionalismo fundamentalista emergiu e que só agora, pela sua associação à violência gratuita de grande dimensão, retrocedeu no presente resultado eleitoral... eu confio no povo indiano!... e respeito e admiro profundamente a sua capacidade de ter resistido à tentação nacionalista no contexto de tão difíceis condições de vida... um dia, além da, como diz, A.C. Valera "organização política de aparência democrática", caracterização a que acrescento o facto da sua representatividade governativa em governos de coligação multicultural ser notável no contexto internacional, a Índia, dizia eu, poderá mostrar que, dentro de si existe "uma forma de vida e de estar no mundo verdadeiramente democrática"... Um abraço. Voltem sempre!

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