Hoje, sábado, dia 29 de Maio, a expressão do descontentamento social com o rumo das políticas económicas que caracterizam as democracias ocidentais sairá à rua, numa manifestação convocada pela CGTP para as 15h, em Lisboa... e porque o sentido das mensagens deve ser claro, será o Governo o protagonista desta campanha de luta que, um pouco por toda a Europa se faz e irá continuar a fazer sentir, sempre, naturalmente!, contra os respectivos Governos! Um dia virá em que todos os países da União Europeia, em simultâneo, farão manifestações contra as determinações económico-financeiras emanadas de Bruxelas, como forma de exigir que os Governos dos Estados-membros tomem medidas no sentido de reformar efectivamente o rumo político económico-financeiro da UE, dando indiscutível prioridade ao interesse das pessoas através da materialização de medidas concretas, eficazes e concertadas, de diminuição drástica do desemprego, de criação de postos de trabalho, de reforço dos aparelhos produtivos nacionais e de cumprimento pelo inalienável respeito que deve vincular os Estados à defesa dos direitos dos cidadãos. Entretanto, a propósito deste contexto de luta pelo direito das pessoas a condições de vida dignas, ouvi esta manhã, na RTP, ao convidado do comentário noticioso da semana, uma sugestão que, inaudita pelo seu extraordinário conteúdo que nos habituámos a integrar na categoria das "fantasias" e "utopias", é importante registar por se tratar de uma afirmação inequívoca e desinteressada do ponto de vista de quem, objectivamente, está apenas a pensar nas pessoas. O seu autor é o actor Ruy de Carvalho e a afirmação, em resposta à questão da solução para a crise, para o desemprego e para as contas públicas, foi a seguinte: "É preciso ir buscar o dinheiro onde ele está. Portanto, porque é que se não cobram aos bancos 50% dos seus lucros? Ainda ficariam muito ricos... esse dinheiro é de todos nós e temos, por isso, direito a dele também beneficiar!". Pois... a coragem e a lucidez da frontalidade do pensamento desinteressado tem o mérito de encontrar e apontar soluções que, mesmo à vista, são ignoradas porque o excesso de informação e de argumentos, como a árvore, perante alguns olhares, nos impede de ver a floresta. Um dia virá em que os povos exigirão, colectivamente, a coragem política aos governantes de todo o mundo, por sociedades mais justas que possam realmente preservar a vida humana e o planeta em que vivemos... porque, como está à vista na monstruosa maré negra resultante da recente e incontrolável explosão da plataforma petrolífera que está a matar a vida no oceano com consequências devastadoras, não poderemos continuar a proceder irracionalmente na exploração dos recursos naturais e humanos sob pena de, a troco de uma lógica capitalista, industrial e tecnológica, justificada pelo liberalismo e a globalização dos mercados, destruirmos esse magnífico património que é a própria existência humana tal como a conhecemos: enquadrada em sociedades que valorizam os direitos, a igualdade, a democracia e a liberdade.
(As imagens deste post publicadas inicialmente foram alteradas por uma questão de apresentação gráfica do texto)
Confesso que não gosto nem nunca gostei do Rui de Carvalho e, mais uma vez, o observo sem razão nenhuma. Tributar os lucros dos bancos em 50% para que se fosse buscar o dinheiro onde ele está! Mas que profunda iliteracia económica!
ResponderEliminarO que é que as pessoas julgam que são os bancos? Lembra-me as revoluções de antanho, que rebuscavam os cofres das empresas para se apoderarem do... capital social! LOL
Saiba o senhor actor Rui de Carvalho, e todos os que assim imaginam "resolver as crises", que os bancos são simples escritórios contabilidade de débito e crédito, que não têm dinheiro (quase) nenhum, que se limitam a circulá-lo de uns bolsos para os outros, especialmente de trabalhadores para trabalhadores.
Uma coisa diferente, sim, seria não tributar lucros de bancos mas a distribuição dos lucros aos accionistas, os rendimentos das transacções de bolsa, e as transferências de dinheiro de e para bancos nominais em praças "offshore" (i.e., isentas de impostos).
Agora, acirrar os ignorantes contra uma coisa tão abstracta, socializada e colectiva quanto o são os bancos é o mesmo de antigamente, ir "arrombar o cofre para arrecadar o capital social"!
Pois é... O resposta foi curta... daí o comentário! provavelmente, e não sou advogado de defesa de ninguém além de mim! o Rui de Carvalho resumiu de forma popular e em linguagem corrente o que o POVO pensa e fala...
ResponderEliminarAo contrário o 'vbm' fez-se servir dos seus conhecimentos (Consultoria) para expressar a forma tecnicamente correcta e justa de se tributar o sector financeiro... Ambas válidas e correctas na minha modesta opinião!
Um dia virá...
ResponderEliminar... e o sol brilhará para todos nós!
Hoje assino assim:
"Um crente na utopia"
(não percebi bem o comentário do vbm, mas nem sempre é necessário perceber os consultores para estarmos de acordo com eles, né?)
Caríssima amiga Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente a sua lúcida argumentação e a proposta humanizada de Ruy de Carvalho que nos enuncia.
As múltiplas crises globais, que vivemos, só podem ser superadas com uma mudança de paradigma político-ideológico das nossas sociedades. É necessário estabelecer hierarquias claras de prioridades para que se possa concretizar a Europa Social e dos Cidadãos e um mundo social e ecologicamente sustentável. Se a Europa e a Humanidade não mudarem de paradigma o abismo será cada vez maior com sociedades mais desumanas, menos qualidade de vida, mais conflitos sociais, mais problemas ambientais, etc..
Parece que os agentes públicos fazem uma fuga para a frente pensando nas perspectivas imediatas e descurando as visões estratégicas de longo prazo, nesta medida concordo com o pensamento de Henrique Medina Carreira.
Portanto, urge, como a Ana nos diz com muita pertinência, a manifestação de uma efectiva cidadania global que não nos torne marionetas de um esquema técnico manipulador das nossas sociedades ( em prol dos princípios "da igualdade, da democracia, dos direitos e da liberdade" que são fundadores de democracias autênticas).
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
Olá vbm :)
ResponderEliminar... compreendo e agradeço sinceramente as suas palavras... mas, se me permite!, faço minhas as palavras do Voz a 0 DB :)
Abraço.
Olá Voz a 0 DB :)
ResponderEliminarQue comentário me suscitam as suas palavras? ... pois bem... a resposta está no que escrevi acima dirigido ao vbm :)
Obrigado :)
Abraço :)
Claro, Rogério... claro!
ResponderEliminarFica o abraço de mais uma crente na utopia que só o é até à chegada desse dia em que se verá reflectida na realidade... são lentos os caminhos mas, como o disse o poeta, chega-se lá, caminhando :)
Um abraço.
Carissimo amigo Nuno Sotto Mayor Ferrão,
ResponderEliminarÉ uma honra poder aqui receber e partilhar as suas palavras que justa reflexão sempre nos merecem!
Obrigado, excelso amigo, pela firme e consistente defesa dos melhores valores democráticos e da Liberdade.
Receba, com elevadissima estima e consideração, o meu abraço amigo.