Terminou o grande ciclo eleitoral de 2009. No curto espaço de 5 meses, os portugueses foram chamados a votar por 3 vezes para eleger os seus representantes, primeiro no Parlamento Europeu, depois na Assembleia da República e no Governo e, finalmente, no poder autárquico ou seja, nas Assembleias e Câmaras Municipais e nas Assembleias e Juntas de Freguesia. Ao contrário do que seria expectável, os cidadãos responderam à chamada e a abstenção apresentou um comportamento interessante de que vale a pena destacar a sua maior incidência no acto eleitoral considerado mais distante ou seja, nas eleições europeias que, a abrir este ciclo de renovação do poder, foi utilizado também como oportunidade de penalização do partido de um Governo que atravessou tempos conturbados apesar dos resultados alcançados no seu principal objectivo: debelar o défice, não só pela prolongada campanha negra que, sem escrúpulos, foi dirigida contra o Primeiro-Ministro José Sócrates como pelos efeitos da maior crise económico-financeira internacional do último século. Reduzida a abstenção nas eleições legislativas e apesar da dispersão radicalizada dos argumentos partidários na campanha, foi vencedor o PS que, em maioria relativa, irá agora formar Governo e que, a considerar a expressão popular do voto, deverá governar à esquerda tanto mais que foi a esquerda a ganhar a representatividade parlamentar em cerca de 60%. Agora, contados os votos das eleições autárquicas, constatam-se 52 alterações partidárias na gestão autárquica ao nível das Câmaras Municipais, tendo sido reduzida de 49 para 7 a diferença do número de Municípios liderados pelos 2 maiores partidos, PS e PSD. O PS foi o grande vencedor deste ciclo eleitoral... porque nas eleições europeias, tendo ficado em 2º lugar, a diferença de votos não é, de facto, substantiva, designadamente, se pensarmos na motivação dos eleitores e na taxa de abstenção... porque, nas eleições legislativas, o PS ganhou sem equívocos e a sua votação reforçou o projecto ideológico-programático que lhe subjaz, aumentando a votação geral da esquerda... no que ao poder local respeita, volta a ganhar o PS com mais 20 Câmaras eleitas, o maior número de votos e uma extraordinária maioria absoluta em Lisboa com a candidatura UNIR LISBOA liderada por António Costa... Quem perdeu foi o PSD que, apesar da vitória das europeias, teve uma fraca votação nacional nas legislativas e perde 19 Câmaras Municipais... A CDU fica com um balanço de relativa estabilidade, com alguns resultados negativos compensados com o aumento do número de votos... o CDS tem um aumento acrescido nas eleições legislativas decorrente do descontentamento nacional da direita com o PSD... quanto ao BE registe-se que tem, talvez, os resultados mais interessantes destas eleições sem grandes alterações no Parlamento Europeu, com a duplicação do número de deputados eleitos nas legislativas mas, praticamente eliminado do panorama do poder local de tal modo que o seu balanço justifica a leitura de que a população utiliza este partido como espaço de protesto mas a ele não recorre como espaço de afirmação assertiva de um projecto político... Portugal está reconfigurado politicamente para os próximos 4 anos, com o rosto que o povo lhe quis dar para enfrentar o futuro. Vamos a isso!
(Este post foi também publicado no Público-Eleições 2009)
Cara Ana,
ResponderEliminarEm democracia o povo pronunciou-se. E, de facto, não pode passar em branco a vitória de António Costa pela Câmara Municipal de Lisboa (o PSD "estava" em coligação e nem assim – as primeiras declarações de Santana Lopes como quem se sente lesado pelas "sondagens" da comunicação social: eram desnecessárias)..Quanto ao que se passou em Coimbra, sinto algum desalento dada a vitória de Carlos Encarnação: "Por Coimbra" na coligação(PPD-PSD/CDS-PP/PPM). Acreditei na "candidatura" de Álvaro Maia Seco (candidato independente pelo Partido Socialista à Câmara Municipal)que com uma singular serenidade a par da boa formação, estaria disposto a reavivar Coimbra, não com 2 ou 3 picos centrais, mas com a harmonia de uma cidade que já foi capital da cultura..Enfim, em democracia é preciso aceitar a derrota menor. Porque, para todos os efeitos, o vencedor desta noite de eleições foi o PS. Grande Abraço.
De facto, Jeune Dame, haverá muita decepção sempre que assistimos aos resultados de escolhas... por isso, é, por um lado, tão difícil a democracia e, por outro lado, tão gratificante: é que, em democracia, as portas nunca se fecham!... olhando o país, verificamos que, cedo ou tarde, as populações optam por projectos revitalizadores... reeditando vitórias ou alterando os cenários políticos locais... mas, vale sempre a pena!... porque a Festa, Jeune Dame, a grande festa é e continuará a ser o sentido da luta, a persistência crítica e analítica e o exercício consistente da nossa cidadania. Um grande abraço :)
ResponderEliminarE não é preciso pôr mais na cartilha. É tal e qual.
ResponderEliminarUm abraço.
Yes We Can, T.Mike!
ResponderEliminarUm abraço :)