Tenho escrito pouco sobre a situação político-económica nacional por considerar que já tudo foi dito e que as perspectivas de futuro nos deixam poucas alternativas de actuação. Contudo, não posso deixar de registar que, se a democracia estivesse efectivamente enraizada na nossa sociedade, não só entre os cidadãos mas, nos próprios partidos políticos, teriamos seguramente muito mais condições para enfrentar e ultrapassar a crise que, contínua e progressivamente, bloqueia o desenvolvimento do país. A verdade é que, depois do encontro de fogo entre o Primeiro-Ministro José Sócrates e a Chanceler Angela Merkel (ler aqui) que todos agoiraram mas cujos resultados denotaram a quebra do cerrado ataque das economias-fortes da União Europeia a Portugal, o melhor trunfo que poderiamos apresentar, perante os mercados, as agências de rating, as políticas economicistas e os interesses financeiros do grande capital internacional, era a apresentação inequívoca de um compromisso político interno entre todos os partidos com representação parlamentar. A garantia de envolvimento e empenhamento comum no esforço nacional de recuperação económica, encontraria no compromisso inter-partidário (como foi recentemente referido por Jorge Sampaio e Rui Rio), o grande aliado contra os interesses que, do exterior, nos pressionam ao ponto de constantemente reduzirmos a nossa real capacidade de reorganização interna... Definir princípios orientadores de coesão social como ponto de partida (por exemplo: o aumento do nível de vida e do emprego, o investimento no aparelho produtivo, o planeamento económico e a regulação racional da política financeira) para um diálogo aberto e profícuo seria o sinal maior da maturidade democrática e o produto concreto do que os cidadãos esperam da democracia. A recusa deste tipo de soluções é uma (ir)responsabilidade social cujo preço a História não deixará de cobrar muito alto e a culpa da incapacidade de autonomização do país não deixará de ser, justamente!, imputada à ausência de sentido de Estado dos políticos contemporâneos.
SErá de facto a falta de sentido de Estado que impedirá o compromisso Nacional para o entendimento formal do PS com o PSD (com ou sem PSD). Quanto a outros sectores de esquerda, designadamente o PCP, não faz qualquer sentido falar-se nesses termos...
ResponderEliminarQuerida Ana Paula,
ResponderEliminarComo já se percebeu, falar em compromisso inter-partidário a determinados sectores como o PCP que se auto-legitimam pelo seu passado glorioso, mas que temem perder o controlo dos seus fieis face aos novos e complexos desafios que se colocam ao país na hora actual, é pior do que falar de toucinho a Maomé, o fundamentalismo é igual.
Beijinho
:)))
Caro Rogério,
ResponderEliminar... sim, tem razão... porém, talvez seja essa a atitude a rever... porque este tipo de argumentário não é, do meu ponto de vista, uma proposta que se esgote num qualquer eventual bloco central... pelo contrário!... porque a democracia faz-se de diálogo e da concertação possível que é viável por objectivos, sem descaracterização da identidade... afinal, com estas inflexibilidades ficamos todos, no curto, no médio e provavelmente no longo prazo, a perder.
Abraço.
Querida Ariel,
ResponderEliminarObrigado. Na verdade, a questão, tal como a apresenta é o cerne do problema: o medo do descontrole, a inflexibilidade e a pseudo-segurança que confere a unidade que se esgota na simples negação é uma atitude muito mais conformista e fácil do que o confronto com a diversidade e a construção de entendimentos... ficamos todos a perder... e o sentido democrático do interesse nacional e da defesa das populações mais comprometida... é pena!
... entretanto, obrigado também por me ter feito sorrir com gosto perante a expressão "falar de toucinho a Moisés" :)))
Beijinho :))
Areil :))
ResponderEliminar... corrijo o lapso e cito com rigor o que me fez sorrir por tão bem ilustrar a inflexibilidade das posturas: "falar de toucinho a Maomé" :)))
Beijinho :)