terça-feira, 18 de maio de 2010

Também por Federico, um dos desaparecidos...

"(...) O poeta é uma árvore

com frutos de tristeza

e com folhas murchas

de chorar o que ama.

O poeta é o médium

da Natureza

que explica sua grandeza

por meio de palavras.


O poeta compreende

todo o incompreensível

e as coisas que se odeiam

de amigas, as chama.

(...)

Poesia é o impossível

feito possível. Harpa

que tem em vez de cordas

corações e chamas. (...)"

(Federico Garcia Lorca - excertos do poema "Este é o Prólogo", trad. W.Agel de Melo)

O poeta e dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca é um dos desaparecidos da Guerra Civil de Espanha, depois de assassinado em Granada em 1936, na sequência do seu inequívoco apoio à República e da sua assumida orientação sexual homossexual. O seu corpo pode estar entre os restos mortais encontrados nas valas comuns que, entre outros meios de prova, fundamentam o esforço do Juiz Baltazar Garzón em investigar os crimes do franquismo, lançando um inquérito sobre as vítimas da ditadura. A iniciativa do juiz Baltazar Garzon dera resposta à exigência do Comité dos Direitos Humanos da ONU relativamente à abolição da lei da amnistia (aprovada dois anos depois da morte de Franco, para impedir a recuperação dos corpos das valas comuns por milhares de familiares das vítimas da guerra civil) mas, a interposição de recurso por 3 organizações de extrema-direita (entre as quais se conta a reconhecida "herdeira" do movimento franquista Falange), conseguiu que a Justiça espanhola suspendesse de funções o Juiz Garzón que tem recebido apoios das organizações, activistas e simpatizantes da luta pela defesa dos Direitos Humanos de todo o mundo! Pela não cumplicidade com a iniquidade, pela Justiça, pela Liberdade e pela Democracia, é justo o grito que, como uma senha, se agita nos dias que correm: NO PASARÁN!

10 comentários:

  1. ÚLTIMA POESIA?...

    Se eu não escrever mais nenhuma poesia
    Fica aqui uma última e derradeira homenagem,
    A todos os poetas do mundo na sua viagem…
    Pelas palavras autênticas que cada um escrevia!

    Depois sigo o meu caminho na noite estrelada
    Com a esperança enfim, de ter alguma calma!
    Já não estarei quando chegar a madrugada…
    Para onde será que vai descansar a alma?

    Talvez encontre o caminho dos poetas mortos
    Ou outro qualquer lugar onde me abrigar;
    Eu que no mar atraquei em tantos portos,
    Porque não hei-de mais uma vez navegar?

    Última poesia... será mesmo que vou escrever
    Neste poema toda a magia das frases escritas?
    Num golpe de génio deixar a escrita acontecer…
    Escrevendo assim quanto penses e sintas!!!

    Matias José

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  2. Eles tem razão para ter medo. É que Espanha não se cumpriu, e ainda hoje se mantém a última grande vontade do ditador, a monarquia. A qual capturou, após o roubo da república, para usofruto, devolvendo-a depois arbitrariamente, e em consequencia, atirando tanta gente para vala comum, entre os quais o vulto que tão dignamente evocou.

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  3. ...a todos os poetas e á sua visão caleidoscópia do mundo...o meu saravah!
    ...a todos que,...e tão bem sabem desfolhar o céu.
    com esperança!...aguardamos o (re)nascimento da rosa...

    pluramente saravah

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  4. Ao Poeta José Matias,
    Porque os poetas não podem calar a palavra com que se escreve o mundo, eu espero, sinceramente!, que esta não a última poesia :)
    Um grande abraço e um beijinho :)

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  5. Caro Fernando F.,
    Obrigado pelas suas tocantes e verdadeiras palavras.
    Receba, com toda a consideração, o meu abraço amigo.

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  6. Querida Amiga :)
    Saravah também para ti, Poeta do Pensar o Sentir e da Sábia Reflexão que, entre a inteligência e o tempo, renasce como evidência :)
    Plural, poética e sinceramente Saravah, minha Amiga :)

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  7. Ana Paula,
    por favor,fiquemos apenas com as palavras de Lorca.
    É o pior castigo que se pode dar aos seus algozes...
    Quanto ao resto, a memória dos crimes se encarregará dos criminosos. Um dia, cedo ou tarde, será feita justiça.

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  8. ¿Y Paracuellos del Jarama, qué?

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  9. Caro Anónimo,
    El olvido no fué intencionale... Gracias por su memoria!
    Saludos solidarios!

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