segunda-feira, 17 de maio de 2010

Da Homofobia à Intolerância Religiosa - Do Brasil ao Irão e à ONU




Hoje, 17 de Maio, celebra-se o Dia de Luta Contra a Homofobia e, a propósito do persistente combate que é urgente continuar a travar pelos Direitos Humanos e contra todas as formas de discriminação (sexo, religião, etnia, idade, deficiência, orientação sexual, estatuto económico, etc., etc., etc.), ocorreu-me a notícia que ontem foi divulgada a propósito da manifestação organizada na praia de Ipanema, no Brasil, contra a visita do Presidente Lula da Silva ao Irão onde a perseguição a pessoas em função da orientação sexual e religiosa é um atentado imoral aos direitos cívicos dos cidadãos que se inscreve numa ideologia anti-democrática que nega o Holocausto e recusa o combate ao recurso a armas nucleares. No Irão, são vítimas de perseguição não só cidadãos e cidadãs homossexuais e mulheres que lutam pela emancipação da condição feminina, mas, também, todas as pessoas que professam ideologias políticas e religiões diferentes (de que é justo destacar a Comunidade Fé Bahaí). A terminar este apontamento, registo, com sincero regozijo, a afirmação de José Sócrates sobre o seu apoio à eventual candidatura de Lula da Silva a Secretário-Geral da ONU (ler Aqui)... até porque, apesar dos justos protestos organizados no Brasil contra a visita do Presidente brasileiro ao Irão, para além do perfil profundamente realista e humanitário de Lula da Silva, é necessária à eficácia do exercício deste cargo da ONU de reconhecida importância internacional, a capacidade de manter e reforçar o diálogo com todas as partes para garantir a redução da margem de eclosão da violência e aumentar os resultados da negociação diplomática... em nome de uma eficiente acção interventiva, capaz de consolidar o reconhecimento e o respeito internacional dos Estados pelos Direitos Humanos.

8 comentários:

  1. Perseguir os homossexuais é na verdade uma injustiça, uma iniquidade; mas, incensá-los e até casá-los, igualando-os na dignidade do amor heterossexual e dar-lhes a protecção que se deve reservar à família é de uma imbecilidade atroz e uma vergonha pública.

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  2. Haja quem sabe distinguir os diferentes planos em que se move a política...
    Um abraço, como sempre, Ana Paula.

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  3. Caro vbm,
    Obrigado pelo seu comentário :)
    ... contudo, penso que o direito a "casar", sendo um direito!, não é, de todo, uma obrigação... além disso, considero que, se as pessoas querem ter o direito ao reconhecimento público de uma ligação igual à que se reconhece ao casamento, "não vem mal ao mundo" por esse facto. É preferível não haver discriminação do que guardar exclusividade sobre um tipo de legitimidade oficial que, a ser vedada a cidadãos adultos, não oferecendo qualquer ameaça à segurança e à liberdade de outrem, seria justamente considerada discriminatória, podendo legitimar, não só preconceitos e segregação mas, práticas eventualmente persecutórias.
    Um abraço.

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  4. Discernimento e bom-senso, precisam-se - não é, T.Mike?
    Obrigado pela partilha :)
    Um grande abraço.

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  5. O que hoje mais me encanitou foi o discurso de Cavaco. Pelos parâmetros mentais do seu (dele)argumentário, a abolição da escravatura em Portugal só teria ocorrido no século XX.
    A Candeia será a sugestão do dia lá no CR.
    Abraço

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  6. Carlos,
    O que mais me divertiu em tudo isto foi a sua escolha do termo "encanitar" :)
    e, de facto, é merecido dados os parâmetros mentais do dito argumentário :)
    ... pois!...
    ... Quanto ao que mais me encantou foi o facto do Carlos escolher A Nossa Candeia para sugestão do Crónicas do Rochedo :)
    Obrigado!
    Um grande abraço.

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  7. O sistema de decisão e poder de Veto da ONU foi, como é fácil de ver, O da Instalação de uma
    oligarquia (penta) das potências vencedoras da II Guerra Mundial.Assim,o sistema internacional em que a ONU foi gerindo os seus principais poderes,tornou-se, por consequência,estruturalmente antidemocrático,afastando das tomadas de decisão durante décadas, as potências intermédias.Isto para não falarmos dos pequenos países.Ou também das partes e países directamente interessadas na resoluçao dos conflitos que (lhes)foram acontecendo.Na maior parte dos casos,provocados por simples procuração.

    O que está agora a acontecer com o lançamento da candidatura de Lula,é a possibilidade de a ONU ser democrática,na sua génese,nas suas orientaçõe e nas suas finalidades.Na perspectiva da paz mundial e de um melhor e mais justo nivel de vida da Humanidade,sobejamente desequilibrada.
    Tal como está, a ONU é uma velharia,sendo apenas um território de manutenção de poderes antidemocráticos.
    Pese embora o trabalho de algumas das suas agências especializadas.

    Portugal enquanto pequena potência e para além da afirmação da Lusofonia,deve bater-se e votar na eleição de Lula.Só tem,de facto,tudo a ganhar.

    Para não me alongar,diria que será um momento raro, dado que é a democracia mundial emergente que poderá eatar a dar os primeiros passos.O Terceiro ou mesmo o Quarto Mundo (que são quem detém a maioria da populaçao e dos problemas...)têm aqui uma hipotese de alterar a governança mundial.No sentido de um mais equilibrado exercício e protagonismo de poderes,à escala mundial.Basta isto para já ser muito.

    Faço, portanto, votos para que a Globalização se possa vir a exercer no domínio político mundial,tanto quanto se exerce já no domínio da economia.Será um caminho novo para que uma nova e plural balança de poderes se exerça.


    Com as melhores saudações


    ANB


    N.r. Sendo o Brasil o que é,o Papa terá
    falado neste assunto quando agora cá
    esteve?...
    Vai apoiar o Brasil para membro
    permanente do Conselho de Segurança?

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  8. Caro ANB,
    Obrigado pelas suas palavras que, verdadeiramente!, enriquecem e esclarecem o sentido da referência que eu própria fizera! Pouco tenho a acrescentar a não ser que subscrevo, sem reservas!, as suas palavras de que, se me permite!, destaco três observações, designadamente as que se referem: a) à ONU como um orgão bloqueado pela rede e dinâmica de interesses internacionais ("velharia"); b) ao perfil democrático, humanitário, activista e esclarecido (no sentido iluminista do termo!) de Lula da Silva que justifica o empenhamento português na sua eleição; c) a que afirma a globalização como um projecto "a exercer no domínio político mundial, tanto quanto se exerce já no domínio da economia".
    Com as melhores saudações, receba o meu abraço amigo.

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