As democracias sobreviverão se souberem resolver o dilema que se lhes coloca: insistir na continuidade de um modelo de gestão ditado pela lógica financeira ou optar pela reestruturação político-económica de que carece o objectivo de consolidação da Europa Social. Inevitável, a reorganização federal que, paulatinamente, tem vindo a ser construída, implica opções económicas capazes de reforçar as competências produtivas nacionais, reduzindo drasticamente o extremo grau de dependência do funcionamento dos mercados (real, nominal e especulativo). Se assim não fôr e se a União Europeia perder a oportunidade que a actual crise oferece de se reformar estruturalmente, não será por certo uma Europa Social aquela onde vamos continuar a viver! Sinais evidentes de que este não é o caminho certo são, designadamente, as situações a que foram conduzidos várias economias europeias, de que Portugal é um caso paradigmático porque a sua persistente debilidade económica, permitiu que o mesmo endividamento que tem aguentado o país, desembocasse na crise socio-económico que estamos agora a pagar. E se, infelizmente, o problema nos não atinge apenas a nós (leiam-se os textos de Daniel Oliveira no Arrastão, de Vitor Dias no Tempo das Cerejas e de Osvaldo Castro no Carta a Garcia), o caso português defronta-se ainda com uma realidade política interna que revela contradições e sérias dificuldades na procura de soluções concertadas, capazes de atenuar os efeitos sociais das medidas de austeridade (leiam-se os textos de Valupi no Aspirina B, de JMCorreia-Pinto no Politeia, de Filipe Tourais no País do Burro, de MFerrer no Homem ao Mar, de Weber no Mainstreet e de Francisco Clamote no Terra dos Espantos). Como se não bastasse, a oposição ocupa o espaço de estudo, análise, debate, negociação e re-negociação permanente que é preciso desenvolver na democracia portuguesa, em discussões que revelam interesses pouco respeitosos para com o Estado de Direito (leiam-se o destaque de Osvaldo Castro no Carta a Garcia e o texto de Pedro Soares de Albergaria e de Eduardo Maia Costa no Sine Die). Entretanto, a realidade continua o seu trajecto (leia-se o texto de Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção) e os esforços pacíficos e inequivocamente válidos de algumas medidas, continuam demasiado lentos face à urgência da intervenção humana seja na protecção da natureza e do ambiente (leia-se o texto de Carlos Júlio no A Cinco Tons), seja no combate à pobreza e ao desemprego (leia-se o texto de Paulo Pedroso no Banco Corrido)... A terminar o Leituras Cruzadas de hoje, deixo um destaque para o texto de João Tunes no Água Lisa, uma chamada de atenção para a poesia de Marcela Palermo do La Tramamericana e um agradecimento muito especial ao meu grande amigo Poet'anarquista!
Cara Ana Paula, os meus agradecimentos pela referência. Abraço.
ResponderEliminarEstimada Amiga,
ResponderEliminarPois fico em dívida para consigo.
Obrigado, pela visita e pela referência.
Abraço!
Cara Ana Paula,
ResponderEliminarNão sei se conseguirei fazer o percurso de leitura que me sugere. Vou tentar.
Para já fica o registo do que considero fundamental (até determinante para sai-mos "disto") no seu texto: "o caso português defronta-se ainda com uma realidade política interna que revela contradições e sérias dificuldades na procura de soluções concertadas"
Registo tambèm uma contradição, isto "Como se não bastasse, a oposição ocupa o espaço de estudo, análise, debate, negociação e re-negociação permanente que é preciso desenvolver na democracia portuguesa" não parece concordante com isto: "...em discussões que revelam interesses pouco respeitosos para com o Estado de Direito" Não percebo, a negociação permanente é necessária com quem não respeita o Estado de Direito? Estou a lêr mal?
PS - A "Carta aberta a José Mourinho" já lá está, ao meu estilo Avinagrado...
Ana
ResponderEliminarAo ler o meu “lêr”
Senti-me empalidecer…
(eu que até cheguei a ganhar a vida como caçador de “gralhas”)
Abraço
Cara Ana Paula
ResponderEliminarMuito obrigada pela referência e pela análise que aqui apresenta. Não sei como consegue cruzar estas leituras de um modo tão "conectado", mas é um excelente dom que tem!
Faz falta quem assim consiga ver as doenças da sociedade.
Espero que ela se cure, mas temo que a cura chegue tarde. Ajudarei a combater a praga com o meu único "anticorpo", mas a doença precisa de um batalhão, e sei que a ele se junta o seu.
Um beijinho
Sou eu que vos agradeço a todos :)
ResponderEliminar... pela persistência em manter viva a democracia através do seu melhor testemunho: a expressão livre de um pensamento consciente, consistente e responsavelmente ousado como convém à Liberdade e ao esforço colectivo de construção de um mundo melhor para todos :)
Sinceramente, com um grande abraço amigo,
Ana Paula.