segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Leituras Cruzadas...

a) Nota Prévia - a propósito de "Leituras": Aquele Abraço ao Jugular pelo seu Aniversário! Votos de uma Vida Feliz e Longa!
b) Leituras Cruzadas:
Enquanto o país empobrece, apesar dos indicadores contrários e dos sinais que a própria Comissão Europeia vai emitindo ao reconhecer a existência de 79 milhões de cidadãos em situação de risco agravado e propondo 2010 como Ano Europeu Contra a Pobreza, vamos assistindo à imobilidade cívica dos media e dos sociológos que continuam sem vir a público explicar que os indicadores económicos não coincidem com a dinâmica da realidade social e que a redução do número de registos de situações carenciadas não implica a estagnação social do fenómeno mas, apenas, a diminuição de casos estruturais evidenciáveis nas estatísticas que mais não são do que referências que se perspectivam a si próprias como relativas e indiciadoras... entretanto, ao invés de procurarem ideias consensuais que possam funcionar como plataformas de viabilização para a estabilidade governativa, os partidos continuam fechados sobre si mesmos (apesar dos esforços de alguns de que foi exemplo a iniciativa que o Vidas Alternativas tem a gentileza de referir) , numa auto-representação isolacionista e auto-fágica que pode servir a muitos interesses mas não serve, efectiva e eficazmente, a população. Como constata Francisco Clamote no Terra dos Espantos, ficam políticos e meios de comunicação a fantasiar sobre as dificuldades que podem provocar uns aos outros ou em manobras de auto-promoção, diletantes e eufemisticas (leia-se o texto de Carlos Santos no Valor das Ideias), contestando apenas o que, nem sequer é contestável (vale a pena ler a referência ilustrativa no caso exposto por Raimundo Narciso no PuxaPalavra) ou relativizando o que valeria a pena esclarecer, nomeadamente pelo montante em que foi burlado o Estado português (leia-se o texto de Eduardo Graça no Absorto).
Entretanto, mesmo as boas notícias ficam na gaveta talvez para se não valorizar o bom trabalho que ainda vamos fazendo, apesar das contingências (leiam-se os textos de Luís Novaes Tito no A Regra do Jogo e de Pedro Azevedo Peres no Forum Palestina) e as que mais nos deviam envergonhar (de que podemos ler no SOS Racismo um índice sintomático) ficam esquecidas como se de fait-divers se tratasse... Crise da democracia, dos media, da sociedade, da cultura política?!... enquanto se procuram respostas vamos lendo para continuar a aprender, pensando e lavando a alma... por exemplo, a excelente sugestão de Rui Pena Pires no Canhoto ou a poesia de Rui Herbon no Absinto...

4 comentários:

  1. Ana Paula:
    Muito honrado pela "citação" que não mereço e que, por isso, mais razão tenho para agradecer.Abraço.

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  2. Francisco:
    Obrigado pelas suas palavras mas, aqui, a selecção faz-se por mérito :)
    Abraço.
    Ana Paula

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  3. Pela minha terra, tal como no país, também estamos sem maioria. O atraso que já temos irá continuar, tudo porque nunca se entendem sobre o que mais interessa à cidade.
    O afastamento dos cidadãos da política e dos políticos (analise-se os números da abstenção) são a prova de que existe uma forte descrença nos partidos. E enquanto os políticos não voltarem a ser "homens bons" como dizia Sócrates (o grego) a tendência só pode aumentar.
    Por cá, pela cidade que tanto amo, era urgente que aparecessem ideias de união com vista à sua melhoria, sem desavenças pessoais, e sem querelas antigas.
    Évora tal como o país, necessita de uma plataforma de entendimento certeira para sairmos da crise local, nacional e nos aproximarmos da Europa, que cada vez está mais distante.
    Como diz o meu pai, homem do povo de grande sabedoria, "não existe uma forma para fazer gente de esquerda ou de direita, uns nascem bons outros não"
    Eu apelo aos bons! Em nome do desenvolvimento de Portugal e consequentemente da minha cidade.

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  4. Tens toda a razão, minha amiga... as cidades precisam para a sua gestão de "homens bons", no melhor sentido do termo porque a organização da Polis não pode ficar apenas ao cuidado de "boas pessoas" que, apesar disso, não possuem competências para desbloquear problemas e construir os indispensáveis consensos, inerentes à organização política dos territórios... é urgente facilitar e apoiar, no concreto, a vida dos cidadãos... e isso passa por impostos locais mais acessíveis, condições de atractividade do investimento vocacionado para a criação de emprego, rentabilização de acessos e prioridade à mobilidade... passa, por isso, talvez, acima de tudo, pelo desenvolvimento de condições que cimentem o bem-estar com o prazer de habitar, circular e ocupar o tempo com as ofertas culturais que no seu espaço coexistam, conciliando cultura, entretenimento, qualidade e diversidade. Sabemos do que falamos, eu sei... as cidades precisam de olhar o presente, sem atavismos decorrentes do passado e com visão estratégica de futuro. Todos o sentimos... daí, talvez, ser tão difícil aos cidadãos aceitar e compreender as limitações políticas que, muitas vezes, demasiadas vezes!, são apenas e só as dos homens que se fecham nos seus nichos de poder e deixam as cidades fechar-se, deprimidas, sobre si próprias... Um grande, grande abraço e um beijinho :)

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